Enquanto no Iraque jihadistas
(psicopatas em português) de um grupelho "dissidente" da Al-Qaeda
decapitam centenas de civis curdos, meio Ocidente continua a manifestar-se
contra Israel. Se parece idiota é porque é idiota. No entanto, qualquer um -
até os idiotas - é livre de exibir as suas preferências, incluindo em matéria
de conflitos e genocídios. Eu, por exemplo, decidi que daqui em diante só me
indignarei com os crimes, as malfeitorias e os desaforos cometidos pelo Governo
letão. Não tenho de argumentar nem de avançar com razões, sólidas ou gasosas:
simplesmente ganhei cisma à Letónia e pronto.
A mutilação de meninas na
Serra Leoa? Não quero saber: a minha preocupação vai para a discriminação da
comunidade letã de língua russa. O esclavagismo de castas na Mauritânia? Não me
interessa, já que na Letónia existem abusos verbais contra os homossexuais. O
despotismo dos militares no poder na Birmânia? Deve ser chato, embora o meu
coração esteja inteiramente reservado às vítimas de humilhação no sistema
prisional da Letónia. A fome na Coreia do Norte? Desculpem lá, mas importa
exclusivamente a larica dos letões, sobretudo os que ainda não almoçaram às
duas da tarde. Os presos políticos em Cuba? Coitados, se bem que ando ocupado com
a violência doméstica entre meia dúzia de casais letões.
Apenas o regime da Letónia me
ofende, apenas os oprimidos na Letónia me fazem sair à rua, equipado com
cartazes furiosos e vestuário regional. Por enquanto, é uma luta que travo
sozinho. Amanhã, seremos inúmeros. Ou, com sorte, dois ou três.
Título e Texto: Alberto
Gonçalves, Diário de Notícias, 17-08-2014
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