quarta-feira, 20 de outubro de 2021

A carga pronta metida nos contentores

Telmo Azevedo Fernandes

Regista-se uma subida dos preços das matérias-primas nos mercados mundiais, faltam produtos nas prateleiras dos supermercados em alguns países, há escassez de componentes para automóveis ou computadores, atrasos nas entregas de mercadorias e, em geral, assiste-se a uma série de graves disrrupções nas cadeias de fornecimento e comércio internacional.

Mas se a comunicação social lhe disse que o grande culpado desta situação é a covid, mentiram-lhe! Tudo isto resulta diretamente ou foi fortemente agravado por decisões dos governos e de políticos.

Se hoje já é evidente para muitos (e cada vez mais pessoas) que a esmagadora maioria das medidas ditas sanitárias adoptadas pelos governos a pretexto da covid19 foram totalmente estúpidas, largamente ineficazes e muitas vezes contraproducentes em termos de saúde pública, os efeitos destas intervenções estatais na vida das pessoas tornam-se agora mais claros.

Os decisores políticos decretaram suspender ou limitar fortemente a atividade da indústria e dos negócios, mandaram trabalhadores para casa, colocaram em confinamentos sucessivos pessoas saudáveis. Fechadas em casa sem poder viajar, fazer férias, frequentar espetáculos ou cinemas, sem ginásios ou jantares em restaurantes os consumidores em isolamento ou teletrabalho foram induzidos pelos governos a alterar os seus padrões de consumo habituais e com os apoios de lay-off e injeções de dinheiro e subsídios públicos na economia, as pessoas em vez de serviços aumentaram as suas compras de bens como equipamentos electrónicos, artigos para casa, equipamentos de fitness etc.

Mas ao mesmo tempo, as fábricas fecharam ou reduziram drasticamente a sua produção, os motoristas de pesados deixaram de estar na estrada e ficaram em isolamento profilático, os trabalhadores dos portos e tripulações de cargueiros de mercadorias deixaram de estar disponíveis em número suficiente. Apenas um exemplo: com a detecção de um teste positivo à Covid num único trabalhador de 34 anos, totalmente vacinado e assintomático, o terceiro maior porto do mundo fechou por completo durante duas semanas.

A carga pronta e metida nos contentores fica parada, os navios de transporte acumulam-se às dezenas nos portos, o tráfego marítimo reduz-se significativamente, deixa de haver paletes e contentores para acomodar novas encomendas, os custos de transporte e logística disparam. O sistema de transporte e comércio internacional está em pré-colapso, os estrangulamentos estão à vista de todos.

E não se pense que estes problemas afetam apenas a burguesia ou aqueles que passaram a usar o ZOOM como a sua ferramenta de trabalho preferida. Não só escasseiam alguns produtos alimentares como o preço dos alimentos também subiu. O número de pessoas em situação de insegurança aumentou, e só nos Estados Unidos este problema duplicou colocando agora 23% das famílias em risco de passar fome.

A intervenção dos governos resulta em consequências que não se podem planear nem prever em toda a sua extensão, produzindo um efeito em cascata em centenas de setores e segmentos da sociedade. Para surpresa de muitos a economia não funciona como um interruptor de luz, ora liga, ora desliga. Enfim, a ideia de que uma economia pode ser fechada sem critério e retomada sem consequências de largo espectro, é criminosa. Só poderia vir da mente de indivíduos e decisores políticos sem nenhuma compreensão ou consideração pela extraordinária interdependência do sector produtivo e a enorme complexidade do funcionamento da sociedade. Só poderia vir de socialistas e estatistas de todos os quadrantes políticos.

O meu vídeo de hoje, aqui:

Título e Texto: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 20-10-2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-