Seu grande “mérito” foi justamente esse: transferir para as escolas a velha "luta de classes" marxista, que enxerga apenas "oprimidos" e "opressores" em tudo que é lado
Rodrigo Constantino
Paulo Freire voltou ao centro das atenções nesta semana, com o centenário de seu nascimento. Freire é o Patrono da Educação Brasileira, título que lhe foi conferido postumamente pelo Congresso Nacional, conforme noticiado pelo site da Câmara dos Deputados, em junho de 2012, por iniciativa da deputada Luíza Erundina. A solenidade contou com a presença das deputadas Luiza Erundina (PSB-SP) e Erika Kokay (PT-DF); do deputado Newton Lima (PT-SP); dos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF); do reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo de Sousa Júnior; e do professor da UnB Venício de Lima.
Freire é reverenciado por uma
legião de professores e pedagogos como uma espécie de mentor, ou mais, um santo
homem que dedicou sua vida à libertação dos fracos e oprimidos. Mas será que
foi isso mesmo? Será que sua famosa “pedagogia do oprimido” fez ou faz bem aos
mais pobres? É Freire, sem dúvida, o maior responsável pelo sucesso da
estratégia gramsciana que disseminou a mentalidade esquerdista por todo o
sistema educacional. Seu grande “mérito” foi justamente esse: transferir para
as escolas a velha “luta de classes” marxista, que enxerga apenas “oprimidos” e
“opressores” em tudo que é lado.
Os alunos deixam de ser apenas
alunos, com diferentes características, entre elas a classe social, e passam a
ser representantes ou da classe dominante ou da oprimida, num sistema binário,
simplista e equivocado. Exatamente da forma com a qual o marxismo destruiu o
indivíduo, que passa a ser ou patrão explorador ou empregado explorado,
deixando de lado toda a real complexidade da vida. Contra o “fatalismo
pragmático” dos “neoliberais”, Freire oferecia a “conscientização”, ou seja, os
professores deveriam mostrar as “injustiças” do sistema capitalista, da
globalização, conscientizando os alunos da necessidade de luta, de revolta
contra os ricos, já que, para ele, a riqueza era fruto da exploração da
pobreza, era uma “agressão” contra os desvalidos.
Postura minimamente neutra do professor, que oferece ao aluno diferentes pontos de vista, dá espaço ao contraditório, deixa o próprio jovem desenvolver um pensamento crítico e tirar suas conclusões por conta própria? Isso é uma ilusão que atende somente às elites opressoras. A prática educativa, diz Freire, é política por definição, não pode ser neutra — já que a neutralidade não existe —, e por isso o professor “progressista” pode, deve levar todo seu viés para dentro de sala de aula.
Era a desculpa perfeita para
militantes medíocres se tornarem “professores” e encherem a cabeça de nossa
juventude com porcaria revolucionária. Hoje, os sindicatos dos professores,
ligados aos partidos de extrema esquerda, dominam o ensino público, todos
inspirados em Freire. Nas aulas, o assassino Che Guevara é tratado como herói idealista,
alguém que exalava amor, os invasores do MST como paladinos da “justiça social”
e o lucro capitalista como roubo.
“Nunca me foi possível separar
em dois momentos o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos”,
escreve ele em Pedagogia da Autonomia (tem ainda a do
oprimido, a da solidariedade, a da esperança…). O pequeno “detalhe” é o que ele
entendia como “formação ética”, claro. No caso, era “formar” novos seres
“conscientes” de sua situação de oprimidos, para que reagissem contra as “injustiças
do sistema”. Ou seja, criar soldados comunistas!
Caso alguém ainda tenha
dúvidas acerca de seus objetivos, ou pense que exagero na interpretação,
deixemos o próprio explicar melhor: “Quando falo em educação como intervenção
me refiro tanto à que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da
economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à
terra, à educação, à saúde, quanto à que, pelo contrário, reaccionariamente
pretende imobilizar e manter a ordem injusta”.
Ou seja, de um lado temos os
“progressistas” como ele, que querem salvar a humanidade das garras
capitalistas e levar prosperidade aos mais pobres; e, do outro, os
“reacionários” e “neoliberais”, que pretendem apenas manter o quadro de
exploração da miséria alheia. Se a escola não estiver a serviço dos primeiros,
estará fatalmente a serviço dos segundos. A educação como prática voltada à
mera transmissão do conhecimento não era, definitivamente, uma opção para
Freire.
