Carina Bratt
É o momento secreto que só você e com
você à tira colo, tem o direito de penetrar. Ao Eterno você pede. Ao escrever,
você traduz o que Ele lhe assopra através de um canal direto, sem medianeiro ou
intercessor. A isto, se dá o nome de dom. O Onipotente lhe dá o dom todos os
dias. E não só dá, renova, aviva, restaura, aprimora, aperfeiçoa. O dom de
escrever não é privilégio de muitos.
Assim como os outros dons que o
Soberano oferta para outras pessoas, como o ser um matemático, saber lidar com
os números, ao médico, para curar pessoas, ao engenheiro para construir
prédios, ao professor para ensinar seus alunos. É dom. Já se nasce com
ele. Todavia, o Imutável o remonta,
corrigi, aquilata, conserta. Assim é, pois o mesmo método para orar e escrever.
Você precisa estar só. Sem ninguém, sem interferências, sem barulho, fechado a
sete chaves num mutismo, como se o mundo inteiro girasse a seus pés e em torno
de seu umbigo.
O mundo do escritor é como o universo do altista que se queda enrodilhado no seu inconsciente e esquece tudo o que rola à sua volta. Para o escritor, o mundo fora da sua escrita não tem significado, não tem sentido, não tem vida, nem cor. Na oração você invoca o Onisciente Maior. Na hora de escrever, você invoca a sua alma, o seu coração. O que estas duas coisas têm de bom, de excelente aflora em toda a sua magnanimidade.
E ao passo em que a alma e o coração se
fundem, se entrelaçam, se atarracam, se cruzam e se acasalam, num voo direto,
sem intermediário, com a sua mente, as palavras se levantam do nada e se
abraçam e se confundem num amplexo livre e solto. Nesta hora, o brilho da
crônica, ou as luzes de um romance, aos poucos, vão sendo construídos num ritmo
persuasivo, enérgico, elucidativo, convincente e eloquente.
Na verdade, vão se aprimorando e
pegando vida e forma, forma e vida, até a hora em que, transpostas para o
branco do papel do computador (gostaram do branco do papel do computador??!!),
o sorriso da felicidade brilha em nosso rosto, como se tivéssemos realizado um
trabalho com a precisão de um sutil toque de pura mágica que a todos deixa com
ares de assombro e contemplação, êxtase e estuporação.
Título e Texto: Carina Bratt, de
Ribeirão Preto, São Paulo. 10-10-2021
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