Em que circunstâncias se usa «até o» e «até ao»? Alguma dessas construções é errada?
No Brasil, usa-se mais a
primeira construção e, ao que parece, em Portugal, a segunda é mais frequente.
Seria assim mesmo? Deem-me exemplos, por favor.
Muito obrigado.
Ney de Castro Mesquita
Sobrinho
Até ao século XVII, a
preposição até não era acompanhada pela preposição a. Foi durante esse século
que a preposição até passou a ser acompanhada pela preposição a.
Em Portugal, é a forma mais
comum, mas não é a única. Vejamos um exemplo prático: «Ele queria ir até ao
Luxemburgo, mas foi apenas até Paris.» Como não usamos artigo antes de Paris,
também não usamos a segunda preposição.
Se usarmos até como advérbio,
não usaremos a preposição a. Exemplo: «Naquela confusão, até o gato miou e
o cão ladrou.»
Segundo o Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa, Edição do Círculo de Leitores Lisboa, as duas formas são
também usadas no Brasil e igualmente corretas. O referido dicionário refere,
como exemplo, Machado de Assis, que usou as duas formas nas suas obras.
A. Tavares Louro, Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Até e até a... qual das
duas formas devemos utilizar?
Pois bem, o artigo em questão
tem por finalidade abordar acerca das características que norteiam ambas as
expressões e, assim, deixá-lo (a) ciente destas, no intuito de empregá-las
corretamente, sobretudo em se tratando da escrita.
De acordo com o conhecimento
do qual já dispomos, constatamos que “até” representa uma preposição e, como
tal, sua função é a de ligar termos em uma determinada oração. Assim, são considerados
corretos os exemplos:
Vamos até o colégio.
Seguimos juntos até a praça.
Caminhamos até o supermercado.
Contudo, você sabia que tais
exemplos podem também ser acompanhados de outra preposição? Constatemos, pois,
outros enunciados:
Sempre vamos juntas até à
igreja.
Todos os dias caminhamos
juntos até ao ponto de ônibus.
Nesse caso, como se trata do
emprego da crase, tudo dependerá também dos conhecimentos relacionados à
transitividade verbal, ou seja, se o verbo pede complemento ou não, ou seja:
Vamos juntas a algum lugar: à
praça
Caminhamos juntos a algum
lugar: ao ponto de ônibus.
Outro aspecto que se se
atribui à palavra em questão é que “até” pode funcionar também como advérbio,
equivalente à ideia de “ainda”, “mesmo”. Observe esse enunciado:
Posso até contar o segredo a
você, mas guarde-o consigo.
Notamos nesse caso, que o
“até”, apesar de funcionar como partícula de realce, ou seja, não ser assim tão
necessário, confere ênfase à mensagem.
Vânia Maria do Nascimento
Duarte, Português
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