Carlos Lúcio Gontijo
A grande mídia brasileira se
recusa a apresentar o Brasil real aos brasileiros e até mesmo a cobrir com
eficiência os assuntos que interessam mais de perto aos cidadãos, como é o caso
da possibilidade de queda do fator previdenciário gestado nos anos de governo
do presidente Fernando Henrique Cardoso e que perdurou durante toda a
administração do presidente Lula, apesar de ele ter o alicerce de sua carreira
política fincado na defesa dos trabalhadores. Dizem que o fim do draconiano
mecanismo que incide sobre a aposentadoria pode ocorrer até meados do mês de
setembro, mas a questão anda fora da pauta dos jornais, que preferem cuidar de
seus interesses político-partidários e comerciais, marcados por uma explícita
seletividade das denúncias a ser estampadas em suas páginas, onde contra
determinadas figuras tudo é permitido, inclusive o tratamento desrespeitoso.
Estivemos durante duas semanas
em viagem pelo Estado do Piauí, passando pela encalorada e progressista
Teresina, para visitar o amigo Magnus Martins Pinheiro, jornalista e professor
universitário, e aproveitar para lançar o romance “Quando a vez é do mar”, que
contou com a presença de muitos professores da Universidade Federal do Piauí e
pessoas ilustres da sociedade, a exemplo da professora Amenália, uma das
lideranças da Comunidade Paroquial da Catedral de São Raimundo Nonato, cidade
que fica a mais de 500 quilômetros da capital piauiense, à qual repassamos tudo
o que foi arrecadado no transcorrer do lançamento, além de deixar exemplares
que serão vendidos em benefício da construção de uma creche
(www.diocesedesaoraimundononato.com.br), durante a realização dos festejos
comemorativos dos 100 anos do município, no próximo dia 31 de agosto deste ano
de 2012.
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Teresina, foto: Jorge Andrade, 20-12-2008 |
Depois disso, eu e Nina fomos
até Floriano, a 220 quilômetros de Teresina, onde fomos visitar Tia Otacília
(98 anos), irmã da falecida mãe Betty, e alguns primos e primas. Ali estivemos
com o padre franciscano Frei Vicente Cardone, um benfeitor italiano venerado
pelos florianenses, que encheu nosso romance “Quando a vez é do mar” de elogios
e bênçãos, e aproveitamos para conhecer uma nova fronteira agrícola instalada
nos arredores do município de Uruçuí, onde pudemos observar uma impressionante
extensão de terras produzindo elevada quantidade de soja, milho, algodão etc.
Toda essa visão somada ao contato com jovens universitários interessados em
literatura e postando, espontaneamente, em seus facebooks o endereço de nosso
site nos encheu de esperança, anulando a conversa que ouvimos em banheiro
masculino no aeroporto de Brasília, onde dois senhores “engravatados”
comentavam sobre o grande fluxo de pessoas: “Está insuportável andar de avião;
os aeroportos estão cheios demais”. – “O governo deveria obrigar as empresas
aumentarem o preço e, assim, tudo voltaria ao normal”, emendou o outro.
Fiquei contrariado com a
desabrida postura elitista demonstrada em público, uma vez que havia muita
gente naquele sanitário, com alguns aguardando na fila, mas nos esforçamos para
não cair na risada ao silenciosamente pensar: “Estou mesmo em processo de
envelhecimento; sou de um tempo em que pobre ia ao aeroporto apenas para ver
avião de perto. Hoje, ele entra na aeronave!”
Título e Texto: Carlos Lúcio
Gontijo, Poeta, escritor e jornalista
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