Carina Bratt
MINHAS AMIGAS, vocês sabiam que a Ópera ‘Lo Schiavo’, de Carlos Gomes, foi levada à cena, no Rio de Janeiro, a 27 de setembro de 1889, no Imperial Teatro D. Pedro II? Pois é. Desde então, se passaram cento e trinta e dois anos. E quem foi Carlos Gomes? Segundo dados colhidos da Internet, ‘Carlos Gomes, ou Antônio Carlos Gomes se tornou o mais importante maestro e compositor de ópera brasileiro. Cedo, ainda, se embrenhou pelo estilo lírico-romântico, com o qual fez nome não só aqui no Brasil, como, igualmente, na Europa’.
Também se deu ao luxo de ser ‘o
primeiro compositor brasileiro a ter as suas obras apresentadas no renomado
Teatro Alla Scala em Milão, na Itália’. Natural de Campinas, interior de São
Paulo, nasceu aos 11 de julho de 1836 e faleceu, aos sessenta anos, em 16 de
setembro de 1896, em Belém, no Pará. Segundo alguns de seus biógrafos, sua
primeira grande ópera foi ‘O Guarani’, inspirado no romance do escritor José de
Alencar.
Voltando à ‘Lo Schiavo’, o ‘Jornal do
Comércio’, no Rio de Janeiro, ao fazer a crítica dessa joia rara, dizia:
‘Representadas no Rio de Janeiro, conhecemos apenas, três óperas de Carlos
Gomes: ‘Guarani’, ‘Fosca’ e ‘Salvador Rosa’. Estas três partituras são, para nós,
o marco miliário de onde se começa a medir o caminho percorrido pelo ilustre
maestro até chegar à sua última ópera, o ‘Schiavo’. Saindo de nosso hábito
constante, podemos, desta vez, asseverar, depois de detida reflexão, que Carlos
Gomes caminhou e caminhou muitíssimo”.
Carlos Gomes dedicou o seu valioso trabalho à princesa Isabel. Da sua carta à Redentora, destacamos este trecho: ‘Hoje, 29 de julho, dia em que o Brasil saúda o aniversário da Augusta Regente, levo aos pés de Vossa Alteza este ‘Escravo’ — talvez tão nobre como os milhares de outros que abençoam a Vossa Alteza, na mesma efusão de reconhecimento com que sou etc.’. Essa carta é citada numa passagem do folhetim de Thereza Falcão e Alessando Marson, na novela ‘Nos tempos do Imperador’, das seis horas, da Rede Globo. Voltando à essência do texto, no dia 2 de outubro, ‘Lo Schiavo’ subiu à cena pela segunda vez, em benefício do autor.
Devemos destacar que, nessa ocasião, o
Imperador agraciou o compositor com a grande e dignitária ‘Ordem da Rosa’.
Apregoaram, outros periódicos, que o evento se tornou numa noite elegantemente
triunfal. Carlos Gomes recebeu estrondosa ovação da plateia, talvez a sua maior
consagração pública desde que se fizera conhecido (reconhecido e respeitado)
como um dos mais renomados e destacados compositores brasileiros. Carlos Gomes não parou por aí.
Seguiu para voos mais altos. Se viu
agraciado, tempos depois, como o ‘Maestro da Abolição’, pelo muito que fez em
defesa da causa dos escravos. Inúmeros espetáculos promoveram, com óperas suas,
em benefício dessa campanha libertadora. A bem da verdade, o ‘Lo Schiavo’ veio
a ser a gota que transbordou o copo, e o levou, definitivamente, à apoteose da
sua luta ferrenha em prol de uma causa sagrada e humana, ao mesmo tempo.
Tantos anos passados, e acreditem,
amigas, me corta o coração saber que, em dias atuais, não temos um homem de
peito —, não digo uma criatura igual ao
Carlos Gomes —, outro, ou outros, de seguimentos diversos, por exemplo, um escritor renomado, como Paulo Coelho, um Luiz Fernando
Veríssimo, um cantor como Roberto
Carlos, uma dupla nos moldes de Zezé Di
Camargo e Luciano, ou apresentadores
como Marcos Mion e Rodrigo Faro, e, obviamente, tantos mais, enfim, em resumo
da ópera, com a coragem e a
capacidade dignificativa de colocar as
mãos na massa e fazer, agir, se mostrar
presente pondo em prática, alguma coisa
de útil e de aproveitável, em prol de seus —, melhor dito —, de nossos
semelhantes mais necessitados e carentes.
Título e Texto: Carina Bratt, do Sítio
Shangri-lá - divisa do Espírito Santo com Minas Gerais. 24-10-2021
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