Não
sabem o que sinto e o que sou... 
Não
sabem que passou, um dia, a Dor 
À
minha porta e, nesse dia, entrou. 
E
é desde então que eu sinto este pavor, 
Este
frio que anda em mim, e que gelou 
O
que de bom me deu Nosso Senhor! 
Se
eu nem sei por onde ando e onde vou!! 
Sinto
os passos da Dor, essa cadência 
Que
é já tortura infinda, que é demência! 
Que
é já vontade doida de gritar! 
E
é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio, 
A
mesma angústia funda, sem remédio, 
Andando
atrás de mim, sem me largar!
Florbela
Espanca
 
 
 
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