Uma certa esquerda, da qual a mídia tradicional faz parte, não suporta a existência de Israel e tenta transformar em heróis os terroristas do Hamas
Rodrigo Constantino
A situação no Oriente Médio voltou a ficar bastante tensa com o ataque de centenas de foguetes pelo Hamas em Israel, e a legítima e necessária retaliação da nação judaica. A mídia, como de praxe, aguarda praticamente em silêncio toda a provocação dos terroristas palestinos, e só passa a dar destaque quando a vítima reage. Além da guerra concreta, Israel precisa enfrentar a guerra de narrativas, pois conta com muitos inimigos espalhados pelas redações de jornais mundo afora.
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Foto: Shutterstock |
Ben Shapiro, comentarista
conservador e judeu norte-americano, desabafou: “Um lado dispara mais de mil
foguetes em áreas civis na esperança de matar qualquer pessoa, incluindo árabes
israelenses. O outro lado fornece telefonemas e ‘bombas de efeito moral’ para
evacuar civis antes de destruir edifícios ocupados pelo Hamas. E a maior parte
do Ocidente finge haver equivalência moral”. De fato, tentar equiparar os dois
lados já é absurdo. Mas a situação real é ainda pior: boa parte da imprensa toma
o lado dos terroristas mesmo!
Se você digitar Hamas no
Google, a primeira definição virá da Wikipedia e diz que se trata de um grupo
“fundamentalista, mas pragmático”. Depois menciona o “lado social” (que
traficantes também têm nas favelas cariocas) e põe a culpa do conflito em Israel.
Na nossa imprensa não é melhor: um dos maiores jornais do país chamou o Hamas
de “grupo militante”, ignorando que militante é o próprio jornal, enquanto o
Hamas é grupo terrorista mesmo. Alguns o chamam de “grupo político”. É pura
desinformação.
Quando visitei Israel, fiquei impressionado com a minúscula distância entre a Faixa de Gaza e Sderot, a cidade que faz fronteira e vive sob ataques, com todas as escolas com bunkers. O território inteiro israelense é bem pequeno, e mesmo de Tel-Aviv aos locais dominados por inimigos letais a distância é bastante reduzida. Quem fala em “devolver territórios ocupados”, como se isso não fosse sinônimo da destruição de Israel, não sabe do que está falando — ou deseja mesmo “varrer Israel do mapa”. Isso sem falar que Israel já aceitou inúmeras propostas bem generosas, apenas para ver o outro lado lançar nova Intifada contra seu povo.
É como se Israel não tivesse o
direito de se defender, de existir. O antissemitismo é antigo, e sempre sinal
de avanço de visões totalitárias. Os relativistas morais não suportam um povo
com crenças firmes, que obedece acima de tudo a Deus, e demonstra incrível
capacidade de resiliência diante de perseguições milenares. Num deserto árido,
os israelenses construíram um país próspero, exportam agricultura, possuem uma
democracia sólida inclusive com a participação das minorias árabes.
Em Tel-Aviv ocorre uma das
maiores paradas gay do mundo. As mulheres gozam de todos os
direitos e liberdades, são “empoderadas” a ponto de passarem pelas Forças Armadas
(garotas de 17 anos com fuzil nas ruas são cenas comuns), e Golda Meir foi uma
fundadora e primeira-ministra do Estado de Israel quando feministas da terceira
geração, a mais radical e que parece odiar homens mais do que amar a liberdade
feminina, nem sonhavam em nascer.
Israel é o bode expiatório perfeito para os verdadeiros opressores na
região
O sucesso de Israel incomoda
muita gente. A visão romântica de Davi versus Golias,
associando o minúsculo país judeu ao “Grande Satã”, ao “império estadunidense”,
acaba levando muitos a defender os palestinos. O marxismo, que divide tudo em
oprimidos e opressores, ajuda na narrativa. Mas o fato é que Israel é a vítima
aqui, enquanto o Hamas é o algoz, inclusive do próprio povo palestino. “Não é
possível discutir racionalmente com alguém que prefere matar-nos a ser
convencido pelos nossos argumentos”, disse o filósofo liberal Karl Popper. O
Hamas não aceita a existência de Israel.
