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Foto: DR |
António Ribeiro Ferreira
Merkel tem toda a razão. Quem
fala em eurobonds não percebe nada desta crise
Agora discutam, arranquem os
cabelos, atirem-se ao mar ou agarrem-se ao extinto feriado do 1º de Dezembro,
que foi gozado como de costume neste Portugal falido e amargurado, não com o
médio prazo, mas com o dia de amanhã. A União Europeia de Maastricht, os pactos
de estabilidade e crescimento que marcaram o nascimento da moeda única e toda a
história destes dez anos de euro morreram. Deixaram muitas vítimas pelo
caminho. O sofrimento não vai acabar tão cedo para milhões de pessoas em toda a
Europa, mas agora surge uma ténue luzinha ao fundo de um túnel que podia muito
bem ser o túmulo do euro. Vem aí, a grande velocidade, a União Fiscal e
Orçamental, que numa primeira fase deverá abranger apenas os 17 países da União
Monetária. O anúncio foi feito ontem de manhã no Bundestag pela senhora Europa,
isto é, a senhora chanceler da Alemanha, a senhora Merkel. Uma união com regras
drásticas contra défices excessivos, dívidas públicas criminosas e políticas
fiscais que estrangulam empresas e famílias e a economia em geral. Desta vez é
o vai-ou-racha. Quem quiser continuar na desbunda do investimento público, da
dívida pública, do descontrolo absoluto das contas do Estado, na ilusão de que
podem gastar à tripa-forra em nome de Estados sociais insustentáveis, quem não aceitar
o défice zero e a diminuição da dívida sofrerá na pele sanções financeiras
duras e terá com certeza a porta bem aberta para sair do euro e, com sorte,
manter-se na UE.
É natural que na sequência deste importante passo dado pela
Alemanha, com o apoio da França e não só, os Estados do euro sejam obrigados a
tomar medidas internas, nomeadamente em matéria constitucional. Chegados a este
ponto na gravíssima crise europeia, seria pura teimosia insistir na criação de
eurobonds e sonhar que um dia o Banco Central Europeu vai despejar notas sobre
esta Europa angustiada e em risco de perder o comboio da História. A posição
alemã é muito clara e definitiva nesta altura do campeonato europeu. Quem
continuar a falar de eurobonds não percebe mesmo nada da natureza desta crise,
e o BCE não é a Reserva Federal americana ou o Banco de Inglaterra. Contra
factos não há argumentos e não vale a pena andar a lutar contra moinhos de
vento. Espera-se é que o principal partido da oposição não repita nesta matéria
essencial para Portugal as tristes figuras que andou a fazer na discussão e
votação do Orçamento do Estado para 2012. Espera-se que desta vez António José
Seguro tenha autoridade suficiente para dizer aos deputados socráticos do seu
grupo parlamentar que o país já não suporta mais brincadeiras de mau gosto e
comportamentos irresponsáveis. Quando chegar a hora de Portugal aceitar e
cumprir à risca as imposições da nova União Orçamental não há que hesitar ou
perder muito tempo com vozes do além que não têm importância nenhuma e muito
menos soluções seja para o que for. Os nacionalismos velhos ou modernos nunca
foram bons conselheiros e o mundo global é incompatível com os discursos
paroquiais que levaram Portugal a esta triste miséria franciscana.
Título e Texto: António
Ribeiro Ferreira, Editorial do jornal “i”, 04-12-2011
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Detalhe dos pés de um frade
franciscano, no Centro de São Paulo, Brasil, 07-05-2007, foto: Nilton Fukuda/AE
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Acho que Portugal deveria ser "devolvido" ao PS e
Meninos rabinos não querem tomar banho
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