As dúvidas essenciais no campo da vacinação têm sido carimbadas com o tal negacionismo. Na verdade, isso é totalitarismo, obscurantismo, fascismo e... negacionismo
Guilherme Fiuza
A promotora de Justiça Thais Possati de Souza, 35 anos e grávida de cinco meses, moradora do Rio de Janeiro, tomou a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz no dia 23 de abril. Começou a se sentir mal, foi internada, teve um AVC hemorrágico e morreu em 10 de maio — 17 dias depois de vacinada.
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Foto: Shutterstock |
Na noite de 10 de maio, após a
morte de Thais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária emitiu uma nota
técnica orientando o Programa Nacional de Imunizações a vetar a aplicação da
vacina da AstraZeneca em grávidas. Por algum motivo, essa contraindicação vital
não estava clara como diretriz, a ponto de ser necessária a emissão de uma nota
técnica da autoridade sanitária. Para Thais, seu bebê e sua família essa nota
não muda nada.
Nessa epidemia de informações
precárias e levianas sobre uma matéria que exige máximo rigor e precisão,
ouve-se a todo instante o mantra “as vacinas são seguras”. São mesmo? Para
quem? Com que grau de certeza? É esse o cuidado que o assunto requer? Na manhã
de 10 de maio, quando Thais já tinha morte cerebral, veio a público a
informação de que uma gestante tinha sofrido trombose após se vacinar — com
essa vacina que já havia sido interrompida em 16 países por suspeita de
provocar coágulos. A forma como o fato apareceu na imprensa na tarde do dia 10
é digna de observação.
Não vamos citar veículos de
comunicação, apenas para deixar claro que isto não é uma forma de julgamento ou
acusação. É fácil achar na internet. E se os Senhores da Verdade aparecerem
aqui de dedo em riste dizendo que ninguém disse nada disso — como é o seu
estilo negacionista — não tem problema. Mostramos tranquilamente o que foi dito
— e damos a eles mais uma chance de entender que ser dedo-duro na vida não é
uma boa escolha.
O importante a notar é que, na imprensa, nem os textos das matérias nem autoridades/especialistas consultados trataram o caso de Thais como um alerta. Ao contrário. Um dos veículos publicou inclusive declaração de infectologista afirmando genericamente que grávidas não devem deixar de se vacinar porque os riscos da covid superariam os riscos das vacinas. No mesmo dia, à noite, a Anvisa emitiu a nota técnica vetando a vacina da AstraZeneca para grávidas.
Quantas grávidas terão tomado
uma decisão imprudente — e finalmente condenada pela Anvisa — com base nesse
tipo de orientação? Quantos médicos, infectologistas, jornalistas e outros
profissionais têm difundido diretrizes tão levianas, ou pelo menos tão
precipitadas, quanto essa? Quem revogou a necessidade do extremo cuidado para
lidar com a aplicação de vacinas desenvolvidas em questão de meses — de forma
sem precedentes na história da medicina?
A Dinamarca decidiu banir a
vacina da AstraZeneca para toda a população. Cada autoridade segue o que lhe
parece correto. O inaceitável é a proliferação de certezas incertas. As dúvidas
essenciais nesse campo têm sido carimbadas com o tal negacionismo. Isso é
totalitarismo, obscurantismo, fascismo e… negacionismo.
Como está a tabulação dos
efeitos adversos e óbitos após a vacinação com cinco meses de aplicação dos
imunizantes ao redor do mundo? Os dados do CDC — o centro de controle de
doenças dos Estados Unidos — indicam uma quantidade de mortes relatadas de
vacinados contra covid superior às mortes relatadas para todas as vacinas
aplicadas no país num intervalo de 15 anos. Essa observação foi veiculada na
Fox News a partir de dados do VAERS (CDC) — o sistema de registro de efeitos
colaterais das vacinas (Vaccine Adverse Event Reporting System).
Isso não é uma conclusão,
muito menos uma sentença. Isso é a exigência legítima da busca por um
conhecimento que ainda não se tem. A acusação do negacionismo é o novo cala a
boca. Ciência não se faz com mordaça.
O que houve nas Ilhas
Seychelles? O que houve na Índia? O que houve no Chile? Onde estão os
resultados de eficácia em tantos países tão vacinados e coincidentemente com
agravamento tão acentuado da pandemia?
Procure saber. Antes que o seu
cartão sanitário lhe casse o direito de saber.
Título e Texto: Guilherme
Fiuza, revista Oeste, nº 60, 14-5-2021
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