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Foto: António Pedro Santos |
Adolfo Mesquita Nunes
Os cinco erros apontados pelo
PS são, afinal, cinco provas de que os socialistas continuam a não perceber as
consequências de tanto bem-intencionado socialismo
Esta semana, o PS apresentou
aqueles que considera ser os cinco erros crassos do governo, no que constituiu
um bom espelho da incapacidade socialista para apreender a crise que
atravessamos e oferecer uma política alternativa.
O primeiro erro apresentado
consiste na ausência de políticas de promoção e manutenção do emprego. É claro
que, de seguida, os socialistas não esclarecem quais são as políticas que
deveriam ser prosseguidas. O que só quer dizer uma de duas: ou os socialistas
não têm política de emprego ou continuam a considerar que o emprego se cria por
decreto. Qualquer uma das hipóteses é má e de ambas conhecemos os resultados.
Quinze anos de socialismo deram no que deram e não há sinal dos prometidos 150
mil postos de trabalho.
O segundo erro apontado é a
recusa do governo em apostar no crescimento como alavanca de combate ao
desemprego. É claro que, também aqui, os socialistas não explicam de onde vem o
crescimento ou como podemos fazê-lo surgir. O que só quer dizer uma de duas:
ou os socialistas não têm políticas de crescimento ou continuam a considerar
que o crescimento depende de muita força de vontade e muita palavra amiga.
Qualquer uma das hipóteses foi testada durante os seus governos e, ao que se
sabe, o crescimento foi menos que medíocre (o segundo pior de toda a OCDE).
O terceiro erro identificado é
a defesa ideológica da austeridade. Não vale a pena dizer que a austeridade não
é uma política, é uma consequência do desvario despesista do passado. E claro
que os socialistas se escusam a explicar que despesas cortariam, e que receitas
arrecadariam, para cumprir com as obrigações assumidas, pelo seu próprio punho,
pelo Estado português.
O que, neste caso, só quer
dizer uma coisa: os socialistas continuam a acreditar que o excesso de despesa,
que o excesso de endividamento e que o excesso de intervenção estatal não
constituem qualquer problema. Para os socialistas, a ressaca cura-se se nunca
pararmos de beber, o que é sempre bom de saber num momento em que nos
confrontamos com dificuldades orçamentais (continuar a gastar parece ser o lema
socialista).
O penúltimo erro é a
destruição da qualidade dos serviços públicos. É curioso que, nas mãos
socialistas, qualquer política de reorganização (um exemplo: o fecho de
maternidades pelo país) é uma boa política apostada na necessidade de preservar
os serviços essenciais, ao passo que, nas mãos deste governo, políticas com o
mesmo objectivo são diabolizadas…
E, por fim, o mais delicioso
dos erros apontados, o seguidismo da política da senhora Merkel. Suponho que a
senhora Merkel a que se referem seja a mesma que os socialistas, por alturas do
PEC IV, asseveravam apoiar as políticas lá contidas, e que os socialistas, por
alturas do descalabro da sua gestão da crise, tanto citavam para demonstrar a
bondade das suas políticas.
O que perturba, afinal, os
socialistas? Que a senhora Merkel já não apareça a sancionar as suas políticas
ou que a nova Europa de Hollande, trazida e prometida e chorada pelos
socialistas, se traduza, ao fim e ao cabo, na manutenção de uma política de
básicos pressupostos: não é possível continuar a alimentar políticas assentes
no excesso de despesa e endividamento?
Os cinco erros apontados pelo
PS são, afinal de contas, cinco provas de que os socialistas continuam a não
perceber as consequências de tanto bem-intencionado socialismo. E é bom ter
isto bem presente na hora de analisar a execução orçamental: é que aqueles que
em nada querem cortar e em nada querem mexer não só pouco têm contribuído para
o seu sucesso como igualmente pouco parecem estar apostados na superação da
crise que atravessamos.
Título e Texto: Adolfo
Mesquita Nunes, Jurista e deputado do CDS, jornal “i”,
24-8-2012
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