sábado, 7 de janeiro de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Brasil com geito ou um país sem jeito?

Aparecido Raimundo de Souza

O Brasil vai mal das pernas. Não só das pernas, mas dos braços, dos ombros, das costas, do fígado, do coração, e, principalmente, da cabeça. O Brasil está enfermo. Doente. Flatus Vocis às portas de um COMA profundo, irreversível.

Extremamente debilitado, sofre de todas as calamidades conhecidas. Das desconhecidas também. Uma delas, bastante em ênfase, a de Alzheimer, em face da demência que assola seus membros de forma atrofiosa e degenerativa. Sem falarmos da perda de memória e da profunda confusão mental. O Brasil está deteriorado, como igualmente estão seus filhos.

Memória, o Brasil nunca teve. Confusão mental, então, vemos a toda hora. Outra ruína infame que persiste, a de Parkinson. Seu Epicentro treme tanto, mas tanto, que às vezes temos a funda impressão ou sensação de que a torre de televisão cairá na cabeça do personalíssimo Michel Jackson Temer. Ainda bem que esse indolente passa muito pouco perto desse cartão postal de Brasília. Seu caminho é mais curto, do Palácio da Alvorada ao Palácio do Planalto. Um tiro de espingarda daria bons resultados.


O Brasil, senhoras e senhores, sofre, igualmente, de outras morbidades, algumas, como dissemos, desconhecidas.  É o caso do “Mal Do Atola Com Força”.   Como o nome sinaliza, o Brasil (não por culpa sua, coitado!) atola com força, calca sem dó nem piedade no rabo dos brasileiros. Nessa torre de babel, o que temos de bundas arrombadas, chega a ser calamitoso...

Se alguns de vocês saírem por aí com a intenção de se encontrarem com ele (o Brasil, quem mais?) certamente o acharão aos pedaços, deteriorado e aflito. Jogado indigentemente às traças em uma cama de UTI (Unidade de Tarados Incompetentes), ou numa maca caindo aos pedaços fedendo a urina e bosta nos corredores do SUS (Sistema Unificado de Salafrários).


Em contrapartida, folgados, de cus pra cima, saboreando um bom vinho francês, bebericando  cervejas com tirinhas de carnes de vaginas  picadas à moda Shop Suey, às beiras do pitoresco “Lago Paranãodá”, os parasitas de Brasília, os vermes peçonhentos  proliferam, como esgotos a céu aberto.


Esses canalhas sabem disso, entendem que o Brasil está nas últimas, todavia, nada fazem para tirá-lo da agonia lenta e da morte prematura. Ou pelo menos lhe proporcionar uma passagem para o céu mais decente e digna. Se o Brasil, ao bater com as doze, não for para o Paraíso Celestial, meus amados, aí só a galera do Senado embarcando num avião da LaMia pilotado pelo ilustre comandante Miguel Quedroga.

A impressão que chega aos nossos olhos é a de que a turma (do Senado, da Câmara e de outros   puteiros não citados), quer que a Nação exploda de vez, de preferência o mais rápido possível. Dito de outra forma, que a boa terrinha vá, de vez, para um buraco sem volta e se perca nos quintos (não do inferno, que é aqui mesmo, ou lá, não onde está situado o Berço das Grandes Indecisões Animais), um bocadinho mais à frente, pras bandas da puta que pariu. 

É de bom tom (pode ser o do humorista José Rodrigues Cavalcante) que expliquemos que as enfermidades que o Brasil enfrenta não apareceram do nada. Não caíram do céu, nem deram em árvores. Não surgiram, igualmente, dos cuecões da excelentíssima senhora dona Dilma Rouboussett, ou, por outra, desabundaram dos jardins floridos da casa da Dinda, vítimas do acaso.

As desgraças do nosso país, as mazelas remontam de longa data, quando ainda o bigode do Olívio Dutra não passava de um pelinho na cara porca, e Machado de Assis usava o cabo da sua   ferramenta para bater carinhosamente na cacunda do  grande amor da sua vida, a bela, fogosa e esfuziante Carolina Novais.

Para se ter uma ideia, uma gama de brasileiros, gente de visão, sabe e tem consciência que, para este país não existe cura, nem remédio ou doutor que dê jeito ou melhore seu quadro clinico deplorável. Um diagnóstico, por sinal, estarrecedor, lastimável e caótico. O Brasil não tem ida nem volta, nem pode pegar atalhos. Não existem trilhas, tampouco cortes ou veredas.

