sexta-feira, 4 de julho de 2014

A escolha de Sofia

José Manuel

 
A vida é assim mesmo, ou nós fazemos ou terá que haver alguém que as faça. No caso da bebê Sofia, seus pais a fizeram dentro de uma cidadania exercida e com todo o custo emocional que isso poderia acarretar tanto à pequena, como à família como um todo.

Para quem não está a par da breve história da Sofia, ela nasceu com síndrome de Berdon, uma doença rara que provoca problemas no intestino, bexiga e estômago.
No Brasil, a cirurgia é feita pelo SUS de maneira ainda experimental, e por isso a família optou por realizar a operação nos EUA, onde ela é feita há mais tempo.

Aí começaram os problemas da pequena Sofia com o governo federal "destepaiz", que "paga" tudo a todos os seus protegidos, mas que se negou a financiar a viagem e a cirurgia.
Porém, não foi à toa que esta criança veio ao mundo com uma síndrome tão rara, e nos está provando através dos seus pais que quando uma cidadania é exercida corretamente, tudo se torna possível, os céus se abrem e as luzes se acendem na vida de todos.

Ao não aceitar o uso de sua filha como cobaia em cirurgias "experimentais" aqui no Brasil, tiveram a ombridade, a responsabilidade civil e familiar de querer para a menina, o que de melhor poderia ser para ela.
E assim foi feito, porque a Sofia já está nos EUA, mais precisamente no Jackson Memorial em Miami, com cirurgia marcada após os exames de rotina e a um custo de R$ 2,4 milhões, já depositado em conta do hospital, pela União que foi obrigada pela justiça a pagar não só o tratamento, como qualquer outro gasto que surgir.

Onde é que nós, do fundo de pensão AERUS, nos encaixamos?
Primeiro, nós não somos bebês e tampouco necessitamos de que alguém o faça por nós.
Segundo, que sentar para conversar com as associações de classe e também responsáveis no processo, não só nos fará tomar o rumo da cidadania, como nos fará conhecer finalmente os responsáveis, porque eles existem, deste atraso e destes recursos abomináveis sob a ótica humana, a que estão nos submetendo. Os pais de Sofia o fizeram, e vejam como agiram.

O advogado Miguel Navarro conquistou o reconhecimento de tais direitos na Justiça, junto ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3). Houve resistência da União em cumpri-los, o que levou o advogado, por meio de liminar, pedir a prisão do ministro da Saúde, Arthur Chioro, sob a acusação de prevaricação e desobediência à ordem liminar expedida pelo Tribunal Regional Federal (TRF). Após o pedido de prisão, o Ministério da Saúde anunciou o custeio do tratamento e depositou em conta judicial a quantia de R$ 2,2 milhões.
(fonte: jornal Cruzeiro do Sul, Sorocaba)

Belo exemplo estão nos dando, ainda mais se pensarmos que os pais da Sofia entraram numa rota de colisão com o governo e, nós já saímos felizmente dessa rota turbulenta ao sairmos com uma vitória monumental que aguarda apenas o acórdão da justiça.
É aqui que temos que correr atrás e fazer com que a Civil Pública e a Terceira Fonte também tenham julgados os recursos a elas impostos.
Seja via CNJ (Conselho Nacional de Justiça), seja com agenda pessoal com os desembargadores, nós temos que mostrar o estatuto do idoso e que não vamos sossegar enquanto esses recursos não forem julgados o mais rápido possível.

Caso nem uma nem outra atitude resolva, ainda temos a opção da via de confronto, pacífico, mas os corredores dos palácios de justiça nos aguardam.
Após o término deste evento claramente eleitoreiro que nos assola neste momento, vamos ter que exercitar de vez a nossa cidadania.
Ficarmos placidamente em casa aguardando o que não vem e reclamando da vida, dos candidatos, dos políticos, dos seus erros ou de uma vez por todas fazermos as nossas escolhas.
Título e Texto: José Manuel, ex- tripulante Varig, 04-07-2014

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