segunda-feira, 20 de setembro de 2021

[O cão tabagista conversou com] Rosângela Tolosa: “Se sentir algum apelo por algum lugar faço as malas e providencio a mudança. Afinal... não sou uma árvore, né? 😊”

Nome completo: Rosângela Tolosa Baltuilhe

Nome de Guerra: Rosângela Tolosa

Onde e quando nasceu?

Nascida em 18 de fevereiro de 1958, em Santo Anastácio, no interior de SP.

Onde estudou?

Fui alfabetizada numa escolinha rural porque morávamos numa fazenda, depois fui para o internato Santa Marcelina: um colégio de freiras em Botucatu.

Em 1976 fui intercambista do Rotary, morando e estudando um ano em Ohio. Voltei e já fui pra São Paulo trabalhar e fazer cursinho.

Fiz um ano de Letras, na Ibero Americana, dois anos e meio de Tecnologia em Edificação Civil na Fatec, e em novembro de 1979 entrei na Varig, trabalhando no Saguão de Congonhas até 1982 quando passei para o voo.

Já voando, consegui cursar a faculdade de Direito na UNIB, concluindo o curso em 2001.

Onde passou a infância e juventude?

Passei minha infância em Santo Anastácio, morando na fazenda, com mais quatro irmãos.

Fase muito feliz da minha vida. Esperávamos ansiosos as férias escolares para receber a primalhada que nos visitava sempre, e para ir para Santos, de Kombi, com toda a família, babá, colchões e muita alegria!

A juventude foi dividida entre Santo Anastácio [foto] e São Paulo.

Morar em cidade pequena nos faz dar mais valor às pessoas e fiz amigos eternos em Santo Anastácio.

Nos reuníamos no Clube dos Bancários todas as tardes das férias e lá estavam todos que já estudavam fora e voltavam para ver a família.

Qual (ou quais) acontecimento marcou a sua infância e juventude?

Fato que marcou mesmo a minha vida foi ter feito o intercâmbio do Rotary e morado um ano nos EUA. Descobri que queria alçar voo e que Santo Anastácio era pequeno demais pra mim.

Quando começou a trabalhar?

Comecei a trabalhar com 18 anos, logo que voltei dos EUA. Vim com o inglês fluente e comecei como assistente da secretária de um diretor da Dow Química, num escritório pequeno na Peixoto Gomide, em São Paulo e de lá fui pra Varig.

Chegou a advogar?

Advoguei sim. Aliás descobri no Direito outra paixão.

Em 2001 soube que minha mãe tinha um câncer terminal, saí da Varig e voltei para Santo Anastácio passar com ela o tempo que nos restava.

Com seu falecimento, iniciei minha carreira de advogada atendendo a Assistência Judicial Gratuita, com nomeação pela OAB local, (ainda não existe Defensoria Pública em Santo Anastácio).

Depois, em 2007, somada à minha separação e outros problemas pessoais, aceitei o convite de uma tia e me mudei para Vilhena, no estado de Rondônia.

Em Vilhena, acredito ter encontrado minha vocação na área ambiental. Trabalhei muito nisso e foi uma experiência indescritível.

Em 2011 eu tive um câncer de estômago (do qual já estou totalmente curada) e optei por me tratar em Presidente Prudente, deixando Vilhena, o escritório e minha vida de advogada em 2012.

Então, a Varig foi o segundo emprego...

Lembra do seu primeiro voo?

Claro que me lembro!! São Paulo para Fortaleza de 727, no dia seguinte ao fatídico acidente da Vasp na Serra da Pacatuba. Minha mãe ligou no dia pedindo para eu repensar sobre minha escolha...

Nunca tinha decolado naquela posição rsrsrs, mesmo porque tinha voado poucas vezes. As coisas não eram tão fáceis naquele tempo, né?

Minha eterna gratidão para Roseli Roma que foi minha instrutora, meu porto seguro e minha amiga por toda sua vida. Me ensinou muito mais do que voar, socorrer ou servir... Me ensinou coisas para a vida toda: um outro olhar sobre as pessoas e tudo que víamos ao nosso redor. Que Deus a tenha, minha querida e minha imensa e infinita gratidão por tanto ensinamento.

Roseli Moreira e Rosângela Tolosa

O pernoite foi um sonho e o coração quase saiu da boca desde a antevéspera.

Descobri naquele dia que minha escolha profissional estava feita: voar, voar e voar!

Isso foi em 1982, certo?

Sim, em junho de 1982 e fui promovida quando fui pra Internacional em 1986.

Qual foi a sensação?

Meu primeiro voo na inter foi um Buenos Aires saindo do Rio. Fiquei muito tensa... sair de São Paulo e ir para o Galeão no mesmo dia do voo, sem conhecer ninguém da tripulação foi uma experiência desgastante, mas acabou dando tudo certo, e daí pra frente tudo foi fluindo naturalmente.

Você ficou na RG até o fechamento?

Não! Saí no final de 2001.

Se aposentou?

Estou aposentada desde 2016, depois de uma longa disputa judicial porque o INSS não concordou em computar meu tempo de voo como (aposentadoria) especial.

Como ocupava o tempo nos pernoites?

Meus pernoites dependiam muito da tripulação. Na época não gostava de passear sozinha, mas sempre procurei sair e conhecer o máximo possível de tudo.
Quais os que mais gostava?

Adoro a Espanha! País da minha origem, de pessoas bonitas, comida maravilhosa e de uma diversidade cultural como poucos. Acredito que Barcelona seja meu lugar do coração, e para onde consegui voltar, a passeio, em 2017.