Está de mãos e pés atados, envelhecido precocemente com uma pedra maior que o rombo da previdência e, “mais grande” ainda, que todas as falcatruas da operação “Lava gato” juntas. De  forma idêntica, esse corpo sólido está incomodando, amarrado, que fora, em derredor do pescoço. Para completar o dantesco, mergulharam a nação toda (perdão, o Brasil) num lago negro de águas imundas e turvas, de onde o infeliz não consegue nadar para uma margem segura.

Acomodados num ônibus em direção a São Fudêncio, nós todos, brasileiros, vivemos um calvário pior que o de Jesus Cristo no Gólgota. A tênue luz que ainda conseguíamos vislumbrar no parco horizonte, se perdeu, se esvaiu, há muito, entre as brumas da corrupção e da máfia organizada.  Rodamos às cegas, por uma estrada esburacada, sem asfalto, sem acostamento, em rota de colisão com o nada.


O nada, meus prezados, é a mesma coisa que o caos, a balbúrdia anunciada, o desastre iminente, que se alastra de norte a sul, de leste a oeste, numa desordenação sem tamanho, onde o sem freio da impunidade cresceu assustadoramente e se esparramou como erva daninha.

Traduzindo, nós, meus amigos, nós todos sem distinção de raças, credos, sexos, partidos políticos, somos esse nada, enfiados nesse buzão desgovernado, essa junjótica (junjótica é o mesmo que coisa podre, deteriorada) massa de almas fodidas, um exército de hipócritas, um punhado de fantasmas que se deixou enganar e se corrompeu pela lavagem cerebral que os malditos engravatados do Planalto Central (Capital do País) fizeram em nós.

Interessante ressaltarmos que essa merda do Brasil sem porto certo, sem direção, não é coisa de agora. Perdura desde que Roberto Campos no seu tempo (e bota tempo nisso) sinalizava que: “No Brasil, a burrice tem um passado brilhante e um futuro promissor”, fortalecido por Mário Covas (aquele cidadão que levava o cemitério na bolsa para não ser enterrado como indigente). Covas jurava: “No Brasil, quem tivesse ética, pareceria  anormal”. E respondam: Campos e Covas estavam errados?

No mesmo itinerário, deveríamos concordar com Augusto T. A Antunes. Ele achava que “Não era de um choque capitalista que o país precisava, mas um choque de responsabilidade”. E quem daria esse choque? Certamente a policia de choque! Kikikikikikikikikiki...

Outro que comungava em igual pensar é o economista e professor da UERJ do Rio de Janeiro, Ubiratan Lorio. Para ele, “A solução para o Brasil era uma só. Trabalhar mais e gastar menos”. E nós, os brasileiros, os hipócritas, os bonecos de marionetes, os fantasmas depauperados (e igualmente de paus pelados) fazemos isso? Não! Apenas balançamos as cabeças, como vaquinhas de presépio e corroboramos: “sim senhor, não senhor, sim senhor, não senhor”. E continuamos a tomar picas nos olhos de nossos surrados rabicós. 

Alguém foi mais fundo e mandou bala: “O mal do Brasil é ter um executivo lastimável, um legislativo execrável e um judiciário pior que esses dois juntos”. No mesmo pensar, Graça Aranha (Graça vivia com uma aranha nas mãos, para assustar seus inimigos), profetizou nos carcomidos de 1868: “No Brasil, o eleitorado é artificial e as eleições são simulacros... O que há é um grupo de indivíduos, que se apoderou da administração pública e a explora para os seus interesses”.

Um cidadão conhecido como Eugenio Mahallen cansou de abrir a boca para gritar que “O Brasil é um país onde nem as fábulas têm moral”.  E me apontem senhoras e senhores, o que mudou de 1868 até ontem?

“A burocracia estatal – levantava Francisco Dorneles a seguinte bandeira - ainda carece da noção de que o Estado existe para prestar serviços aos cidadãos, e não para interpor lhes obstáculos e prejuízos em suas atividades produtivas”.

