Caberá ao médico decisão sobre prescrever
ou não a substância
Andreia Verdélio
O Ministério da Saúde incluiu
hoje (20) a cloroquina, e seu derivado hidroxicloroquina, no protocolo de
tratamento para pacientes com sintomas leves de covid-19. De acordo com o
documento divulgado pela pasta, cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou
não a substância, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, com
a assinatura do Termo de Ciência e Consentimento.
O governo alerta que, apesar
de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de terem
atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não
há resultados de “ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e
randomizados que comprovem o benefício inequívoco dessas medicações para o
tratamento da covid-19”.
Ainda assim, ao atualizar as
orientações para o uso dos medicamentos, o Ministério da Saúde considerou a
existência de diversos estudos e a larga experiência do uso da cloroquina e da
hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças
crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A droga é, originalmente,
indicada para doenças como malária, lúpus e artrite.
De acordo com a pasta, como
também não existe, até o momento, outro tratamento eficaz disponível ou terapia
farmacológica específica para covid-19, as novas orientações buscam uniformizar
as informações para os profissionais da saúde no âmbito do SUS e orientar o uso
de fármacos no tratamento precoce da doença.
Gravidade média e alta
No final de março, o
Ministério da Saúde incluiu nos seus protocolos a sugestão de uso da cloroquina
em pacientes hospitalizados com gravidade média e alta. A pasta também
distribuiu ao menos 3,4 milhões de doses do medicamento para os sistemas de
saúde dos estados.
Já o Conselho Federal de
Medicina (CFM) não recomenda o uso da droga, mas autorizou a prescrição em
situações específicas, inclusive em casos leves, a critério do médico e em
decisão compartilhada com o paciente.
O presidente Jair Bolsonaro
defende a possibilidade de tratamento da covid-19 com hidroxicloroquina desde a
fase inicial da doença, segundo ele, após ouvir médicos, pesquisadores e chefes
de Estado. O Executivo chegou a zerar o imposto de importação cobrado pelo
medicamento. Por não concordarem com esse protocolo, os ex-ministros da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, acabaram deixando o governo.
Novas orientações
As orientações divulgadas hoje
para o tratamento precoce de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus
incluem, na fase de sintomas leves e moderados, o uso da cloroquina ou do
sulfato de hidroxicloroquina associados à azitromicina por 14 dias. Após o 14º
dia devem ser prescritos medicamentos de acordo com os sintomas apresentados.
Casos leves são aqueles
pacientes que não precisam de internação e apresentam sinais como coriza,
diarreia, febre, perda do paladar e olfato, dores musculares e abdominal,
tosse, fadiga e dores de cabeça. Tosse e febre persistente, com piora de algum
dos outros sintomas e presença de fator de risco, são sinais moderados de
covid-19. Para os casos moderados, a equipe médica deve avaliar a necessidade
de internação e a presença de infecção bacteriana e considerar o uso de
anticoagulantes e corticoides.
Já os casos graves são aqueles
que apresentam falta de ar e baixa pressão arterial. Para esses pacientes, o
Ministério da Saúde orienta a administração do sulfato de hidroxicloroquina e
da azitromicina, sem período de tempo determinado. O médico deve ainda
considerar o uso de imunoglobulina humana, anticoagulante e pulso de
corticoide.
No documento, a pasta informa
ainda que são contraindicações absolutas ao uso da hidroxicloroquina gravidez,
retinopatia/maculopatia secundária ao uso do fármaco já diagnosticada,
hipersensibilidade ao fármaco, miastenia grave. Em crianças, deve-se dar sempre
prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina.
E a cloroquina deve ser usada com precaução em portadores de doenças cardíacas,
hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais.
O Ministério da Saúde orienta
ainda que a hidroxicloroquina não deve ser coadministrada com amiodarona e
flecainida. Há ainda a constatação de interação moderada da hidroxicloroquina
com digoxina, ivabradina e propafenona, etexilato de dabigatrana, edoxabana, e
de interação leve com verapamil e ranolazina. A cloroquina deve ser evitada em
associação com clorpromazina, clindamicina, estreptomicina, gentamicina,
heparina, indometacina, tiroxina, isoniazida e digitálicos.
De acordo com o Ministério da
Saúde, a pasta está consolidando novas orientações para o manejo de pacientes
com covid-19. Além de fármacos, equipamentos e recursos humanos também estão
sendo trabalhados.
Título e Texto: Andreia
Verdélio; Edição: Maria Claudia – Agência Brasil, 20-5-2020, 11h42
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