Esse tipo de linguagem foi
tomando conta dos discursos sobre educação, da mentalidade dos professores, dos
debates políticos. Em 1983, o então reitor do Colégio de São Bento, dom
Lourenço de Almeida Prado, chegou a receber uma interpelação de uma religiosa
que estava furiosa com o suposto elitismo da escola: “Como vocês, aí no Colégio
de São Bento, podem colocar-se a serviço da classe opressora, educando os
futuros opressores de nosso povo?”
A pergunta, feita dessa forma,
já trai o preconceito marxista, e dom Lourenço escreveu uma longa carta como
resposta, que merece ter alguns trechos aqui destacados, pois lança luz
justamente sobre a poderosa influência de Paulo Freire em nosso país. Com
educação e sempre calcado em sólidos argumentos, o ex-reitor se defende da
acusação, mostra que havia no São Bento representantes de todas as classes e
que era inaceitável tratar crianças como “opressoras” ou “oprimidas”,
fomentando um ódio de classes que não tinha espaço ali.
Disse o então reitor que “um
ambiente escolar para ser sadio deve congregar crianças de procedências
diversas, aplainando as arestas peculiares a cada grupo social e firmando bases
de convivência cordial e amiga. É preciso que saibamos arrancar as máscaras a
esse falso filantropismo a Paulo Freire, que propõe uma escola instigadora e
alimentadora de rivalidade e desamor”. Ele acrescentou: “Quem trabalha em
escola tem diante de si crianças. Se ele não sabe ver crianças, mas vê na face
infantil, como se mostrasse uma tara inapagável, o representante da classe
opressora ou de qualquer outra classe, rasgue o seu diploma de educador e vá
cuidar de outra coisa”.
Em outra passagem, o reitor
rebate Freire: “É uma lástima que o meio católico se tenha deixado contagiar
por esse mestre equívoco da pedagogia que é Paulo Freire e por essa falsa
elaboração que chama educação libertadora. Na verdade, ela nada tem de
libertadora, como nada tem de pedagogia. É uma campanha política, de fundo
marxista, isso é fundada no dogma da luta de classes e na divisão da humanidade
entre opressores e oprimidos. Divisão que, na medida em que existe (tem um
marco divisório muito mais sutil que a classe social), confere à educação, na
sua nobre tarefa de civilizar o homem e a convivência humana, a função de fazer
atenuar ou desaparecer, colocando amor onde houver ódio”.
Freire foi um marxista
revolucionário radical e defensor de tiranos assassinos
Os marxistas, ao encararem
crianças como já partes estanques de um espectro ou outro nessa “luta de
classes”, alimentam um clima segregacionista que prejudica as próprias
crianças. O professor, transformado então num agente de mudança social, terá o
papel de reverter esse quadro, “libertando” os “oprimidos” e também
convertendo, se possível, os “opressores”.
Uma elite culpada acaba sendo
criada desde cedo, pois o garoto mais rico, indefeso diante da autoridade do
professor, “aprende” na mais tenra idade que seu status social
é um crime, fruto da exploração dos colegas mais pobres. Desejando ser aceito,
não só por seus pares como principalmente pelo professor, ele passa a odiar a
própria classe social, seus pais, a si mesmo, e parte em busca de redenção,
querendo expiar seus “pecados”. Eis mais uma vítima da doutrinação marxista,
sob o manto de libertação incutido por Freire.
Freire, com sua linguagem
deliberadamente confusa para dar ar de profundidade, enfatiza que o
revolucionário não pode manipular os educandos. Todo o processo tem de ser
construído com base no diálogo e no respeito entre os líderes e o povo. Porém,
os líderes devem ter a prudência de não confiar no povo, porque as pessoas oprimidas
têm a opressão inculcada no seu ser. Como exemplo de um líder que jamais
permitiu que seu povo fosse manipulado, Paulo Freire apresenta… Fidel Castro!
Não é piada!
Em suma, Freire foi um
marxista revolucionário radical e defensor de tiranos assassinos, que teria
inclusive plagiado seu método de alfabetização para enfiar doutrinação
ideológica goela abaixo de jovens indefesos, e acabou se tornando o patrono da
“educação” brasileira, aquela dominada pela extrema esquerda e que vive na
rabeira dos rankings internacionais. Parece justo, não?
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, revista OESTE, nº 79, 24-9-2021
Por incrível que pareça, nesta data do centenário, comentei com um amigo, que defende o Freire, como um inovador da área da educação, que eu o via como alguém que até poderia 'fazer muito", mais transformou suas ideias em discursos políticos, e, alunos críticos, mais, que não fazem nada para melhorar a atual situação, além de badernas em sala de aula, e fora dela, inclusive.
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