domingo, 31 de outubro de 2021

Eu, perigoso homofóbico, me confesso!

Vivi quase quarenta anos no Rio de Janeiro, trabalhei durante trinta e dois anos na VARIG.

O Rio de Janeiro, pelo que eu lia nos suplementos, era (ainda é) uma cidade gay friendly. Que o diga a tanga de croché de Fernando Gabeira, em 1979. 

Não quero afirmar que Gabeira fosse gay, mas que a tanga, ah, para! (Aliás, sempre votei em Fernando Gabeira. E jamais perdoarei ao atual pilantra que está Prefeito do Rio de Janeiro a campanha insidiosa, essa sim, homofóbica pra valer, contra Gabeira, em 2008).

Trabalhei por 32 anos na Varig, dizia, como Comissário de Voo. Ombreei com profissionais gays, homossexuais, bichonas, lésbicas e, muito provavelmente, com outras pessoas, cujas preferências sexuais, entre as quatro paredes dos seus quartos, salas, caravanas, automóveis... eram aberrantes. Na minha opinião.

Ficando nos gays. Diferencio gays de homossexuais, porque aqueles fazem questão de embandeirar a sua opção sexual, estes a tratam como questão privada. Tem ainda os ‘veados’. Destes quero uma grande distância.

Enfim, resumindo, sou um incorrigível e perigoso homofóbico. Receio que haverá “site de notícias” que começa com U, que venha a ‘descobrir’ que quando eu tinha 13 anos, lá em Luanda, eu matei uma barata com um veado. Sim, era uma calçadeira em madeira em forma de alce, o maior dos... cervídeos.

Contudo, apesar do perigo que represento para a humanidade...

Dormi junto em quartos de hotéis de pernoite (duas camas) com homossexuais.

Hotéis, teve um em Paris, na Porte d’Orléans, esqueci o nome... 

Teve o Sheraton Montparnasse! 

O Barajas, em Madrid. Isso até 1985, quando, depois de uma greve do Sindicato Nacional dos Aeronautas, os comissários (e comissárias) ganharam o direito a quartos individuais.

Foi num pernoite em Paris que, convidado pelo meu companheiro de quarto, homossexual, jantei com a atriz Jeanne Moreau! Éramos, além dela, o meu colega, o amigo comum de Jeanne e eu. (O pior, para mim, é que esqueci o nome desse colega).

Uma vez, em Roma, na boate Jacckie O (?), um colega, muito querido por todos e por mim, já falecido, quando dançando “Saturday Night Fever” não é que o ‘infeliz’ me mordeu na cintura?! 😊

As duas meninas que estavam conosco, se nos visitarem, lembrar-se-ão do episódio. Eu me lembro dos nomes dele e delas.

Visitei o “Sótão”, na Galeria Alaska, na Avenida N. Sra. de Copacabana. Os DJ’s eram dos melhores. Os ‘assíduos frequentadores’ formavam, literalmente, uma... ‘alcateia’. Se você, hétero, bobeasse, vamos dizer, escorregasse na pista, duvido que não fosse ‘jantado’ lá mesmo, well... 😉

Foi num quarto em Madri, no Barajas, devia correr o ano de 1975, ingênuo (muito) que era, um colega me deu uma lição: a diferença entre “Ativos” e “Passivos”.

Em 1975, ao pegar o Chevette da concessionária em São Cristóvão – compra avalizada pelo falecido Pássaro Preto – nem bem tinha reparado na matrícula: 2724. Foram as palavras e sorriso dos funcionários que me alertaram. 24 é o número que representa o veado no jogo do bicho. Pode até ser que fossem perigosos homofóbicos, caçadores de desguarnecidas bichas.

Conheci um garçom do restaurante Clube A, em Nova Iorque, do Ricardo Amaral. Uma vez levei um ‘tuxedo’ para ele. Quando veio ao Rio, foi recebido em minha casa, no Novo Leblon, e almoçamos no clube do condomínio.

Outros momentos aprazíveis passei com ex-colegas, homens ou mulheres, homossexuais. Alguns são insistentemente cobrados por mim, que quando passarem por Portugal não deixem de avisar para que possam ser recebidos por mim e pela minha família.

Importantíssimo ressaltar que, na Varig todos eram promovidos, independentemente de gênero, fosse qual fosse a opção sexual do profissional!

Por penúltimo, lembro com carinho de um ex-colega, hispano-brasileiro que, sempre que contrariado com a notícia ou atitude, rematava: “Esso ès cosa de beado!”.

Muitas saudades desse tempo, quando a esquerda estava virada para os proletários de todos os países, se cagando para os homossexuais, quando não os matava.

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2 comentários:

  1. Nas Veredas do Vereza:
    https://youtu.be/p_yxsKGz8Mk

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  2. Dá para trocar "homossexuais" por "negros (ou pretos)" e escrever outro artigo...

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