João Bosco Leal
De uma amiga recebi um e-mail
retratando um falcão, um morcego e um zangão em situações parecidas.
O falcão havia sido colocado
em um cercado de tela com o diâmetro de um metro quadrado onde, apesar da parte
superior ser totalmente aberta, ele se tornara prisioneiro, simplesmente por
estar acostumado a dar uma pequena corrida em terra antes de alçar vôo. Sem o
espaço para sua corrida, permanecia prisioneiro de uma cela sem teto, sem ao
menos tentar bater suas asas e voar.
O morcego, famoso por suas
habilidades e agilidades no ar, acostumado a se lançar em vôo para baixo,
quando colocado em um piso totalmente nivelado não consegue sair, andando de
forma confusa, procurando alguma pequena elevação de onde possa se lançar ao
vôo, sem sequer experimentar jogar-se para cima e bater suas asas.
O zangão colocado em um pote
com a tampa aberta lá permanecerá até sua morte, totalmente destruído, por
persistir na tentativa de sair pelas laterais próximas ao fundo, onde não há
saída, jogando-se contra as paredes do vidro sem buscar a saída pelo alto.
Existem pessoas que se
comportam como o falcão, o morcego e o zangão, atirando-se contra obstáculos
sem buscar outras possíveis saídas para seus problemas.
E mesmo quando nenhuma saída é
encontrada, são incapazes de olhar para uma que sempre existiu, existe e
existirá, aquela que está acima de tudo e de todos. Olhe para cima certamente a
encontrará.
Imagino um pai, de qualquer
raça, origem, posição social, financeira, cultura e educação. Ele é incapaz de
impor a seu filho uma carga maior do que a que ele poderá suportar. Assim penso
do meu, o mesmo de todos.
Depois de muitas outras já
realizadas e comemorando a cura de um câncer, adquiri uma motocicleta nova, da
marca e modelo sonhada durante anos e com amigos parti para uma nova viajem a
um país vizinho.
Tudo estava perfeito,
tranquilo, até que na volta, a poucos quilômetros de chegar ao Brasil, um
bêbado estacionado com seu veículo às margens da rodovia resolveu fazer o
contorno, exatamente no momento em que ia passar por ele.
A pancada nem cheguei a ver,
ou se vi não me lembro, mas sei que metade do fígado foi perdido no impacto,
fiquei doze dias em coma, passei por treze cirurgias num espaço de duzentos e
oitenta dias e permaneci vinte e seis meses entre cama, cadeira der rodas,
andador e muletas.
Em nenhum momento após estar
lúcido, alguém me viu reclamar de algo, uma dor, nada. Não era necessário e de
nada adiantaria, não poderiam me ajudar e eu já sabia que a batalha seria
vencida, pois se aquilo me ocorria era porque tinha capacidade de suportar.
Era a resposta que dava a
todos os amigos e amigas que me perguntavam sobre dores, como suportava sem
nada reclamar ou estava sempre pronto para qualquer nova intervenção cirúrgica
que os médicos julgassem necessária.
Esse é o motivo que me faz
levar com tranquilidade todas as dificuldades colocadas em meu caminho. Sei que
vencerei.
Apesar de haver perdido meu
pai biológico ainda com doze anos, meu pai celestial, o de todos, sempre
mostrou ter por nós um amor muito maior do que recebido pelos que possuem o seu
na terra e se os terrenos querem bem aos filhos, imagine ELE.
Aprendi que sou capaz de superar todas as dificuldades, simplesmente
olhando para cima. Lá, à distância de uma simples oração, está QUEM sabe que
sou capaz.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal, 23-12-2011
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