domingo, 26 de setembro de 2021

[As danações de Carina] Um pouco da história do tango

Carina Bratt

DIZEM OS ENTENDIDOS no assunto que a música do tango tem alguma coisa de diferente, de cativante e de espiritual bailando no ar. Ela prende a alma e embriaga o coração, como uma bebida forte, assim como embebeda os sentidos. Todos os sentidos. A melodia do tango, é doce, evocativa, amorosa, sensual, tudo a um só tempo. Por essa razão, entrou em nossos salões de baile, nos clubes de danças e venceu. Criou mais força e robustez, se fez de raiz profunda, depois do quadro a ‘Dança dos Famosos’, do ‘Domingão do Faustão’, onde vários globais bruxuleavam, aos sons de relíquias famosas, as trocentas cadências, entre elas, claro, o tango e seus compassos conhecidos como 2 por 4.

Aliás, minhas amigas e leitoras, é bom que se deixe esclarecido, o tango é originário de uma cidadezinha conhecida como Rio da Prata e se tornou quase uma doença (doença, aqui, no bom sentido) em pleno século XIX, na voz de seu maior intérprete, Carlos Gardel. Gardel, no início do século vinte, viajou por toda a Europa fazendo com que esse ritmo se espalhasse e explodisse, notadamente em toda a eterna Buenos Aires e Montevidéu. Para o restante do mundo, em pouco tempo, criou uma multidão infindável de adeptos que aderiram e se curvaram aos seus encantos e prazeres.

Os trejeitos que compõem a dança são seguidos de compassos e cadências considerados os mais belos e charmosos. Nada mais gostoso e adorável, vermos um sem número de pares percorrendo os espaços de um canto a outro, ao som mavioso de uma dessas melodias tão cheias de atrativos e pura sedução. Todas nós, nos acostumamos a chamar esse fascínio de: ‘tango argentino’. Procede, a bem de esclarecimento, que foi, de fato, lá na Argentina, que ele se firmou, e, com o passar dos anos, se aperfeiçoou e se notabilizou. Desde então, houve uma metamorfose inexplicável. ‘La Cimparsita’ é uma peça, vamos colocar assim, composta por Gerardo Rodriguez, que não envelhece, não perde a cor nem o viço, não caduca, apesar do tempo de existência.

Em Buenos Aires, surgiu uma avalanche de compositores e cantores como Carlos Gardel que chegou até mim através de meus pais (que tinham todos os seus álbuns) que me deram o prazer de conhecer esse cantor-músico e suas canções maravilhosas em pleno glamour de sua carreira. Carreira, por sinal, vitoriosa que, infelizmente, veio a ser interrompida em face de um desastre de avião até nossos dias considerado inexplicável. Carlos Gardel nasceu em 11 de dezembro de 1890, em Toulouse, na França e nos deixou em 24 de junho de 1935, aos 44 anos, em Medellín, na Colômbia, depois de uma turnê fabulosa que fazia por aquelas paragens.

Naqueles idos, se vivo fosse hoje, 2021, as suas apresentações públicas poderiam ser comparadas, às exposições de Elvis Presley e Michael Jackson, em face do público maciço que lotava as arenas e os palcos onde se apresentava. Saibam, minhas queridas leitoras e amigas que o tango, ao contrário do que se pensa, pasmem, é originário da Indochina. Como assim? A dança indochinesa se fez introduzida na Espanha por uma tribo de ciganos, que teve, no seu tempo, um formidável sucesso. Da Espanha, emigrou para a Argentina onde, como disse acima, se aperfeiçoou e se desabrochou como rastilho de vela de dinamite.

Voltando a Carlos Gardel, quem quiser saber um pouco mais de sua carreira, deixo aqui postado, que existem vários livros que direcionam para o seu nome, vida e obra. O mais importante deles, certamente, o lançado, que aconteceu no Festival Internacional do Tango, qual seja, ‘La verdad sobre La Muerte de Carlos Gardel’ (A verdade sobre a morte de Carlos Gardel) do advogado e escritor Afonso Uribe Misas, com a participação importantíssima dos coautores Mauricio Umana e Manuela Umana. Desde o seu lançamento, em 1938, o governo colombiano censurou a obra. E percebam, queridas leitoras, 83 anos se passaram e continuarão, passando, indefinidamente despercebidos.   

O livro acima, restou sumariamente PROIBIDO, na época, em face de trazer à baila as sujeiras e os emporcalhamentos do governo e não só dele, de um amontoado de figuras asquerosas da política colombiana. Lá, como cá, e, no resto do mundo, tudo o que está por debaixo dos tapetes, acaba ficando escondido. O presidente Alfonso Lópes Pumajero, no inferno desde 1959, na época, teria vomitado ao gerente da Scadta, Hermann Küehl, as seguintes palavras: ‘Usted compreende naturalmente, el peligro que se desprende de la imediata publicacion de esa obra e por eso le pido que la impida’. A Scadt, só para lembrar, era a maior concorrente da Saco, ou (Serviço Aéreo Colombiano), essa empresa ligada ao presidente Pumajero. Logo... kikikikikikikikiki... Gardel foi para o ‘saco’, tirado de circulação num Ford Trimotor F-31. 

Teria essa desgraça Alfonso Lópes Pumajero algum parentesco com o nosso deus-urubu, Alexandre de Moraes?! Voltando ao tango, não faz mal nenhum que continuemos a chamá-lo de ‘argentino’.  Foi nos pampas que ele atingiu o seu máximo lugar ao sol e se irradiou pelo resto do planeta. Somente a sensibilidade portenha seria capaz de oferecer belas páginas que tanto nos deliciam. Abaixo, elencamos alguns cantores que, igualmente, se destacaram nesse segmento: Libertad Lamarque, Roberto Goyeneche, Esteban Riera, Cardenal Dominguez, Noelia Moncada, Verónika Silva, Roxana Fontan, Alicia Vignola e Fernando Soler, entre outros. Domingo que vem, estamos de volta. Saúde, Graça e PAZ!        

Título e Texto: Carina Bratt, de Vila Velha no Espírito Santo. 26-9-2021

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