José Milhazes
Portugal precisa de estar pronto para
enfrentar graves desafios a qualquer momento. Por isso, necessita de umas
Forças Armadas (incluindo Comandos) bem equipadas e treinadas para responder a
eles
O Bloco de Esquerda e a sua
dirigente Catarina Martins, tal como o Partido Comunista Português e Jerónimo
de Sousa, podem fazer as declarações mais desastrosas para ganhar apoio, mas
espero que não se esqueçam que nem todos os portugueses, muito longe disso, se
deixam levar por soluções fáceis ou tenham memória curta.
A extrema-esquerda nunca teve
grande simpatia pelos Comandos portugueses pelo papel que eles desempenharam na
travagem de Portugal para uma guerra civil e na luta pela democracia em 1975. E
esta é uma das razões principais que a leva a pedir a sua extinção.
Ao propor o fim dos Comandos,
Catarina Martins propõe que se trate da caspa com a guilhotina e não a solução
de problemas reais que existem dentro das Forças Armadas. Diz a líder do BE que
“reconhecer a tragédia exige extinguir o batalhão de Comandos”, mas, se esta
frase for levada à letra, não haverá profissão, nem ocupação que escape. Morrem
muitos mais bombeiros do que militares em Portugal e ninguém veio exigir que se
acabe com os “soldados da paz”.
É verdade que Portugal não
está em guerra e está literalmente a arder, mas isso não é também argumento
para se acabar com as tropas especiais. Deve-se, sim, reforçar as medidas
preventivas e o apoio aos bombeiros nos combates aos incêndios e não levantar
falsos problemas.
A extrema-esquerda, ao fazer
semelhantes declarações, passa a si própria um atestado de incompetência ou, o
que é mais provável, fá-la com a má intenção de enfraquecer as Forças Armadas
portuguesas.
Os Comandos não são uma tropa
qualquer, mas um corpo militar altamente preparado para participar em operações
de grande risco. O facto de Portugal não ter necessidade agora, neste momento,
de empregar esses soldados de elite, não significa que não seja obrigado a
fazê-lo a qualquer momento. Bastar estar minimamente atento às notícias que nos
chegam do mundo para compreender que ele está cada vez mais instável, menos
seguro. Os Comandos são como os socorristas: devem estar sempre prontos a
actuar, embora não sejam chamados a fazê-lo a toda a hora. E, como diz o povo,
“homem prevenido vale por dois”.
Além disso, é de salientar que
os homens e mulheres que ingressam nos Comandos fazem-no voluntariamente e
sabem para onde e para o que vão, o mesmo sucedendo com fuzileiros navais ou
polícias. Sabem que poderão ter de actuar em situações de alto risco e devem
ser sujeitos a treinos especialmente duros e exigentes.
Claro que a morte dois
soldados dos Comandos, tal como a morte de qualquer pessoa, é sempre um acto
lamentável, e, por isso, a posição da extrema-esquerda face a isto é ainda mais
demagógica e desonesta.
Após esta tragédia, mais
importante do que exigir a extinção dos Comandos, é apurar as verdadeiras
causas que levaram à morte dos dois soldados, determinar se houve violação ou
não das normas de treino e se existem responsáveis por isso. Como afirmou o
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “não está em causa a extinção
dos Comandos, mas uma coisa são as instituições outras coisas são as práticas e
comportamentos. Há que apurar quais as práticas e comportamentos de tudo o que
aconteceu”.
Neste processo, o Ministério
da Defesa e os militares em geral são os mais interessados em esclarecer
cabalmente o sucedido e tomar medidas para que tragédias semelhantes não se
repitam.
Não quero augurar desgraças,
mas Portugal precisa de estar pronto para enfrentar graves desafios a qualquer
momento. Por isso, necessita de umas Forças Armadas bem equipadas e treinadas
para responder a eles. Os Comandos são uma das partes fundamentais da organização
castrense e devem merecer todo o apoio e estimação.
Por isso, aconselho a
extrema-esquerda (BE e PCP) a procurarem causas mais úteis ao país. Por
exemplo, o apuramento de responsabilidades na Caixa Geral de Depósitos.
Título e Texto: José Milhazes, Observador,
11-9-2016
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