O artigo é de Saul Leblon, no
Portal “Carta Maior”. Aos paulistanos, aqueles que não se reconhecem no PT, nem
nas suas práticas, recomendo a leitura atenta. E os comentários que se lhe
seguem também.
Nenhum candidato com rejeição
em torno de 40% consegue prosperar numa disputa política e chegar ao 2º turno.
Esse consenso entre
pesquisadores soa agora à candidatura municipal do PSDB em São Paulo como o
prognóstico de um percurso ao cadafalso, não às urnas.
Vive-se na capital paulista um
fenômeno de esgotamento histórico que assume contornos de nitidez vertiginosa,
dificilmente reversível: a rejeição esférica, espontânea, ascendente e
incontrolável de uma cidade a um político e ao que ele representa, seus métodos
e metas.
Já não se trata apenas de
rejeição, mas de um sentimento epidêmico que a palavra ojeriza descreve melhor
e a expressão 'fim de um ciclo' coroa de forma objetiva.
A rejeição a José Serra em seu
berço político, e principal casamata do PSDB no país, é o aspecto mais
significativo da atual disputa. Sobretudo porque cercado de uma 'coincidência'
cuidadosamente programada, o julgamento do STF, que deveria impulsionar as
coisas no sentido inverso. Se é que teve influência, foi no sentido oposto.
De 30% em meados de junho,a
repulsa a Serra saltou para 38% em agosto e explodiu na pesquisa divulgada pelo
Datafolha nesta 4ª feira, batendo em massacrantes 43%.
A sangria sugere que se trata
de sentimento espraiado, que contagia segmentos sitiados além dos bolsões
progressistas, atingindo núcleos da própria classe média, mais ou menos
conservadora, tradicionalmente tributária do vertedouro tucano.
A contrapartida nas sondagens
de intenções de votos parece confirmar essa observação. E o faz cristalizando
tendências talvez só reversíveis por um acontecimento de proporções diluvianas.
Para desespero do dispositivo
midiático conservador, o julgamento do chamado 'mensalão', embora tangido pelo
jornalismo 'isento' --e fiel ao script condenatório que singulariza o caixa 2
de campanha petista, aliviado no caso precedente do PSDB mineiro-- dificilmente
terá esse efeito.
Nessa São Paulo que surpreende
seus 'formadores de opinião' , Russomano lidera as intenções de votos com 31%
(tinha 26% em junho); Serra, afundou para 22% (contra 31% em junho) e, como
previsto, Haddad ao sair do anonimato graças ao horário eleitoral, saltou de 7%
em junho para 14% agora. Dobrou as intenções de votos com uma semana na TV.
A agressividade estridente da
campanha tucana está explicada.
O som da marcha fúnebre
previsto para ensurdecer o governo, o PT, suas lideranças, candidatos e eleitores,
a partir da melodia das condenações emitidas no STF, eleva-se de fato em altos
decibéis, mas em outro ambiente. No entorno irrespirável de uma campanha e de
um político já derrotado nacionalmente em 2002 e 2010, mas agora execrado em
seu próprio berço.
Título, Imagem e Texto: Saul Leblon
Quanto ao último parágrafo:
quantas vezes Lula foi “derrotado nacionalmente” antes de acampar em Brasília?
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