Comércio, inclusão social e sustentabilidade também serão temas
Andreia Verdélio
A Cúpula de Líderes do G20, grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo, começa hoje (30) em Roma, na Itália, com discussões centradas em economia e saúde global, mudanças do clima e desenvolvimento sustentável. O presidente Jair Bolsonaro está na capital italiana para participar da cúpula, além de outros compromissos, acompanhado dos ministros das Relações Exteriores, Carlos França, e da Economia, Paulo Guedes.
O encontro segue até amanhã
(31) quando deverá ser adotada a Declaração de Roma dos Líderes do G20, com
consensos dos governantes em várias áreas. Em eventos paralelos, dois temas
também serão tratados: o apoio a pequenas e médias empresas e empresas
comandadas por mulheres e o papel do setor privado na luta contra as mudanças
do clima.
O Brasil vai defender
respostas robustas para a recuperação econômica no pós-pandemia e um comércio
internacional com menos barreiras tarifárias, destacando que o comércio e os
investimentos internacionais são instrumentos poderosos para a promoção do
desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, as reformas da Organização Mundial
da Saúde (OMS) e da Organização Mundial do Comércio (OMC) também estarão em
debates. Outra prioridade do Brasil passa pela inclusão social e a participação
das populações menos influentes na prosperidade comum.
De acordo com o secretário de
Assuntos Econômicos Internacionais do Ministério da Economia, Erivaldo Gomes,
os grandes temas trabalhados na cúpula envolvem desafios, riscos e
vulnerabilidade para a economia atual. “Saúde, meio ambiente e, no campo da
economia, pressões inflacionárias nas cadeias produtivas, desafios econômicos
em um ambiente global mais adverso”, disse durante coletiva de imprensa.
Na saúde, o objetivo é evitar, mitigar e reduzir a vulnerabilidade do mundo em relação a futuras pandemias, com acesso a vacinas e tratamentos. O consenso dos países do bloco tem sido no sentido de agilizar a disseminação de vacinas para os países em desenvolvimento, e o Brasil tem dado prioridade à diversificação da capacidade produtiva.
“O Brasil acredita que pode
ser um líder na matéria, como outros países em desenvolvimento. E gostaria de
ver um consenso para facilitar essa diversificação, com o apoio dos organismos
internacionais. Há plataformas no âmbito da OMS, com apoio do G20, para
aumentar e intensificar a distribuição de vacina especialmente para aqueles que
mais precisam”, disse o secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos
do Itamaraty, Sarquis José Sarquis.
No campo do clima, estão sendo discutidas políticas de transição para a economia verde, com a precificação e criação do mercado de crédito de carbono. “É importante porque vai gerar os recursos que precisamos para os projetos [de desenvolvimento sustentável] na ponta, investimentos em novas tecnologias. Lembrando que os países desenvolvidos têm acesso mais facilitado a essas tecnologias. Para os países em desenvolvimento, há um custo a mais, e o mercado de carbono vai ajudar na fluidez de recursos para essa transição”, explicou Sarquis.
Nesse sentido, o G20 também
antecipa alguns debates previstos para a 26ª Conferência das Nações Unidas
sobre Mudança Climática (COP26) que acontece de 1º a 12 de novembro em Glasgow,
na Escócia. Entre os principais temas a serem debatidos na COP26 estão o
mercado de carbono e os procedimentos financeiros para alcançar a redução das
emissões que causam o efeito estufa e o aquecimento da temperatura global.
Prioridades do Brasil em 2021
O Itamaraty elencou um
conjunto de 12 prioridades do Brasil, nas várias dimensões de discussão do G20
em 2021. São elas:
1 - Fortalecer os organismos multilaterais de tratamento de várias dimensões do desenvolvimento sustentável, como saúde (OMS) e comércio multilateral (OMC).
2 - Concentrar os recursos
públicos de modo mais eficiente ao desenvolvimento sustentável, à inclusão
social, à saúde pública e ao meio ambiente.
3 - Fortalecer a OMS e a sua
capacidade de preparar-se para responder a futuras pandemias, mediante
colaboração com a OMC e outros organismos internacionais, inclusive em frentes
de cooperação técnica, disseminação de conhecimento e inovação, bem como de
financiamento.
4 – Ampliar e diversificar a
capacidade produtiva de vacinas e insumos farmacêuticos em vários países,
especialmente entre países em desenvolvimento.
5 – Revigorar a OMC em suas
três dimensões: de negociação e liberalização comercial, transparência e
monitoramento do comércio multilateral e de soluções de controvérsias, visando
uma agenda dinâmica de negociação para as próximas conferências ministeriais da
organização.
6 – Reduzir barreiras
tarifárias e subsídios distorcivos nos setores agrícola, industrial e de
energia não renovável para gerar ganhos internacionais de eficiência econômica
e ambiental.
7 – Abrir e reformar mercados
agrícolas com vistas à maior distribuição de eficiência econômica e ambiental
entre os países.
8 – Acelerar a transição
energética por meio do uso de biocombustíveis, da bioenergia e outras fontes
renováveis.
9 – Acelerar a transformação
digital, da economia digital, de modo inclusivo nos setores público e privado.
10 – Combinar política
financeira, agrícola e comercial, indutoras nessas várias frentes de trabalho citadas,
para responder aos grandes desafios de nossa época: mudança climática,
envelhecimento da população, saúde pública, educação, ampla formação de capital
humano, transformação digital, inclusão social especialmente dos mais pobres e
jovens, e empoderamento da mulher.
11 – Apoiar e ampliar o acesso
à educação, ao emprego, à conectividade digital e infraestruturas sustentáveis,
como água, saneamento e transporte urbano, especialmente de mulheres e meninas,
em nossos próprios países e em países em desenvolvimento, por meio da
cooperação internacional, quando necessária.
12 - Promover o empoderamento
de mulheres e meninas, estimular a cooperação, a capacitação e a participação
da mulher no mercado de trabalho e a ocupação por mulheres de cargos executivos
e de alto escalão.
O G20
O Grupo dos 20, ou G20, foi
criado em 1999, em resposta às crises financeiras dos anos 90. Foi concebido
inicialmente como um fórum de diálogo econômico entre ministros de finanças e
presidentes de bancos centrais. Com a eclosão da crise financeira global de
2008, o nível de participação das autoridades foi elevado para chefes de Estado
e de governo e passou a incluir centralmente os diplomatas e gradualmente
outros ministérios setoriais.
O G20 reúne as maiores
economias do mundo, incluindo países desenvolvidos e economias emergentes. Os
países do grupo representam 80% do Produto Interno Bruto (PIB) global, 75% das
exportações, cerca de 70% dos investimentos diretos estrangeiros e 60% da
população mundial.
Em 2021, o lema da presidência
italiana é Pessoas, Planeta, Prosperidade, abrangendo temas sociais,
ambientais/climáticos e econômicos, respectivamente. No ano que vem, a
presidência do G20 será de Indonésia, seguido da Índia em 2023. Em 2024, o
Brasil presidirá o grupo.
Seus membros permanentes são: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia. Neste ano, além dos 20 membros, também participaram dos trabalhos do grupo a convite da presidência italiana, a Espanha, os Países Baixos e Singapura, em capacidade própria, além de Ruanda, representando a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África, a República Democrática do Congo, representando a União Africana, e Brunei, representando a Associação de Nações do Sudeste Asiático.
Título e Texto: Andreia
Verdélio; Edição: Graça Adjuto – Agência Brasil, 30-10-2021, 8h
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