Haroldo Barboza
Em 1963,
Charles De Gaulle disse com coragem e muita propriedade:
”O Brasil
não é um país sério.”
Se ainda
estivesse vivo, certamente diria agora em 2021:
”O Brasil é
o país dos trambiqueiros”.
Fatos para
comprovar tal afirmativa não faltam. Neste breve relato não conseguirei citar
nem 0,01% do que anotei durante décadas de incredulidade. Que deixaram de me
surpreender quando percebi que o povo acomodado não fica indignado com a
impunidade oficializada sob os atentos olhares das “vossas excrescências” que
aprovam leis furadas para que eles (e parceiros) não sejam trancafiados. Vamos
aos que mais me fazem rir (para não chorar). A galera que mal sabe ler as
manchetes de jornais, ainda rotula os quadrilheiros de “espertos” e continua
como trouxa, pagando as mordomias das cúpulas governamentais.
1)
Motorista bêbado dirige veículo acima de 80 km/h, atropela quinze pessoas e
mata umas quatro. Comparece à delegacia, é “indiciado” e aguarda julgamento em
liberdade. Dois meses depois está bebendo e dirigindo novamente.
2) Oficiais
da PM dão desfalques no hospital da corporação. A maior parte ainda comanda
batalhões enquanto aguardam as polpudas aposentadorias.
3) Câmaras
de legisladores fazem “licitação” para troca da frota de carros para servi-los,
tendo em vista que os veículos em uso já estão com mais de 2 anos de uso.
Enquanto isto, ambulâncias e carros da polícia enferrujam nos pátios (e
terrenos baldios) por falta de manutenção.
4) Presos
condenados recebem auxílio-reclusão sem precisar trabalhar dentro dos
presídios. Aliás, trabalham no planejamento de fugas e subornos para terem
algumas regalias proibidas.
5) Estacionamento sobre calçadas gera multa ao infrator (“eleitário”), enquanto veículos oficiais estacionam nestas áreas sem constrangimento.
6) Partidos
políticos pedem verba eleitoral 3 x maior que a recebida na eleição anterior.
Para atendê-los, diversas escolas e hospitais terão seus investimentos
reduzidos em mais de 25%.
7) BNDES
empresta (a perder de vista) milhões de dólares a países da América Latina,
enquanto programas de construção de casas populares se tornam complicados para
assalariados de baixa renda.
8) Centenas
de impostos burocráticos (com pagamentos facilitados) espantam investidores que
poderiam alavancar o programa de redução do desemprego nacional.
9) Alunos
da rede municipal são “aprovados” mesmo sem saber escrever o próprio nome com
letra discursiva. Se souberem ticar um “X” na cor mais exibida no papel,
recebem nota 8 e “passam de ano” sem 2ª época!
Não vou
começar a gastar dois algarismos para os próximos exemplos.
Cada
leitor, gentilmente, acrescente cinco fatos ao que já estiver elencado.
Dentro de
dois anos teremos um livro para enviar ao governo da França, para ser colocado
no colo de uma estátua do bravo De Gaulle.
Antes,
conferir se o peso do documento pode derrubar o monumento escolhido.
Título e
Texto: Haroldo Barboza, agosto de 2021
Anteriores:
Esquentando a revolta
A 4ª “onda” pode chegar em agosto
Embromações - capítulo 5 (final)
Embromações - capítulo 4
Embromações - capítulo 3
Embromações - capítulo 2
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