Carina Bratt
‘A paciência não é a alma do negócio. É o próprio negócio’.
Ari Toledo.
Por outra visão mais
abrangente, não manjamos, ou não deciframos os elementos mais duros e complexos
da ‘Matemática’. Mas percebam: os nossos cálculos não falham e nem as contas
que fazemos, às vezes, às pressas, nos deixam nas mãos. Os homens se
engrandecem afirmando que conhecem profundamente os números e as suas intrincadas
variantes e nós, não ficamos para trás. Tiramos de letra, de cabeça, os
cálculos das contas mais cabeludos, enquanto os homens erram e o fazem
feiamente por ignorância ou distração. Já dizia, com muita propriedade, o
matemático Oswald de Souza que nós ‘não temos a menor ideia dos intrincados
caminhos da ‘Álgebra’ e, assim como ela, somos uma verdadeira incógnita’’. E é
a mais pura verdade.
Na ‘Física’ empregamos, sem
nenhum tipo de constrangimento, todos os princípios para conseguirmos os fins
que temos em mente. Em ‘Geometria’ o mesmo espetáculo ocorre. Sabemos lidar com
as linhas partindo do Comprimento, Área e Volume e não nos embaralhamos com a
‘união dos termos’, ao oposto, somos o majestoso ‘Triunfo das Curvas
Perfeitas’. O mesmo se dá com a ‘Trigonometria’. Transformamos os senos, os
cosemos e as tangentes em verdadeiros brinquedinhos de crianças. Muitos
incautos juram, de dedinhos cruzados, que nada sabemos da tal ‘Analítica’ ou
‘Descritiva’. Eles se olvidam que nós, sem nenhum obstáculo transpomos, de
olhos fechados e descrevemos fatos os mais diversificados e tidos como
extraordinários.
No contrafluxo de toda esta balela, uma leva (de doutores metidos a espertalhões), bate os costados e apregoam que ignoramos a ‘Química’. Por conta de nossa esperteza, somos uma valência em ‘Exercícios por Compensações’. Nossos beijos têm a química única e perfeita, e cumprem o seu papel de fazerem os homens perderem o tino e não só ele, o espaço onde se encontram. Mesmo tapa no rosto, gritam a bel prazer que não conhecemos nada de ‘Topografia’. Em contrapartida, eles deslembram que discernimos, ou percebemos, de pronto, o terreno onde estamos metendo os sapatos. Os homens, por ‘seus turnos’, ainda que conhecendo magnificamente as delineações pormenorizadas de um pedaço de chão, se afundam em brejos, pisam em falsos desvãos e falhas e, pior, erram os caminhos mais simplórios para saírem de vez, dos atoleiros.
Falam, comumente de boca
cheia, que nós, mulheres, somos verdadeiras burras e toupeiras em ‘Geografia’.
Geografia é matéria de vagabundo – afirmava o escritor José Mauro de
Vasconcelos em seu livro ‘Arara Vermelha’. Apesar da nossa suposta e
grandessíssima burrice, neste seguimento, sabemos onde ficam os vulcões, os
mares, as ilhas, as torrentes e os borbotões, os lençóis d'água e os portos
considerados seguros. Darei um salto mais amplo, se me permitem e afirmo, sem
medo de errar: nada sabemos de ‘Náutica’. Será? Saibam, nobres cavalheiros,
dirigimos ou pilotamos as embarcações de nossos lares, admiravelmente. Como um
todo, pugnam, ainda, os ‘maiorais’ de meia tigela, que ignoramos a ‘Balística’
e, de roldão, a ‘Tática’.
Mal sabem os bobinhos de
plantão, ‘pela aí’, que ao aplicarmos o esquema e as estratégias na conquista
do ‘eterno inimigo, seja ele diário ou não, voamos longe’. E nos desenrolamos
de qualquer embrulhada de maneira firme e maravilhosa. 0 mesmo se sucede com a
‘Geodésia. A bem da verdade, nos transformamos na mais segura sismografia capaz
de registrar os menores movimentos sísmicos à distância. Em sequência, face a
uma grandiosa corrente de engraçadinhos, se concluiu que não definimos, com a
precisão devida, as teias da ‘Eletricidade’. Ledo engano! Eles ignoram ou
fingem, que somos um dos melhores elementos deste fluido, levando em conta que
agimos como Pilhas.
Mesmíssimo soco nas ventas,
viramos o ‘Magister dixit’ em telegrafia sem fio, e trago este ponto à baila,
apenas a título de curiosidade. A ‘Ciência do Rádio’ poderia ser, para nós, uma
incógnita. Entretanto, nos tornamos ou nos transformamos na mais potente
estação emissora de ondas curtas e não só curtas, longas e médias também. Se
eles, em paralelo, esbravejam por aí, que desconhecemos a ‘Mineralogia’, mais
uma vez deixam robustamente patenteada que ignoram que nos tornamos excelentes
garimpeiras, notadamente na exploração do ouro, do ferro e do sal. Algumas de
nós nunca estudaram ‘Geologia’, mas tenham em mente: sabemos onde existem as
terras férteis. No quesito ‘Línguas’, nenhum homem por mais culto que seja, não
nos leva no bico, ou na lábia. Apenas pensam que nos engambelam.
Desnecessário dizer que, em ‘Gramática’, não vislumbramos apenas os substantivos, os artigos e os pronomes. Quando direcionamos a coisa para o lado do exercitado, ou do experiente, todos os varões, sem exceção, se curvam e se tornam obsoletos diante de nós. Finalmente, na linha da ‘Filosofia’, se resolvermos elevar a matéria para patamares mais altos, a lógica, a moral e a metafísica, notadamente a metafísica, ponham fé, amigas, não haverá nenhum rapazola (por mais estudado que seja), chegará aos calcanhares dos nossos infindáveis méritos e sapiências. Resumindo, temos, de fato e de direito uma paciência sem limites. Lembremos de John Quincy Adams. Ele, num de seus célebres pensamentos profetizou que a ‘Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem’.
Por isto, caríssimas e amadas
leitoras, concluindo todas as nossas Danações de hoje, oportuno citar Machado
de Assis. Ele escreveu, em O Alienista, que ‘suportamos com paciência a cólica
dos outros’. A paciência feminina, a nossa paciência de Jó, vai além da sua
aparência frágil e débil. Ela se expande como o vento, para além dos
horizontes. Se alastra por céus e mares, se difunde em todas as situações. Apesar
dos dissabores e das provações, das intempéries e das adversidades pelas quais
passamos, em nossa vida no dia a dia, jamais deveremos deixar de lado ou no
esquecimento, a grande lição de Jó, conhecido na literatura rabínica como o
‘profeta dos gentios’. Exercer a sua paciência sempre, a nossa paciência,
aconteça o que acontecer. Não importam os percalços e os estorvos que nos
aguardam. Avante e, para cima!
Título e Texto: Carina
Bratt, de Vila Velha, no Espírito Santo. 29-8-2021
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O que dizer a respeito do sexo frágil??!!
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Ritual pra lá de superado
Estopim implantado
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