Carlos Lúcio Gontijo
Recebemos centenas de e-mails diariamente propagando-nos uma ira desmedida contra tudo e contra todos, jogando as opiniões na vala rasa da partidarização. Ou seja, tudo se resume no posicionamento favorável ou desfavorável ao governo, enquanto temos uma realidade pouco focada pelos articulistas, que é o fato de a gente brasileira, independentemente de atos burocráticos governamentais, estar seguindo em frente, tanto assim que há um sem número de negócios informais que não se deixa atrair pelas propostas de legalização feitas pelo governo, uma vez que tem absoluta certeza de que será beneficiado com uma mão e castigado com a outra, como sempre costuma acontecer com toda e qualquer administração pública, onde a sanha arrecadatória acompanha os crescentes gastos da voraz máquina gestora.
Recebemos centenas de e-mails diariamente propagando-nos uma ira desmedida contra tudo e contra todos, jogando as opiniões na vala rasa da partidarização. Ou seja, tudo se resume no posicionamento favorável ou desfavorável ao governo, enquanto temos uma realidade pouco focada pelos articulistas, que é o fato de a gente brasileira, independentemente de atos burocráticos governamentais, estar seguindo em frente, tanto assim que há um sem número de negócios informais que não se deixa atrair pelas propostas de legalização feitas pelo governo, uma vez que tem absoluta certeza de que será beneficiado com uma mão e castigado com a outra, como sempre costuma acontecer com toda e qualquer administração pública, onde a sanha arrecadatória acompanha os crescentes gastos da voraz máquina gestora.
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Tatuapé, São Paulo, foto: Rafael Gorski, 09 de julho de 2008, Flickr |
Pelos botecos da vida ouço frequentes demonstrações de algum avanço na mobilidade social. São operários, pedreiros e faxineiras que vão de moto ou carro próprio para o trabalho, que são donos das casas em que moram, têm filhos cursando ensino profissionalizante, técnico ou até faculdade. Já andam de avião, provando que o medo de voar era, na maioria das vezes, desculpa de quem não contava com recurso disponível para arcar com o alto preço da passagem aérea.
Há violência a ser combatida, muita desigualdade social, a esperada implantação de uma educação democratizada de mais qualidade e muitos problemas no atendimento médico-hospitalar público, mas não é só isso. Nem tanto ao mar nem tanto ao céu, nos ensina velho adágio popular. O tempo cuidou de fortificar a ideia de que, ao contrário do que proclamava a filosofia neoliberal – um dia prazerosamente acolhida pela elite dirigente brasileira –, não há como o Estado deixar de se prover de instrumentos capazes de proteger as camadas mais pobres da população, estacionadas na chamada linha de miséria constatado em todas as nações, mesmo nas apontadas como desenvolvidas. Talvez como subproduto derivado do próprio funcionamento da engrenagem capitalista que, por ser movida a competição, termina por descartar os cidadãos menos competitivos, geralmente os desprovidos de grau de educação compatível com as exigências de uma produção baseada em estrutura altamente informatizada.
Há violência a ser combatida, muita desigualdade social, a esperada implantação de uma educação democratizada de mais qualidade e muitos problemas no atendimento médico-hospitalar público, mas não é só isso. Nem tanto ao mar nem tanto ao céu, nos ensina velho adágio popular. O tempo cuidou de fortificar a ideia de que, ao contrário do que proclamava a filosofia neoliberal – um dia prazerosamente acolhida pela elite dirigente brasileira –, não há como o Estado deixar de se prover de instrumentos capazes de proteger as camadas mais pobres da população, estacionadas na chamada linha de miséria constatado em todas as nações, mesmo nas apontadas como desenvolvidas. Talvez como subproduto derivado do próprio funcionamento da engrenagem capitalista que, por ser movida a competição, termina por descartar os cidadãos menos competitivos, geralmente os desprovidos de grau de educação compatível com as exigências de uma produção baseada em estrutura altamente informatizada.
Assistimos com preocupação a visão atávica da sociedade brasileira no tocante aos escândalos em torno do mau uso do dinheiro público, que é muitas vezes consumido em casos escabrosos de corrupção, em que mesmo quando os protagonistas do escândalo são descobertos acabam levando vantagem, pois raramente a totalidade do dinheiro surrupiado retorna aos cofres públicos. Ou seja, faltam leis mais severas e que desfaçam o sentimento de que o crime compensa.
Por fim, recomendamos aos que se entregam amorfos às telas de tevê ou às páginas das revistas semanais a atitude de sair às ruas e manter contato com a realidade promissora de um Brasil que está acima do imbróglio político-partidário e da luta ferrenha por cargos, recursos e verbas, que é travada no ambiente refrigerado em que vivem as elites dirigentes, que turvam as águas para fingir profundidade e que disseminam o mais completo caos, cientes de que a balbúrdia é o melhor pano de fundo para tramar seus desmandos e falcatruas, constantemente anunciados como tempo novo, mas para os mesmos de sempre, que se sentem donos até dos horizontes e do sol nosso de cada dia.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista, 05-02-2012
Edição: JP
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