Alexandre Mota
A IL e o Chega têm neste
momento eleitorados diferentes (um mais burguês e urbano, digamos assim; outro
mais suburbano). Para crescerem terão de tentar consolidar esse eleitorado e,
ao mesmo tempo, captar um eleitorado potencial comum que anda pela abstenção e
pelos partidos tradicionais como o CDS e o PSD. Portanto, é natural que haja
aqui e ali uma necessidade de alertar para as diferenças, que aliás são várias.
O Carlos Guimarães Pinto fez um post, a meu
ver inatacável do ponto de vista do eleitor da IL, que pode ser visto como
inoportuno e potenciador de uma guerrilha desnecessária com o Chega. Percebo
que se possa pensar dessa forma, mas é preciso ser muito crente para pensar que
alguém com um temperamento truculento como é o André Ventura não irá aproveitar
todas as oportunidades para se demarcar da IL. Fá-lo-á com todo o gosto, mais
cedo ou mais tarde.
Em suma, a questão é outra e é
muito simples de formular: como é que a IL e o Chega vão lidar com o facto de
terem muitos pontos em comum nos seus programas?
E para responder a esta
questão temos de ser rigorosos nas palavras. Mendes da Silva, ex-deputado do
CDS, escreveu que o Chega é um perigo para o regime. Ora, não há uma única
proposta do Chega fora do regime. Nem uma. É um partido democrático, isto é,
não aceita contrariado a democracia como é o caso do PCP; e também é um partido
que respeita a presença de Portugal na UE, ao contrário do PCP que foi sempre
contra. Isto basta para o definir como um partido não só do arco do regime,
como até defensor de dois pilares fundamentais do tão propalado sistema que
muitos apelidam queirosianamente de “Choldra”.
Por conseguinte, é bom que, da
direita à esquerda passando pelo extremo centro, as propostas do Chega
(necessariamente dentro do regime, quer por imposição deste quer por
decorrência do seu programa) sejam respeitadas e discutidas como as de qualquer
outro partido.
Nesta matéria, caberá à IL
demonstrar que tem as melhores ideias, as mais adequadas ao país e à defesa dos
valores da liberdade individual. Eu acho que as tem, mas terá de o demonstrar.
Se o adversário é o socialismo, o Chega não é seguramente esse adversário.
Título e Texto: Alexandre
Mota, Blasfémias,
10-10-2019
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