Larissa Comazzetto aponta leitura e
dedicação como fatores diferenciais.
Texto da gaúcha foi um dos cinco
apontados como modelo pelo MEC.
Felipe Truda
No dia em que recebeu o trote
do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM), na Região Central do Rio Grande do Sul,
a estudante Larissa Reghelin Comazzetto, [foto], de 17 anos, descobriu que a redação
que fez durante o Enem do ano passado foi apontada como modelo no guia do
participante do exame, lançado pelo Ministério da Educação. Empolgada com a
novidade, a caloura disse que a paixão pela leitura e a dedicação nos estudos
foram os principais fatores que a levaram a ser uma entre cinco estudantes do
país a terem os textos usados como exemplo.
“Sempre li bastante, desde
pequena. Tive uma professora particular de redação, porque sabia que era muito
importante e queria investir nisso. Minhas professoras sempre me disseram que
para escrever bem temos de ler muito”, conta a menina em entrevista por
telefone ao G1 na quinta-feira (5), após ser pintada no trote.
Orgulhoso, o pai de Larissa, o
contador Paulo Comazzetto, de 49 anos, destaca o apego da filha aos livros. “Em
termos de educação no país, só se consegue uma boa formação com o incentivo à
leitura, e ela gosta muito de ler”, diz. “Quando ela faz aniversário, se você
perguntar que presente ela quer, ela vai dizer 'um livro'. É o que ela sempre
carrega junto”, acrescentou.
Foi em um livro que Larissa
encontrou conforto em um dos momentos mais difíceis que enfrentou: a doença que
levou a mãe, a pedagoga Lúcia Maria Reghelin Comazzetto, à morte, há cerca de
quatro anos. A obra era Eu Sou o Mensageiro, de Markus Zusak. “Não
sei se era o momento que eu estava passando, mas foi muito importante, me
ensinou muitas coisas”, lembrou.
O tema proposto para a redação
era o "Movimento imigratório para o Brasil no século XXI". De acordo
com o comentário no próprio guia do MEC, Larissa demonstrou “domínio da
modalidade escrita formal”. Ela cita o crescimento econômico do país como fator
que atrai estrangeiros, e sugere que sejam tomadas iniciativas pelo governo
para regularizar as situações dos imigrantes. Para isso, de acordo com o
manual, ela usa corretamente vários recursos da Língua Portuguesa.
“O treino foi fundamental”,
destaca a estudante. “No início do ano passado, quando eu estava começando o
terceiro ano, eu escrevia bem, mas tinha dificuldade para montar e fazer as
ligações e deixar meu texto coerente. Mas eu fazia cinco ou seis redações por
semana, e treinando a gente vai pegando o jeito”, explica.
Além do pai, Larissa aponta a
mãe como uma das maiores incentivadoras da leitura. “Ela era formada em
pedagogia, então tinha muito a parte do conhecimento. E como pessoa, não tenho
nem como mensurar a participação dela nisso”, conta.
Também surpreendeu Larissa que
a redação de Caroline Lopes dos Santos, com quem estudou no Colégio Militar de
Santa Maria, também foi apontada entre os cinco exemplos. “Fomos colegas por
sete anos na escola, e agora continuamos colegas porque ela também entrou na
Medicina da UFSM”,
contou.
Reescrita foi diferencial,
diz ex-professora
A tenente Claudete Linhares Sachett, de 40 anos, foi professora de redação de Larissa e Caroline no Colégio Militar. Ela conta que ambas eram alunas muito dedicadas, e acredita que o que ajudou muito elas foi o hábito de reescrever os textos após a correção.
“A gente lançava o tema e elas
escreviam. Eu fazia a correção, as anotações, o que poderia modificar e entregava.
Elas reescreviam adequando com as correções. Esse foi o diferencial”, afirma a
professora. Para ela, a “sede de conhecimento” da dupla também foi fundamental
para o bom resultado.
Calma é o principal, diz a
estudante
Larissa acabou ingressando na UFSM, após ser aprovada no Vestibular. A nota do Enem rendeu uma chamada para estudar medicina na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), em Rio Grande, no Sul do estado. “Era chamada oral e eu não estava presente, pois já tinha passado na UFSM”, conta.
Além da dedicação nos estudos
e o gosto pela leitura, ela recomenda aos candidatos do Enem 2013 que tenham
calma na hora da prova. Ela lembra que, quando fez o exame em 2011, ainda antes
de passar para o terceiro ano na escola, teve um desempenho semelhante ao de
2012. Na segunda vez ela sabia mais, mas estava mais nervosa.
“O que vale é ali na hora. Tem
de estar calmo, se concentrar, ler e não pensar no tempo”, diz a universitária,
que destaca, também, a importância do estudo. “A dedicação desde sempre foi
fundamental. Sempre gostei de estudar e me dedicar”, conta.
Além das redações de Larissa e
Caroline, de Santa Maria (RS), o Guia do Participante do Enem destaca os textos
de Gabriela Araújo Attie, de Uberlândia (MG); Pedro Igor da Silva Farias, de
Teresina (PI); e Danilo Marinho Pereira, de Belém (PA).
Título e Texto: Felipe Truda, G1 RS, 7-9-2016
Anteriores:
Prezados, belíssima Redação e a meu ver completo domínio da Língua Portuguesa, apenas percebi um "senão": Larissa não gosta muito de Alemães. Apesar de estar em uma cidade que foi colônia alemã, ela não os cita em sua Redação, tendo estes imigrado desde o século XVIII.
ResponderExcluirEu por exemplo tenho descendentes que imigraram para o Brasil em 1812.
Parabéns à Larissa!
Heitor Volkart