Walter Biancardine
Recentemente escrevi artigo sobre
Adão, Eva e sua expulsão do Paraíso, causada pelos “olhos abertos” decorrentes
da árvore do conhecimento, que havia sido provada pelo casal.
Uma das conclusões que podemos
tirar deste relato é que todo conhecimento, ciência ou sabedoria traz consigo
um ônus, e tanto mais perigoso o mesmo se torna na exata medida de seu poder em
influenciar o curso natural das coisas e gentes.
É lugar comum na literatura e
mesmo em seitas iniciáticas, confrarias e teorias da conspiração o decreto de
que “determinados conhecimentos não podem ser de domínio público”, estando os
mesmos reservados aos grandes mestres, que os preservariam em tratados
cuidadosamente produzidos sob hermética e quase indecifrável linguagem – o
conhecimento é perigoso!
Rimos hoje, em pleno século
XXI, das reservas adotadas pela Santa Madre Igreja nas épocas medievais, onde
órbitas planetárias, esfericidade da Terra, o vapor e demais conhecimentos
herdados dos antigos – mesmo dos pragmáticos romanos – representariam “ameaças”,
naqueles tempos vistas e apontadas contra a crença em Deus Pai.
Mas seria esta a verdadeira
ameaça da qual se preveniam? Estariam certos os antigos monges, diante do quase
absoluto ateísmo de nossos atuais e tão tecnológicos dias? Ou existiria algo de
maior, pior e terrível, a esconder-se por detrás da cândida alegação de
“progresso e bem-estar da humanidade”?
Não cabe aqui discorrer sobre
a “deposição” de Deus feita pelos filósofos iluministas mas, sim, de suas
consequências – como seja; a falta de freios em nossas especulações, ambições,
tentativas e sucessos, decorridas todas da total desconsideração de valores e
princípios morais, e mesmo humanos, preconizados pela Verdade Revelada.
A falta de Deus trouxe-nos a liberdade de imaginar, criar e ousar sem limites. Temos, por um lado, maravilhas que nos dão conforto e, por outro, ameaças a nível global jamais supostas há poucos cem anos atrás. E é neste momento que o “hermetismo” de determinados conhecimentos – chamados atualmente de “tecnologias” – torna-se não apenas bem-vindo como necessário.
Alguém conceberia como
plausível os terroristas do Hamas possuírem uma bomba atômica? Alguém admite
como natural uma multinacional farmacêutica criar e distribuir produtos
causadores de mutações genéticas ou indutores de doenças fatais, mascarados sob
o rótulo de “vacinas”? Alguém veria como aceitável um grupo de empresas ter o
poder de moldar nossos gostos, hábitos, preferências e escolhas, em produtos
travestidos de “entretenimento e informação”?
Nunca é demais lembrar que
toda a tranqueira tecnológica necessária a produção de tais ameaças foi criada
por homens, que por sua vez foram educados sob a inspiração de professores,
adestrados por filósofos que “romperam com as arcaicas barreiras do obsoleto
pensamento religioso” – em outras palavras, o ovo da serpente encontra-se na
absoluta falta de freios morais de pensadores levianos – ainda que profundos –
mas que cederam às suas taras, perversões, preferências e ideologias,
contaminando assim toda a busca pela verdade.
E o resultado de tamanho
“progresso”, e consequente ameaça a nossa existência sobre a Terra, talvez seja
adotar novamente o bom e velho hermetismo medieval, até que o pensamento
filosófico humano retorne para Deus.
Mas, sejamos francos, para
isso seria necessária uma catástrofe a nível global.
Como sairemos dessa? Como
conciliar o conhecimento com a sujeição aos limites e desígnios de Deus?
Penso que a resposta não se
encontra em nível de pensadores ou filósofos: será necessária a volta de Nosso
Senhor Jesus, o Cristo vivo, para abaixar nossas cabeças e apontar um novo e
salvador caminho, para toda a humanidade.
Até lá, toda cautela é pouca.
Título, Imagem e Texto: Walter
Biancardine, ContraCultura,
10-10-2024
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