Percival Puggina
Com o título “Tempestade perfeita”, a Folha de São Paulo, em seu labor cotidiano, trouxe uma charge que atribui a Bolsonaro culpa ou inação perante a pandemia, o desemprego, a inflação e a crise de energia. A intenção do chargista era fazê-lo rir e consolidar, com isso, o volumoso conjunto de mistificações analíticas com as quais a Folha e outros grandes grupos de comunicação invadem nossos lares em três turnos de oito horas, sete dias por semana.
O presidente é responsável
pela pandemia? Somos o único país onde o vírus é inocente e, o
presidente, responsabilizado por todos os óbitos... Nos países produtores
de imunizantes, a vacinação contra a covid-19 iniciou em meados de dezembro de
2020 e no Brasil, em virtude da necessidade de contornar exigências legais e
atender requisitos da ANVISA, um mês depois (17/1). Os “sábios” dos grandes
veículos previram que a “imunidade de rebanho” só seria alcançada em 2025. No
entanto, chegamos a este mês de setembro com situação sanitária superior à dos
EUA. Nos primeiros meses, os países produtores de vacinas consumiam
internamente 2/3 da produção mundial. Desde agosto, porém, somos o quarto país
que maior número de vacinas aplicou em sua população. Entre os seis mais
populosos do mundo, o Brasil só perde para a China e para os EUA, no número de
vacinas aplicadas por 100 habitantes.
O presidente é responsável pelo desemprego? O presidente não decretou lockdowns, nem desejou parar atividades econômicas. No entanto, o STF (15/4/2020) estabeleceu que normas federais sobre as atividades durante a pandemia não poderiam ser menos restritivas do que as estaduais e municipais. As medidas desde então adotadas prejudicaram terrivelmente a economia brasileira ao longo de quase um ano e meio! Esquecemos a perniciosa pressão de poderosos veículos como a própria Folha, pelo “Fique em casa!”, pelo fechamento das atividades? Dependesse do presidente, as medidas teriam sido outras, muito menos danosas à economia e à sociedade. Não veríamos tantas portas com placas de aluga-se e vende-se, tanto posto de trabalho extinto, malgrado o imenso empenho fiscal para manter renda mínima e financiar empresas em dificuldade.
O presidente é responsável
pela inflação? Foi o presidente o gerador de despesas extraordinárias
impostas pelas contingências econômicas e sociais? Foi o presidente que ampliou
a níveis abusivos os gastos com os partidos e com as eleições? E mais: não foi
o Congresso que reduziu o impacto fiscal positivo de todas as medidas que ele
propôs?
O presidente é responsável
pela crise de energia? Ele cumpriu apenas dois anos e meio de mandato
e qualquer investimento em energia leva uma década ou mais para produzir
resultados na ponta do consumo! Não foi ele que gerou a pressão da esquerda
nacional e internacional, bem como de nossos rivais na economia mundial, contra
a usina de Belo Monte. Como resultado desse desatino, está lá, com apenas uma
das 18 turbinas funcionando, o fabuloso investimento (R$ 40 bilhões) de todos
nós, brasileiros, numa hidrelétrica que poderia ampliar em 14% a produção
nacional de energia! Por quê? Por “nobres” razões ditas socioambientais. Você
sabe que tipo de ideologia responde por essas pressões, não é mesmo?
A quem faz da mistificação
instrumento de trabalho, dê toda a desatenção merecida.
Título e Texto: Percival
Puggina, Gazeta do Povo, 20-9-2021, 10h20
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