Mosab Hassan Yousef, cujo pai
foi um dos fundadores do grupo terrorista, comentou no livro O Filho do
Hamas: “Perguntei a mim mesmo o que os palestinos fariam se Israel deixasse
de existir, se as coisas não apenas voltassem a ser como antes de 1948, mas se
todo o povo judeu abandonasse a Terra Santa e voltasse a se espalhar pelo
mundo. Pela primeira vez, eu sabia a resposta. Ainda lutaríamos. Por nada. Por
causa de uma garota que não estivesse usando um véu. Para saber quem era mais
durão e importante. Para decidir quem ditaria as regras e quem conseguiria o
melhor lugar”.
Mas Israel é o bode expiatório
perfeito para os verdadeiros opressores na região. Serve como justificativa
para todas as suas atrocidades, como blindagem. Os terroristas do Hamas usam as
próprias crianças como escudo humano, colocam seus arsenais bélicos próximo a
hospitais e escolas, enquanto tentam matar deliberadamente civis israelenses.
Já o Exército de Israel usa a inteligência, promove ataques cirúrgicos, envia
soldados para missões arriscadas nos labirintos e túneis de Gaza, tudo para
tentar poupar vidas inocentes do outro lado. Como falar em equivalência moral
aqui?
Israel prefere as críticas dos
hipócritas à morte de seus cidadãos. É por isso que vai sempre se defender,
reagir, não importa a campanha desonesta da imprensa mundial. Hoje o
antissemitismo se esconde atrás da crítica ao “sionismo”, com a campanha de
boicote, desinvestimento e sanções (BDS). Mas se trata do mesmo fenômeno: uma
esquerda que não suporta a existência de Israel, a ponto de tentar transformar
terroristas em heróis. O grau de manipulação é escandaloso na cobertura do
conflito. Imagens de crianças palestinas pobres mortas ou feridas são
comoventes, e por isso exploradas, enquanto a realidade em Israel é ignorada.
Que país conseguiria tolerar centenas de mísseis lançados sobre as cabeças de
sua população por vários dias ininterruptos sem fazer nada?
Ainda tem gente que repete o
argumento abjeto de que Israel é capaz de interceptar a imensa maioria dos
mísseis com seu “domo de ferro”, enquanto seus ataques quando revida causam
estragos na Palestina. É como se a guerra, para ser mais “simétrica”, tivesse
de contar com mais mortes de israelenses. Basta pensar qual seria o resultado
se a vantagem tecnológica fosse invertida: Israel já teria sido “varrido do
mapa” faz tempo, com o extermínio de todos os judeus.
Mesmo diante disso tudo, a
esquerda radical insiste em sua narrativa em prol do Hamas. O MST soltou nota
em que condena os ataques de Israel, não a Israel, e o PT manifestou sua
“profunda inquietação com a escalada da violência patrocinada por Israel contra
o território palestino”. É algo simplesmente asqueroso!
Por fim, vale mencionar que a
troca no comando do governo norte-americano pode ter ligação com os
acontecimentos recentes. Trump conseguiu colocar vários países vizinhos na mesa
de negociação com Israel, para fecharem acordos históricos de paz. O avanço do
regime iraniano na região ajudou, pois todos temem os aiatolás. Esse avanço já
foi consequência da postura “camarada” do governo Obama. Agora, com Joe Biden,
a primeira medida para a região foi enviar recursos para Gaza. Os democratas
acham que tudo é um problema financeiro. Esses recursos norte-americanos caíram
nas cidades israelenses em forma de mísseis. Biden tem culpa no cartório
também, por não ter clareza moral para compreender o que se passa na região.
Com terroristas não se
negocia, diz uma máxima norte-americana. Passou da hora de reconhecer o óbvio:
o Hamas não é um grupo militante, muito menos um grupo político; é um grupo
terrorista disposto a mirar seus foguetes em crianças israelenses e usar as
próprias crianças palestinas como escudo. Não há equivalência moral possível
nesse conflito.
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, revista Oeste, nº 60, 14-5-2021
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