Deveríamos nos ater com o pensamento vivo de J. Honório Rodrigues: “No Brasil, a longa e incompleta passagem do Império para República é resultado de muita transação e pouca reforma”. Afinal, o Brasil é ou não um país para principiante? Tom Jobim, autor dessa frase tinha uma teoria interessante a respeito disso, o que nos leva a concluir que Jobim, além de músico, se constituía num homem inteligente, ao contrário de nós, que seguimos provando não irmos além de um rebanho de cavalos (rebanho de cavalos?!) soltos nos pastos acostumados aos confortos dos velhos cabrestos que nos meteram nas pinguelas das orelhas.

Carlos Lacerda! Meus amados leitores recordam dele? Esse cidadão, sessenta e tantos anos atrás,  pisou nos calos de muita gente quando declarou, publicamente, que “Brasília era o mais dispendioso monumento erguido em homenagem à leviandade e à incompetência”. E por favor, filhos de Deus, respondam: Lacerda estava errado?

Arthur da Távola, embora não tocasse nenhum instrumento de tecla, como violão e bateria, batia fortemente naquele pensamento de que “O brasileiro é uma mistura de acomodação com esperança”. Ele estava errado? Errado, o caralho! Diferente de Afrânio Peixoto que, também na sua época, meteu a boca no trombone (sem vara) e alardeou “O governo no Brasil era uma instituição destinada a criar postos e impostos; sendo os impostos para pagar os postos”.


E pior, minha gente, o filho da puta estava coberto de razão. Como certíssimo, Barreto Pinto, que arriou a calça, tirou o pinto pra fora (escancarou a boca cheia de sujeira e berrou para uma plateia de imbecis de terninhos de grifes travestidos de parlamentares) e mandou vê: “No Brasil se cria dificuldades para vender facilidades”. Respondam pelo amor àquilo que vocês mais prezam, meus amados: Pinto estava errado?

Nessa balbúrdia toda, um que tomou no cu, com força (como nós agora), o ilustre Joaquim José da Silva Xavier, conhecido entre seus pares pela alcunha de Tiradentes. Em 1789 ou há exatos 228 anos, jurava ele, de pés juntos, frente às câmeras da Rede Globo, ao repórter Pedro Bial: “Se quisermos poderemos fazer do Brasil uma grande nação”. Como uns gatunos (vejam que coisa, 228 anos atrás), pressentissem que o “aprendiz de ginecologista” estava coberto de razão, e até poderia conseguir seu intento, o que fizeram? Cortaram a cabeça do babaca.

Incrivelmente, essa cena de Tiradentes sendo decapitado, se repete até hoje, e se repetirá amanhã e depois, por mais 228 anos, indefinidamente, com o filho do filho do seu filho. Se um deles tiver alguma ideia, por mais ingênua que seja, porém, se posta em prática, vier a dar ares de revolucionar esse país de merda, ou colocá-lo em confronto com a sua vacuidade, tirando-o do atoleiro e pugnando para dias mais afáveis, com futuros mais promissores, certamente uma máfia (quem sabe da súcia de Eduardo Cunha  ou de Lula) aparecerá para podar os intentos e faturar o ninho de piolhos do pobre infeliz.

O Brasil está com o carrasco segurando seus colhões. A indagação que deixamos em aberto. Nosso Brasilzinho tem jeito ou geito?! Não é um país de todos? De todos, ou de tolos? Como temos plena convicção de que ninguém saberá a resposta, nenhum filho de Deus terá peito, nem aquilo roxo no meio das pernas, o melhor então a fazermos será seguir, à risca, o conselho do grande estadista  Pachá:

“Já que vocês, seus merdas, embarcaram nesse ônibus em direção a São Fudêncio, para verem o Brasil se ferrar de verde e amarelo e não farão absolutamente porra nenhuma, fiquem como os demais, em silêncio. Concordem com o inevitável. Um abrir de boca da parte de vocês, um gesto impensado, poderá botar seus corpos em maus lençóis forrados num catre imundo de cadeia. E cuidado para não pararem numa das masmorras do Complexo da Papuda”.


Pachá se esqueceu de acrescentar, ao seu axioma, apesar da ampla e vasta visão do mundo, uma palavrinha pequena, mínima, que certamente daria um significado ainda maior ao seu filosófico pensamento: morto! Seria mais ou menos assim. “Fiquem em silêncio, fechem a matraca, ou daqui a pouco, meus nobres amiguinhos, vocês poderão ser retirados desse coletivo aos sopapos, ou, na pior das sacanagens, acordarem estirados numa vala imunda com as bocas cheias de formigas querendo escovar seus dentes”.

