terça-feira, 26 de outubro de 2021

Medalha de bronze

Alexandre Garcia

Fiz a soma dos nomes que se oferecem ou são cogitados para a terceira via. São, no mínimo, 12. Uma dúzia de pretendentes querendo ser a opção entre a obviedade de Bolsonaro x PT. Uso PT e não Lula, porque se sente que Lula está assuntando. Conhecedor dos movimentos pré-eleitorais, Lula aprendeu a não confiar em pesquisas e deve estar atento à movimentação de Bolsonaro no Nordeste, sempre recebido com euforia pelo povo - isso sem falar nas ruas do 7 de Setembro. Imagino o trabalhão que Lula está tendo para decidir se procura alguém ou se vai encerrar sua biografia com mais uma eleição.

Correndo por fora da polaridade eleitoral, numa raia que passaram a chamar de terceira via, há gente com experiência em eleição, gente teimosa, há ingênuos, há sonhadores, há vaidosos, há calculistas e até imediatistas, que se empolgam com a aparição súbita de seus nomes. Relacionei uma dúzia, mas pode até ser mais do que isso. Vou jogando alguns nomes: Ciro, Moro, Datena, Mandetta, Doria, Rodrigo Pacheco, Eduardo Leite, Simone Tebet, Alessandro Vieira, Luiza Trajano, Gen. Santos Cruz, Luiz Felipe d 'Ávila. O problema é que se você for até a esquina e perguntar sobre esses nomes, a maioria será desconhecida do eleitor.

Antes da última eleição presidencial, não vi, nesses anos tucanos e petistas, grandes reclamações de ideologia única - estivemos sob governos mais à esquerda ou menos à esquerda, sem queixas de pensamento único, orientação única. Pluralidade ideológica era só uma teoria quando se saudava a democracia de ideia única. Foi aparecer um candidato que acordou a maioria silenciosa, que se tornou barulhenta das redes sociais - já que com pouca voz na mídia em geral - e se levantou a grita de condenação à polarização. Bem totalitária, aliás, essa grita. E a terceira via alega que é para evitar a polarização, como se a maior democracia do mundo, polarizada entre republicanos e democratas, fosse algo nocivo para o país que se tornou a maior potência do mundo elegendo seus presidentes sempre entre os mesmos dois partidos.

Noto grande empenho de alguns órgãos da mídia e entidades empresariais, em eleger seu preferido e apresentá-lo como a solução para um impasse entre Bolsonaro e o PT. Não sei se por ingenuidade, estão praticando o divide et impera, usado pelo imperador romano Cesar Augusto. Com 12, a divisão torna a terceira via uma opção pulverizada, sem chance de ir para o segundo turno. Podem até tirar votos dos dois prováveis líderes, mas vão disputar entre si quem ficará com o bronze.

Título e Texto: Alexandre Garcia, Gazeta do Povo, 26-10-2021, 14h33

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