domingo, 17 de outubro de 2021

[As danações de Carina] As flores nossas de cada dia

Carina Bratt

TERÃO, AS FLORES, algum significado especial?  De certo, que sim, vez que sabemos que existe o prestígio da hierarquia, ou dito de forma diferente: o poder da atração, da fascinação e do encanto a um só tempo. A Rosa, por exemplo, há de ser sempre, haja o que houver, a Rainha.

Massamá, 2015, foto: JP

Umas valem mais que as outras, não só pelo aspecto, como, igualmente, pelo perfume que exalam, e, claro, pela beleza inconfundível e a especiosidade que arrebatam os nossos olhos. Entretanto, é bom que se diga, há quem empreste, a cada uma delas, um significado especial.

Ainda sobre a Rosa, saibam que ela faz resplandecer a nossa felicidade plena, notadamente a felicidade de amar.  Em ótica contrária, o Cravo insinua as nossas hesitações e incertezas, as nossas dúvidas e vacilos, também as nossas esperanças, enquanto o Amor-Perfeito contém a confissão tácita do nosso amor quando em sua melhor forma de expressão.

O Muguet, segundo pesquisa que tomei a liberdade de fazer pessoalmente, no Google, marca o ‘retorno da felicidade’. Em razão disso, tradicionalmente, no dia primeiro de maio os franceses oferecem um pequeno buquê às suas amadas, desejando, a elas, todas as felicidades e alegrias existentes no mundo.

A flor Muguet para quem desconhece, ‘é uma planta herbácea, de regiões temperadas, que floresce na primavera’. A Margarida espera uma resposta... e o Jacinto (conhecido como a flor da Tristeza) responde, à altura, com o balancear das campainhas, o seu indubitável e tresloucado ‘Não’.

A coisa não para aqui. Há mais ainda. A Tulipa contém declarações de amor e guarda, no recôndito de seu cálice, o segredo das paixões repentinas, ao passo que a Papoula é uma flor desconfiada que solicita provas de constância. Por seu turno, a primavera é uma inspiração graciosa e quase epicuriana.

Para quem não sabe, epicuriana vem de epicurismo. Epicurismo ou epicurista é aquele que vive a filosofia do prazer para ser feliz, contudo, exige que siga pela estrada de maneira moderada e controlada.  ‘A vida é menos penosa, diz a lenda desta filosofia, quando se percorre, a dois, unidos em igual caminhada’. O Resedá, ou (Extremosa), também vivifica os prazeres e o perfume do amor partilhado.

Por conta do que foi dito nas minhas ‘Danações’ de hoje, não se deve pôr nunca papoulas na sala de visitas. Significam, segundo dizem, as pessoas que apreciam e conhecem flores, um ato inoportuno.  Curioso, não é verdade? O Cravo, ao contrário, é uma flor amável e acolhedora. O Crisântemo suplicante atrai a compaixão para os amores considerados infelizes.

A lista destas e outras flores, seria grandiosíssima. Tudo isso, porém, não tem nenhuma importância. O que há, ou o que existe de fato, entre as flores, é o prestígio da hierarquia. Saibam, caras amigas e leitoras, nenhuma outra flor existente nos jardins da vida, por mais privilegiada que seja, desbancará a Rosa. E, como na dança, a valsa foi, é e há de ser, sempre, a rainha suprema dos salões.

Título e Texto: Carina Bratt, de Sertãozinho, Ribeirão Preto, São Paulo. 17-10-2021

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