quarta-feira, 27 de outubro de 2021

[Dossiê: A Democracia] Capítulo 3: estatutos da Biacoop

Haroldo Barboza

Após o sucesso da semana anterior, Bia promoveu novo churrasco para “aprovação democrática” dos estatutos da Biacoop.

Foi combinado que não haveria uma presidente e sim, três diretoras eleitas a cada ano (dezembro). Onze das meninas alegaram não desejar concorrer às funções de comando. Bia e duas vizinhas foram as eleitas por aclamação para o 1º período.

Bia relatou que ficou honrada com a oportunidade de fazer este “sacrifício” pelo grupo de amigas que estruturam esta “família”.  

Três que sabiam usar excel e correlatos, ficaram encarregadas de controlar o livro contábil virtual (a ser exibido toda semana ao grupo), área de propaganda do salão, aquisição de materiais diversos, pesquisas de mercado, abertura/fechamento do salão e festejos eventuais. Conseguiram “convencer” as dez restantes a se revezarem (em duplas) na limpeza local (via escala semanal) através da criação de um “fundo de limpeza” onde cada uma das dez colocaria R$ 20,00 por mês.

As cinco colegas do “alto escalão” colocariam R$ 50,00. Bia contribuiria com R$ 100,00. A cada três meses o montante seria dividido entre duas sorteadas que se revezaram nas tarefas mal-cheirosas. Somente uma alegou alergia a sabão de coco. Bia disse que seria comprado sabão de glicerina através do Sr. Zenóbio (para todas usarem). As dez aplaudiram este espírito “cívico” de Bia, preocupada com o “bem-estar” da equipe.  

Bia relatou seu sonho em criar um processo de participação nos lucros para todas, a partir do momento que a entidade exibisse um faturamento além da meta a ser definida em reunião futura.  

Se num hipotético grupo de dezesseis pessoas foram exibidos três ou quatro comportamentos “singulares”, usando com maestria as palavras (cheias de falácias) que o povo aprecia ouvir, imaginem dentro de um condomínio com cento e vinte apartamentos, num clube com trinta mil sócios e entidades de porte maior. Se de cada uma destas aglomerações um elemento for eleito para ocupar uma Câmara (mesmo municipal), dá para imaginar que a “democracia” está em boas mãos. E que nós que “detestamos política” estamos ferrados.

Título e Texto: Haroldo Barboza, 27-10-2021

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O fascismo no século XXI 
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