Passou por algum perrengue na sua carreira?

Perrengue de emergência não passei nenhum.

Claro que existiram atrasos, trocas de aeronaves, algumas panes com pernoites não programados, regulamentação estourada ...

Acredito que foram coisas bem normais da profissão.

Vida de voo em total segurança!!

Como reagiu ao fechamento da empresa?

O fechamento da empresa foi um pesadelo e apesar de não estar mais nela ainda tenho muitos amigos da aviação e acompanhei o sofrimento deles.

Participo ainda de grupos que lutam pelos direitos sonegados de forma tão ardilosa.

Mas ainda vejo traços da Varig em algumas empresas atuais e acredito que o seu maior legado é realmente de pessoas; seus funcionários, seus admiradores e os amantes da aviação.

Saudades do voo?


Não tenho saudade dos voos, mas ainda sonho que estou atrasada, que falta uma peça no meu uniforme, que meu cabelo está solto...

Tenho saudade de alguns lugares e sinto imensa falta dos amigos que lá fiz. A gente tem uma conexão diferente e maravilhosa que, acredito, ficará para sempre.

Abraçou outra atividade depois da aposentadoria?

Abracei outra profissão sim; fui exercer outra paixão que é o Direito, mas já estou aposentada, morando na praia e esperando que mais amigos venham me visitar.

Em que cidade reside atualmente?

Atualmente, devidamente aposentada estou em Ilhéus, na Bahia.

Vim inicialmente para ajudar uma sobrinha a montar sua clínica de dermatologia e trabalhei com ela no meu primeiro ano de Bahia; com início em fevereiro de 2015, mas a terra de Gabriela me fisgou e continuo por aqui.

Até quando?? Ainda não sei!

Se sentir algum apelo por algum lugar faço as malas e providencio a mudança. Afinal... não sou uma árvore, né? 😊

Mas até isso acontecer vou ficando por aqui à beira-mar nesse lugar maravilhoso!!

É este? 

Meu lugar de paz e brisa do mar.

Essa é a minha rua, com o mar lá embaixo.

Minha casa aparece à esquerda; na verdade só dá pra ver uma parte da varanda.

Meu canto onde os amigos são sempre muito bem-vindos!!

Seu título de eleitor é baiano ou paulista?

Sou toda paulista!!

Não só no título de eleitor, como na pressa, na pontualidade, no nível de exigência e no imenso orgulho do Estado pujante em que nasci.

E como vai o Estado de São Paulo?

Acredito que politicamente nunca esteve tão malgovernado como agora.

Mas não quero politizar aqui porque as pessoas estão absolutamente fora de si em seus extremismos, e está impossível emitir uma opinião sem levar pedradas.

O que posso fazer é acompanhar o possível e torcer para que alguma coisa funcione, quer seja em SP, quer seja em Santo Anastácio e no Brasil, e aguardar as próximas eleições pra ver quais opções teremos.

E digo como possível porque não dá pra acreditar na mídia de jeito nenhum!

Well, compreendo... mas não receia uma pedrada, ou uma tijolada, quando afirma a sua descrença (que partilho) na mídia? 😉

No que se refere ao receio de pedradas por não acreditar na mídia, eu na verdade não tenho medo de nada!!

Como sempre fui polêmica estou tentando na velhice viver com menos conflitos, em especial com as pessoas que eu quero bem e estou evitando ao máximo os comentários sobre política porque vejo as pessoas perdendo todo o senso, o respeito e educação.

Simples assim!

Conhecia o “Cão”?

Já tinha lido uma entrevista nesses moldes do cão e nunca perdi você da minha mira, mas nunca tinha participado.

Foi doloroso participar? 😊

Kkkkk...

Totalmente indolor participar rsrsrsrs.

Me fez pensar em todas as épocas da minha vida, reviver lugares, pessoas...

Agradeço sua costumeira gentileza.

Uma pergunta que não foi feita?

Acredito que passei as informações importantes.

Se você tiver alguma pergunta a mais responderei com prazer.

Sobre o vírus que veio da China, o que nos diria?

Esse vírus é um pesadelo!!!!

Não sabemos nada sobre ele e suas possibilidades de mutação.

E mais uma vez vem o terror da mídia, entrando nas nossas casas e nos matando de medo.

Eu perdi meu irmão do meio, de Covid, em 25 de março desse ano; assim, minha família nunca vai sair da pandemia... vamos viver o resto de nossas vidas nela.

Mas temos que continuar vivendo e nos cuidando, mas não suporto coisas impostas, obrigatoriedade de nada além do meu bom senso.

Quem não morrer de Covid vai acabar morrendo de medo ou tristeza se não levantarmos a cabeça e seguirmos em frente.

Pra quem acredita que sairemos melhores disso lamento discordar; estamos cada vez mais sozinhos e mais amargos.

É preciso muito empenho e consciência para mantermos nossa sanidade mental e os amigos que são imprescindíveis precisam se fazer presentes da melhor forma possível.

É isso que você está fazendo!!!

Gratidão por seu tempo e sua atenção tão carinhosa!!

A derradeira mensagem:

Continuo em Ilhéus, com as portas da minha casa sempre abertas aos amigos que puderem e quiserem vir conhecer a Costa do Cacau e suas maravilhas.

Obrigado, Rosângela! 😉


Conversas anteriores: 

Um comentário:

  1. Sdds Rosângela,bem segura e leve e agora mais q nunca,melhor ainda,posicionando se c sabedoria.Bjo amiga,cuide se.

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