sábado, 2 de novembro de 2013

Crescimentistas sitiados acabam tecendo elogios às políticas neo-liberais?

Tavares Moreira
1. Uma sucessão de notícias divulgadas nos últimos tempos, apontando para uma evolução positiva da actividade económica, pode estar a deixar os nossos simpáticos Crescimentistas em posição muito próxima de um ataque de nervos.

2. Em primeiro lugar, e já há algum tempo, foi a divulgação de uma evolução positiva (+1,1%) do PIB no 2º trimestre do ano; em segundo lugar, a indicação recente de que também no 3º trimestre a evolução do PIB terá sido positiva, neste caso não apenas em cadeia mas talvez mesmo em termos homólogos; há dois dias a notícia de mais uma descida do nível do desemprego (registado); e hoje a notícia de um crescimento do número de veículos automóveis vendidos em Outubro em 24% sobre Outubro de 2012, sendo de 7,4% no valor acumulado dos primeiros 10 meses do ano...

3. Para além de tudo isso há a registar a formidável inversão dos desequilíbrios nas contas com o exterior que, em escassos 3 anos, passaram de défices superiores a 10% do PIB para um superavit confortável.

4. Esta situação está ficando quase irrespirável para as hostes crescimentistas, que não têm como explicar tal evolução da actividade, totalmente proibida segundo a cartilha que lhes foi distribuída: segundo a regra de ouro dessa cartilha, com políticas neo-liberais jamais será possível qualquer recuperação económica, por mais ténue que seja...

5. Por isso eu compreendo a reacção ontem manifestada por um porta-voz crescimentista, na AR, afirmando alto e bom som que a notícia da baixa do desemprego seria boa, certamente, mas não poderia ser atribuída às políticas do Governo...

6. ... é visível alguma angústia subjacente a esta intervenção, depois de os mesmos Crescimentistas terem passado o tempo a culpar as políticas do Governo pelo aumento do desemprego (esquecendo a verdadeira origem desse fenómeno, a sua causa mais autêntica): então o Governo só pode ser responsabilizado pela subida do desemprego, a diminuição já nada tem a ver com ele?

7. Em minha opinião o Governo não foi responsável por uma coisa nem o será agora pela inversa, mas quem o responsabilizou no passado não pode agora, só porque não lhe convém, desliga-lo desta fase positiva...

8. Começo a perspectivar uma situação em que os Crescimentistas poderão vir a ficar inteiramente sitiados, confundindo e baralhando todo o seu extenso e eloquente argumentário em matéria de política económica...

9. Ainda vamos acabar escutando os Crescimentistas, com algum artifício oratório para não ficarem demasiadamente mal na fotografia, tecendo grandes encómios às políticas neo-liberais...não se surpreendam meus amigos, já se viu disto no passado!
Título e Texto: Tavares Moreira, “4R – Quarta República”, 01-11-2013

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