sábado, 25 de agosto de 2012

A Grande Fome na China de Mao (vídeo)

Maria João Marques
 
Como, para mim, denunciar os crimes do comunismo é sempre uma actividade meritória e prazenteira, aqui vos deixo uma sugestão de leitura: Mao's Great Famine de Frank Dikotter. Quase acabado de sair das maquinetas onde se imprimem os livros, faz uso de muitas fontes originais, sobretudo guardadas nas sedes partidárias provinciais (as centrais estão ainda vedadas a olhos curiosos), para nos dar um retrato já muito aprofundado desse movimento de radical colectivização da agricultura (sempre um grande desígnio comunista) chamado Grande Salto em Frente que inevitavelmente (e como sucede com todos os movimentos de colectivização da agricultura) matou de fome, pelo menos, 45 milhões de chineses (números de Dikotter). 
Apesar do tema pesado, o livro está bem escrito e permite uma leitura fluída. E, sendo um livro de História de um académico reconhecido, é também uma viagem ao absurdo e não se consegue ler sem esboçar uns tantos sorrisos de incredulidade. A adopção de métodos agrícolas não científicos mas ideológicos (porque as adoptadas pelos camponeses e testadas pelo tempo eram métodos direitistas indignos de um país socialista) que levaram a uma quebra na produção agrícola. As fundições nas traseiras que permitiriam que a China produzisse mais aço do que a Grã-Bretanha em quinze anos (e, depois, em três ou quatro), que consumiu todos os produtos metálicos das zonas rurais, incluindo as ferramentas agrícolas (ooops), desviou milhões de camponeses dos trabalhos nos campos para as fundições e que terminou com quebra abrupta na produção agrícola e produziu toneladas de aço de má qualidade não usável. As colossais obras de irrigação feitas à pressa e em locais errados que findaram abandonadas ou com efeitos contrários aos inicialmente planeados, com destaque para a barragem que iria tirar o lodo ao Rio Amarelo mas levou a que o lodo duplicasse. Um regime comunista a usar os camponeses como trabalho escravo (sem comida, sem horas de descanso, sem acomodações adequadas ao clima, sem cuidados médicos, com espancamentos, com humilhações públicas…) nas obras de irrigação, nas comunas agrícolas ou nas fundições matando, por esta via, milhões de camponeses.

Imagem: Wang Bing
As sucessivas rondas de purgas, que puniram sobretudo os quadros do PCC (Partido Comunista Chinês) que tentaram proteger as populações dos efeitos das políticas do Grande Salto em Frente e aqueles que denunciaram a existência de fome generalizada quando o topo do PCC considerava a situação excelente e as mortes ocorridas ‘uma lição com valor’, destacando-se o purgado ministro da defesa Peng Dehuai (que morreria, ainda como castigo por ter falado verdade em 1959, durante a revolução cultural). A protecção da imagem internacional da China, doando toneladas de alimentos a países como a Albânia enquanto nos campos a fome matava a eito. As sempre “sábias” citações de Mao, ora questionando-se sobre que destino daria aos excedentes que o GSF produziria, ora exortando os camponeses chineses (famintos) a tornarem-se vegetarianos para que se pudesse exportar a carne chinesa, ora afirmando que mais valia que metade da população morresse para que a outra metade tivesse a sua porção de comida. Os elaborados esquemas que levaram à criação de um complexo mercado de sucessivas trocas directas, etc., etc., etc.. E, claro, as mortes. Está tudo no livro de Dikotter, que recomendo vivamente.
Título e Texto: Maria João Marques, O Insurgente 

Mao’s Great Famine
“Between 1958 and 1962, China lived through tragedy on an epic scale. The “Great Leap Forward” – conceived by Mao so that China could drive industrial output ahead of Great Britain and achieve autonomy from the might of the neighbouring USSR – led to a catastrophic famine resulting in the death of between 36 and 55 million people.
“Three years of natural disasters”: it is in these terms that the Chinese Communist Party today justifies this terrible outcome. But the tragedy was masked by an official lie, because while China was starving to death, the grain stores were full.
Based on previously unheard testimony by survivors, rare archive footage, secret documents and interviews with the leading historians on this catastrophe, this film provides, for the first time, an insight into the folly of the “Great Leap Forward”. It examines the mechanisms and political decisions that led to famine, stripping away the incredible secrecy surrounding the campaign, and exposing the lie which continues even today as to who was responsible, and the true human cost.”

Vídeo: docoman86

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