Maria Lucia Victor Barbosa
A Venezuela está mergulhada no
caos econômico e político depois dos sucessivos desgovernos de Hugo Chávez e do
seu genérico, Nicolás Maduro. E quando a economia vai mal não há governo que
resista, sendo inúteis a propaganda enganosa e a lábia populista que visa
iludir o povo.
Maduro, vendo o chão correr
age como todo déspota apelando para a força bruta, as prisões arbitrárias, a
tortura, a constante intimidação dos adversários, a perseguição à mídia e,
recentemente, autorizou o uso de armas letais contra manifestantes
desarmados.
Existe também o surrado
recurso à teoria conspiratória, que se conjuga à vitimização forjada em
documentações e gravações falsas. Desse modo, o falsário Maduro se apresenta
como vítima de uma conspiração que objetiva um golpe de Estado. Em última
instância, seu assassinato. Para tornar a pantomina mais real manda prender o
prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledzma, que acusa de envolvimento
nos protestos antigoverno de 2014. E como não podia faltar, o tiranete da
Venezuela põe a culpa de tudo nos Estados Unidos. Só faltou culpar Fernando
Henrique Cardoso.
Recentemente a escalada de
violência ceifou a vida de um jovem de 14 anos, morto com um tiro na cabeça
quando participava de um protesto contra Maduro. Inventou-se, então, uma
historinha segundo a qual manifestantes encapuzados tentaram rouba as motos de quatro
oficiais que dispararam e depois viram cair um corpo. De quem? Justamente do
jovem “conspirador”.
No seu relatório anual sobre o estado das
liberdades no mundo, divulgado em 24 de fevereiro deste ano, a ONG Anistia
Internacional, tão cara aos petistas, denunciou tortura e maus-tratos contra
manifestantes e cidadãos venezuelanos. Indicou que pelo menos 43 pessoas
morreram nos protestos de 2014 e 870 ficaram feridas. Houve violação dos
Direitos Humanos e confrontos violentos entre manifestantes e forças de
segurança, que contaram com apoio de grupos armados favoráveis ao governo. Ao
menos 23 pessoas foram submetidas a torturas, espancamentos, ameaças de morte e
violência sexual depois de serem presas pela Guarda Nacional e pelo Exército do
Estado de Táchira.
A Anistia Internacional afirma
ainda em seu relatório que 150 pessoas morreram nas prisões venezuelanas no
primeiro semestre do ano passado. Também o Observatório Venezuelano de Prisões
denunciou que entre 1999 e 2014, 6.472 presos morreram nas masmorras do país.