quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Iniciativa Liberal versus Chega

Alexandre Mota

A IL e o Chega têm neste momento eleitorados diferentes (um mais burguês e urbano, digamos assim; outro mais suburbano). Para crescerem terão de tentar consolidar esse eleitorado e, ao mesmo tempo, captar um eleitorado potencial comum que anda pela abstenção e pelos partidos tradicionais como o CDS e o PSD. Portanto, é natural que haja aqui e ali uma necessidade de alertar para as diferenças, que aliás são várias.


 O Carlos Guimarães Pinto fez um post, a meu ver inatacável do ponto de vista do eleitor da IL, que pode ser visto como inoportuno e potenciador de uma guerrilha desnecessária com o Chega. Percebo que se possa pensar dessa forma, mas é preciso ser muito crente para pensar que alguém com um temperamento truculento como é o André Ventura não irá aproveitar todas as oportunidades para se demarcar da IL. Fá-lo-á com todo o gosto, mais cedo ou mais tarde.

Em suma, a questão é outra e é muito simples de formular: como é que a IL e o Chega vão lidar com o facto de terem muitos pontos em comum nos seus programas?

E para responder a esta questão temos de ser rigorosos nas palavras. Mendes da Silva, ex-deputado do CDS, escreveu que o Chega é um perigo para o regime. Ora, não há uma única proposta do Chega fora do regime. Nem uma. É um partido democrático, isto é, não aceita contrariado a democracia como é o caso do PCP; e também é um partido que respeita a presença de Portugal na UE, ao contrário do PCP que foi sempre contra. Isto basta para o definir como um partido não só do arco do regime, como até defensor de dois pilares fundamentais do tão propalado sistema que muitos apelidam queirosianamente de “Choldra”.

Por conseguinte, é bom que, da direita à esquerda passando pelo extremo centro, as propostas do Chega (necessariamente dentro do regime, quer por imposição deste quer por decorrência do seu programa) sejam respeitadas e discutidas como as de qualquer outro partido.

Nesta matéria, caberá à IL demonstrar que tem as melhores ideias, as mais adequadas ao país e à defesa dos valores da liberdade individual. Eu acho que as tem, mas terá de o demonstrar. Se o adversário é o socialismo, o Chega não é seguramente esse adversário.
Título e Texto: Alexandre Mota, Blasfémias, 10-10-2019

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