Francisco Vianna
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Frentista conta dinheiro em posto central de Caracas |
Imaginem só: o quinto maior
país exportador de petróleo do mundo, a Venezuela, enfrenta problemas agudos de
falta de gasolina provocada por uma intensa deterioração do seu sistema estatal
de refino, bem como pelas enormes quantidades do combustível que são contrabandeados
para fora do país.
Tamanho caos administrativo é
ainda agravado pelas remessas políticas de gasolina para Cuba a preços
“simbólicos” que, geram como resultado o fato da ‘república bolivariana’ ter
passado hoje de país exportador para importador de gasolina sob o mandato do
tiranete Hugo Chávez, cujo desgoverno agora se vê obrigado a importar gasolina
do “império” americano, não apenas para suprir o consumo interno, como também
para que a estatal PDVSA (Petróleos de Venezuela, S.A.) possa cumprir com os
compromissos contratuais feitos com seus clientes.
Segundo os especialistas, o
racionamento do combustível no país pelo governo é iminente, em face da sua
incapacidade de sustar o contrabando e de aumentar sua capacidade de refino de
petróleo. De certa forma, esse racionamento já começou através de uma
regulamentação governamental que obriga os donos de automóveis de estados
fronteiriços a colocar um chip em seus veículos que mede a quantidade de
combustível com que abastecem seus tanques. Tal medida gerou grandes protestos
no estado de Zulia, e veio acompanhada de outra norma que limita a compra de
gasolina a apenas 41 litros (10,83 galões) para cada dois dias, numa tentativa
de controlar o maciço contrabando de gasolina para a Colômbia. Acreditam que a
medida só não é mais drástica porque o país está num ano eleitoral e as
perspectivas de Chávez nas eleições de novembro não parecem mais tão
tranquilas.
Tudo leva a crer que, sob o
pretexto de combate ao contrabando – que decididamente não se resolve dessa
maneira – o futuro próximo do abastecimento de gasolina no país deverá piorar
de forma crescente e que as normas de racionamento, hoje aplicáveis apenas para
alguns estados, deva se agravar e se generalizar, uma vez que todo o sistema de
refino e distribuição está deficitário em todo o país.
Em função do “socialismo do
século XXI” – também chamado de bolivarianismo – o país não pode contar com
investimentos privados no setor, em face da fuga de capitais do país nos
últimos cinco anos. A queda abrupta da capacidade de produção de combustíveis
do país limita qualquer aumento da indústria automotiva venezuelana que já vem
em ritmo de demissão há cerca dois anos.
A insuficiente capacidade de
refino da PDVSA parece ser um paradoxo para um país, que se jacta ter uma das
maiores reservas petrolíferas do mundo (cerca de 316 bilhões de barris), e que
há pelo menos dez anos exporta petróleo cru e gasolina para outros países,
inclusive os EUA.
Em 2011, segundo números do
próprio governo de Caracas, o país importou um milhão de barris de gasolina
pronta apenas no mês de dezembro, volume que, abatido do total de compras de
petróleo cru e derivado feito pelos EUA, corresponde a um total de 2,21 milhões
de barris.
Por má administração e
malversação dos recursos financeiros, típicos dos sistemas socialistas, a
capacidade de refino da Venezuela foi se desmantelando ao longo dos últimos dez
anos, agravada com a venda de refinarias que a estatal operava no exterior.
Para piorar a situação, a
Venezuela não construiu uma única refinaria desde que Chávez assumiu o poder,
apesar das promessas políticas de construir “dezenas delas”, dentro e fora do
país. Dessas promessas, só uma parece estar se concretizando, por enquanto: a
que fez aos irmãos Castro de construir uma refinaria em Matanzas, Cuba.
Por outro lado, o
abastecimento nacional de combustível está também sendo afetado com o intenso
contrabando de gasolina para os países vizinhos, onde impera uma gigantesca
corrupção. Tais operações são extremamente lucrativas graças aos enormes
subsídios que o governo de Caracas dá ao consumo de gasolina na Venezuela, onde
um galão (quase 3,6 litros) pode ser comprado com 12 centavos de dólar, ou
seja, 25 centavos de real, ao passo que na cidade de Cúcuta, na Colômbia, e do
outro lado da fronteira, o galão sai por 1,30 dólares. É, pois, um hábito, as
pessoas encherem o tanque na Venezuela, cruzarem a fronteira e esvaziá-los nos
postos de combustíveis por quase sessenta vezes mais.
Diariamente, caminhões tanques
abarrotados de gasolina cruzam a fronteira do Brasil, da Colômbia e da Guiana
com a cumplicidade adquirida por meio de propinas das autoridades encarregadas
de coibir esse tipo de contrabando. Trata-se de uma atividade que envolve
alguns bilhões de dólares que sangram o erário venezuelano.
Título, Imagem e Texto:
Francisco Vianna, 24-8-2012
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