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Título, Imagens e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, São Paulo, 7-1-2017

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Um comentário:

  1. As palavras convencem , mas os exemplos arrastam . Corrupção , violência, fome e outras mazelas não são um privilégio brasileiro. Há terras piores; outras com menor intensidade dessas intempéries , e umas poucas que poderão se orgulhar de quase nada possuir nesse particular.
    A cultura de um povo, sua crença, valores construídos ao longo dos séculos, sem contar a índole individual em determinados conjuntos, produzem diferenças, altos e baixos e distorções.

    O Brasil é um país de muitos contrastes; de um lado corruptos, facínoras,assassinos e centenas de calhordas que vivem e se misturam com a população; do outro, pessoas de bem, cheias de ética, solidariedade, cumpridoras do dever e de coração aberto vivem o dia-a-dia no meio daqueles primeiros.
    A vida segue e tudo vai caminhando como Deus quiser. Entretanto, para que o mundo comece a mudar, é necessário que o indivíduo mude primeiramente a sua maneira de ver as coisas.Aqui na Terra de Vera Cruz, uma forte característica de muitos , mas não todos ( não se pode nem se deve generalizar...) é a hipocrisia . Pessoas que não suportam mais o que está acontecendo , escutam através a mídia que uma centena de presos de engalfinharam uns aos outros e se mataram dentro dos cárceres, e ao serem entrevistados diante das câmeras , dizem:
    _ Isto é um absurdo! Onde estão as autoridades que permitiram essa carnificina ?
    Por dentro, o coração diz:
    -Já foram tarde , esses bandidos!Tomara que morram mais !

    As autoridades obrigam-se a manter a postura de que irão apurar responsabilidades ( como se eles não fossem irresponsáveis ...).
    Mas por trás dos bastidores, devem dizer:
    - Foi melhor assim ; agora sobrarão mais vagas nas cadeias !
    A população , de um modo geral, até deseja ver um final feliz, com todos os corruptos presos, a segurança imperando nas ruas e os hospitais funcionando como deveriam ; os salários sendo pagos em dia e a taxa de desemprego em queda acentuada.
    Não obstante , pouco ou quase nada é produzido para frear a ignorância e acrescentar capacidade e conhecimento às pessoas que vivem no Brasil:
    A construção de escolas , o incremento e evolução do ensino fundamental e médio, melhoria da tecnologia e novos equipamentos para o ensino superior e a formação de bons professores e a valorização destes.
    Se educarmos e formarmos bem as crianças no início, não será necessário castigar os homens!
    Carlos Lacerda foi um grande homem e um astuto político que combateu a corrupção no governo Juscelino . É dele a projeção da "linha vermelha" (1964) , que acabou concluída no governo Brizola. O professor Darcy Ribeiro também tinha grandes projetos educacionais para o Rio de janeiro e para o restante do país. Desdenharam. Foi tudo por água abaixo...
    Mas para tudo sempre há uma saída. O ideal seria na base da conversa e do entendimento , todos juntos à mesa e debatendo a situação. Mas ninguém está lá para distribuir água benta. As grandes nações que hoje prosperam, um dia passaram por sangrentas revoluções, onde muito sangue jorrou e muitos foram trucidados em nome de uma pátria mais evoluída e justa.
    Grandes batalhas foram decididas em deliciosos jantares com músicos ao vivo!
    Vemos hoje um planeta em constante ebulição, conflitos aqui e acolá,guerras motivadas por divergência de crenças , psicopatas islâmicos ( Nada contra ao Alcorão) querendo dominar o mundo e impor seus pontos de vista, sem contar os povos famintos, que vivem na miséria sem ter o que comer.
    Um sem número de organizações não governamentais procuram mitigar todo esse sofrimento,do tipo "Médicos sem fronteiras" , entre outras ONGS.
    Ainda assim , a vida segue e as pessoas acabam se habituando e achando normal todo o malefício.
    A globalização é parte desse processo; a intolerância é outra; a ganância colabora fortemente para acirrar o ódio.
    Mas a mais importante é a ausência da centelha do Grande Criador Arquiteto do Universo dentro de si , seja lá o nome que queiram atribuir ao Altíssimo.

    Grande abraço a todos e um feliz domingo.

    Sidnei Oliveira

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