sábado, 19 de novembro de 2011

Países e Povos não são a mesma coisa

[Até 1965 morei em Luanda (Angola); de 1965 a 1967 no Porto (Portugal); de 1967 a 1972 em Brazzaville (República do Congo); em 1972, no dia 29 de março, aterrissei no aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro (Brasil); de dezembro de 1979 a setembro de 1981 estive baseado em Lisboa; foram 38 anos de Rio de Janeiro; agora, desde fevereiro de 2010, moro em Massamá/Queluz (Portugal)]

      

Sabe, SeS, não gosto de comparar países, muito menos povos, pois sei ao que levam as comparações: ufanismo e preconceito. E também faço questão de diferenciar o país do seu povo, quer dizer, coloco-o acima do povo, abstraído das características (do povo) que o possam denegrir. Isto é, posso pensar que determinado povo é, na grande maioria dos que o compõe, preguiçoso, mas isso não significa que o país/nação assim o seja. Por uma razão simples: basta um único, um só que seja, cidadão trabalhador, para que o país não seja conspurcado. E é a mesma coisa para os povos, não posso julgar generalizando um determinado povo por atitudes ou jeitos da maioria, mesmo que expressiva.
Quando escrevo sobre os povos dos meus países, faço-o internalizando o "geist” de cada uma dessas nacionalidades. Ou seja, escrevo sobre brasileiros como brasileiro, sobre angolanos como angolano, sobre portugueses como português. E como brasileiro repudio aquilo que julgo ser deplorável em alguns brasileiros, por exemplo, a falta de educação; como português me irrita aquilo que julgo ser uma característica de um outro português, por exemplo, a inveja. Não faço piadas, não debocho, não ridicularizo povos, muito menos países, óbvio. Critico políticas e políticos. Critico as opiniões de pessoas, Aponto, mesmo arriscando errar, características que me pareçam ser ruins, manipuladoras, denuncio-as. Como denuncio a má intenção quando a percebo.
Não como sardinhas assadas com cerveja, não bebo vinho tinto com manjubinhas no trailer do Posto 11 do Recreio dos Bandeirantes, não vou à praia daqui de sunga, não digo pica, aí, digo injeção, combato as constipações com um laxante, aqui, e aí com chá e vitamina C… peço gindungo em Angola, pimenta-malagueta aí, aqui uso Tabasco mesmo… Como não tenho carro ando de machimbombo, autocarro e ônibus… e para relaxar bebo uma “Cuca” com ginguba, ou uma “Primus” com cacahuètes, ou uma “Antarctica” com amendoins… não gosto da Skol, ela mente, desce quadrado, podes crer!
Também não gosto das simplificações tipo “Ah, em todos os países existem assaltos” ou, pior ainda, “em todos os países existem bons e maus”. Detesto. Porque está subjacente nessas sentenças a complacência, a desculpa. E, portanto, a luta morre ali, percebe?
Eu lá quero saber se nos outros países também existem maus. Me importam os maus do meu país. Me incomodam que tenham a mesma nacionalidade do que eu.
JP, 19-11-2011
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