Manuel Rezende
Imagine que se está a demitir
do seu cargo como Governador do Estado de Nova Iorque no meio de um escândalo
de abusos sexuais e comportamentos predatórios. A imprensa local, até então
muito amiga e compreensiva, deitou de fora as garras e prepara-se para
estilhaçar a sua reputação política até à última réstia.
E é assim que, de repente, um
grupo de fanáticos barbudos desce das montanhas e toma de assalto um pequeno
país numa paragem remota e esquecida do mundo, derrotando no entretanto a maior
potência militar da história da civilização. Não há muito melhores formas de
conseguir distrair o grande público do sarilho em que se meteu.
Estamos a falar, claro, do governador Cuomo [foto], ítalo-americano, importante membro do Partido Democrata e senhor indiscutível do Estado de Nova Iorque até há uns dias. Cuomo, que era visto pela imprensa de esquerda americana (e como tal pelas suas sucursais portuguesas SIC, TVI e RTP) como o grande opositor de Trump, o herói do combate à pandemia, o modelo das virtudes do político do Novo Milênio, inclusivo, progressista, respeitável, não “problemático”, revelou-se, afinal, um homem com bastantes esqueletos no armário.
No relatório que o Ministério
Público entregou quando formalizou as acusações contra o ex-Governador Cuomo,
pode-se ler que Cuomo incentivava que as secretárias assistissem a reuniões
importantes sentadas no seu colo.
O ambiente de trabalho nestas reuniões é considerado “hostil”, de acordo com a brigada dos bons costumes que lidera esta caça às bruxas típica da Nova Esquerda. Contudo, não deixa o mesmo relatório de referir que nenhuma das participantes se sentia maios ou menos oprimida por se sentar no venerável colo do senhor Governador durante as tais sessões.
A senhora que coordena estas
acusações, a delegada pública Letitia James, comanda a campanha de difamação
pública e jurídica do senhor Cuomo sustentando os seus argumentos no facto de o
ex-governador ter comportamentos deveras badalhocos. A Letitia está a cavalgar
a besta infernal do Politicamente Correto porque quer se tornar a próxima
governadora de Nova Iorque, claro.
Já a esquerda americana, agora
que prova do seu próprio fel, começa a se questionar se os ventos de mudança
propagados pelo movimento #metoo não se terão tornado autênticas rajadas de
sarilhos.
Vejamos bem, sentar no colinho
do governador pode não caber na cabeça de alguns, pode ser visto como uma falta
de decoro, uma quebra de protocolo, um atentado à estética e à ética, um
comportamento feio, grotesco, bárbaro.
Mas num mundo que já só
acredita no fácil, no pornográfico e no aberrante, o que é que isso importa?
Aliás, até pode ser que as cavalitas do senhor governador ajudem as meninas
secretárias a entreterem-se melhor durante aquelas aborrecidas reuniões
políticas.
Título e Texto: Manuel
Rezende, o Diabo, nº 2329, 20-8-2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos.
Se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-