Rodrigo Constantino
O historiador e militante
comunista Jones Manoel defendeu o incentivo do “ódio de classe” entre
trabalhadores contra seus patrões e os representantes da “burguesia
brasileira”, como ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidentes da
Câmara e do Congresso.
“Uma das tarefas fundamentais
da gente é estimular o ódio de classe. Tem que acordar todo dia querendo
esfolar o patrão”, disse durante uma palestra no Sindicato da Construção Civil
de Fortaleza em 18 de setembro. “Tem que acordar todo dia querendo pegar pelos
cabelos cada um daqueles ministros do STF –se puxar pelo Fux sai a peruca–, o
presidente da Câmara dos Deputados, presidente do Congresso, tem que odiar, tem
que xingar. Tem que ver uma foto e ter raiva, ter vontade de cuspir, tem que
odiar a burguesia brasileira, e seus representantes”, declarou.
O vídeo circulou bastante
pelas redes sociais, mas não por conta da mobilização dos comunistas, já que
esses contam com a simpatia de artistas como Caetano e da militância da
imprensa, mas zero de engajamento. O vídeo circulou por iniciativa de
bolsonaristas, para mostrar o duplo padrão vigente em nosso país.
Não custa lembrar que temos um
deputado federal preso por gravar um vídeo desejando agredir um dos ministros
supremos. Ele tem imunidade parlamentar, não pode ser preso por dar sua
opinião, por mais radical que seja. Não obstante, está preso há meses, mesmo
após pagar fiança. E para essa prisão ilegal, o STF inovou criando o flagrante
perpétuo.
O que fica claro para todos é que o combate ao discurso de ódio e às Fake News nunca passou de um engodo, de um pretexto para se criar regras subjetivas e elásticas que, na prática, permitem a perseguição da direita. Quem se considera de esquerda pode tudo, tem um salvo-conduto para destilar ódio, desejar a morte do presidente, fazer ameaças veladas ou até escancaradas.
O "ódio do bem" é fofo, pois é "libertador", é "rebelde", representa uma luta pela "justiça social". Criou-se um mecanismo em que um lado pode tudo, e o outro não pode nada. Aos companheiros comunistas, tudo; aos inimigos conservadores, o arbítrio de homens acima das leis. Um ano atrás, o "historiador" causou reação ao afirmar que Stalin, o maior carniceiro da história, não era Lúcifer reencarnado, mas sim um injustiçado pelos historiadores. Alguém pode apenas imaginar o que uma declaração similar de algum "direitista" em relação a Hitler causaria.
O recado está evidente: se
você se assumir um comunista, pode defender abertamente os maiores monstros da
humanidade e pregar violência contra ministros do STF que artistas como Caetano
vão te paparicar na imprensa; mas se você se disser um conservador, então o
menor descuido num desabafo legítimo pode significar sua prisão,
independentemente de você ter ou não imunidade parlamentar.
Título e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 27-9-2021, 9h31
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