domingo, 17 de agosto de 2014

Onde fica a Embaixada da Letónia?

Alberto Gonçalves
Enquanto no Iraque jihadistas (psicopatas em português) de um grupelho "dissidente" da Al-Qaeda decapitam centenas de civis curdos, meio Ocidente continua a manifestar-se contra Israel. Se parece idiota é porque é idiota. No entanto, qualquer um - até os idiotas - é livre de exibir as suas preferências, incluindo em matéria de conflitos e genocídios. Eu, por exemplo, decidi que daqui em diante só me indignarei com os crimes, as malfeitorias e os desaforos cometidos pelo Governo letão. Não tenho de argumentar nem de avançar com razões, sólidas ou gasosas: simplesmente ganhei cisma à Letónia e pronto.

A mutilação de meninas na Serra Leoa? Não quero saber: a minha preocupação vai para a discriminação da comunidade letã de língua russa. O esclavagismo de castas na Mauritânia? Não me interessa, já que na Letónia existem abusos verbais contra os homossexuais. O despotismo dos militares no poder na Birmânia? Deve ser chato, embora o meu coração esteja inteiramente reservado às vítimas de humilhação no sistema prisional da Letónia. A fome na Coreia do Norte? Desculpem lá, mas importa exclusivamente a larica dos letões, sobretudo os que ainda não almoçaram às duas da tarde. Os presos políticos em Cuba? Coitados, se bem que ando ocupado com a violência doméstica entre meia dúzia de casais letões.

Apenas o regime da Letónia me ofende, apenas os oprimidos na Letónia me fazem sair à rua, equipado com cartazes furiosos e vestuário regional. Por enquanto, é uma luta que travo sozinho. Amanhã, seremos inúmeros. Ou, com sorte, dois ou três.
Título e Texto: Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 17-08-2014

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