José Carlos Filho
A Presidente da República
sancionou a lei que cria a Comissão da Verdade (sic) com o propósito declarado
de investigar violações de direitos humanos ocorridas no período de 1946 a
1988, devendo, agora, nomear um grupo governamental composto de sete membros de
sua livre escolha, para tratar do assunto. Trata-se de uma encenação
surrealista cujo conhecimento não pode ser ignorado pela população brasileira
e, para ajudar nesse desiderato, valer-me-ei do editorial do “O AVAIANO-Órgão
Informativo da Turma Avaí”, do corrente mês, que reúne seleta oficialidade
egressa da Academia Militar de Agulhas Negras, em face da clareza, objetividade
e síntese com que o tema foi nele enfocado. Eis a transcrição parcial: “Ao
serem nomeados, os integrantes da dita comissão terão seis meses para elaborar
um plano de trabalho e então iniciarão suas atividades, que deverão ser
finalizadas num período de dois anos, quando será divulgado um relatório sobre
as violações encontradas. David Bardacci, em seu livro “Toda a Verdade”, cita um
anônimo que afirmou “Por que perder tempo descobrindo a verdade, quando se pode
facilmente criá-la”. Aí está. Para que tamanha pantomima, quando já se sabe a que
verdade eles pretendem chegar. Não é necessário ter mais do que dois neurônios
para perceber que se trata de “jogo com cartas marcadas”, para a vingança
maligna e revanchista contra aqueles que, no estrito cumprimento do dever,
expuseram suas vidas para livrar o país da sanha comunista. O período 46/48 é
um embuste, pois sabemos que só serão focados os atos do período da
contra-revolução de 64 e, assim mesmo só os da repressão, pois o que os
terroristas fizeram não conta. Não atentaram contra os direitos humanos.
Para eles foi heroísmo o
massacre do Tenente PM Mendes Júnior, o assassinato do Sargento Walder da
Aeronáutica, o assassinato do capitão norte-americano, os seqüestros dos Embaixadores
alemão, suíço e americano, o roubo do cofre da mansão de Santa Teresa, no Rio
de Janeiro, a estúpida morte do soldado Mário Kosel Filho e tantos outros. Este
lado a comissão não verá. O governo quer que o povo saiba a verdade, mas
esquece que esse povo não é imbecil a ponto de acreditar que só um lado agiu. O
povo sabe que “quem faz, leva”, versão popular da 3ª lei de Newton – “À toda
ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”. Partiram para a luta
armada, receberam o troco. Os métodos adotados foram violentos? Creio que
proporcionais e compatíveis com a situação. Mas, as alegadas torturas jamais
poderão ser comparadas, por exemplo, ao covarde trucidamento a coronhadas de um
indefeso prisioneiro. Esta comparação o povo sabe fazer e esta é a verdade que
precisa saber. A comissão, lamentavelmente usará os seis meses, mais os dois
anos, para bater papo, tomar cafezinho, ganhar boa remuneração, quem sabe até
diárias e gratificações, para, no final, botar no papel a mendacidade que lhe
será imposta no momento da nomeação. Um governo que mantém um ministro que
mente pelos cotovelos – “não viajou no avião (mas viajou), não conheço o
empresário (mas conhece)...” tem coragem de falar em “verdade”. Ora! Faça-me o
favor.” Até quando, digo eu, o governo sentirá necessidade de mistificar em
nome da verdade?
Texto: Gen Ex José Carlos
Leite Filho
Título: Peter Wilm Rosenfeld
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