Isabel Stilwell
A tendência para baptizar os
filhos com nomes invulgares, que de preferência façam manchete de jornais, está
a crescer a olhos vistos, seguindo a moda das celebridades, anuncia o Economist. Segundo os dados estatísticos
disponíveis, na viragem do século já mais de metade dos pais norte-americanos
davam às raparigas nomes que não constavam dos 200 mais populares, percentagem
que se cifrava nos 60% no caso dos rapazes. Mas isso era há dez anos, porque
desde ai a fúria criativa dos pais parece não conhecer limites, e desde bebés
apelidados de pontos de exclamação, maçã, sexo, apenas números, títulos
nobiliárquicos, “Paragem do autocarro
número 89”, como aconteceu na Nova Zelândia, o que não faltam são
excentricidades.
Contudo, talvez tenha sido o
caso dos irmãos Adolfo Hitler e Aryan Nation (Nação Ariana), retirados aos pais
pelo tribunal (que considerou o nome apenas um dos indicadores de que os
progenitores eram loucos), que abriu nos EUA a polémica de se o Estado deve ou
não proteger os filhos dos desvarios paternos, ou se a atribuição de um nome
próprio diz respeito apenas à família.
Segundo o Economist, Portugal é dos países mais ajuizados, existindo uma
lista dos nomes permitidos e proibidos, seguida de França e da Alemanha onde,
por exemplo, o nome tem necessariamente de indicar se a criança é um rapaz ou
uma rapariga. A Nova Zelândia decidiu agora pôr ordem nos seus registos, mas
nos EUA as possibillidades ainda são ilimitadas. Embora, em muitos estados,
nomeadamente a Calfórnia, não se permitam acentos, o que significa que alguém
pode chamar a um filho Palerma, mas nunca José, mesmo que a criança tenha pais
latinos.
Até que ponto é que um nome
pode condicionar o futuro de uma criança, é a grande questão, e a quem ainda
ninguém deu resposta. No Reino Unido uma empresa que se encarrega de mudar
nomes próprios diz que em 2011, tratou de 60 mil casos, enquanto há dez anos
não passaram dos cinco mil. Mas, como diz o Economist, enquanto uns pagaram
para lhes tirarem o ridículo de cima, outros estão dispostos a desembolsar 60
euros para se cobrirem dele.
Texto: Isabel
Stilwell, Destak, 16-01-2012
Título: JP
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