António Valle
Hoje o Diário de Notícias (DN)
publica um artigo de opinião do seu jornalista João Pedro Henriques, intitulado
“Com a cabeça enfiada na areia não se ouve nada”.
Em nome do DN, na sua prosa, o
jornalista João Pedro Henriques ensaia a justificação para explicar porque o DN
não publica a mensagem política do PSD. O jornalista assume que o jornal não
reporta as posições do PSD (!) porque este se centra em “coisitas menores”,
como a denúncia ao ataque que o atual Governo desencadeia a quem contraria a
narrativa instalada…
O artigo do jornalista João
Pedro Henriques, a posição do DN, é útil: conclui que o PSD deve seguir a
agenda redatorial e política do jornal, como critério para ser notícia. Mas é
oportuno deixar claro que, felizmente, não é o DN que define a agenda política
PSD!
Bem sei que o posicionamento
de hoje, finalmente, assumido pelo DN se insere na linha comunicacional que tem
por base manipular a opinião pública convencendo-a de que o PSD não faz
oposição, não tem discurso e não tem um projeto para o país. Mas felizmente não
é por não aparecer no DN que esta narrativa se torna verdadeira.
Mas vamos aos factos.
Num simples exercício, fui
confrontar algumas iniciativas públicas do líder do PSD – em todas áreas setoriais
e políticas - desde o início do ano, com o retratado no DN. No fundo, tento
aferir se o DN, vinculado em João Pedro Henriques, tem razão quando escreve que
o PSD e o seu líder, fala apenas de “coisitas menores”.
Será que alguém leu no DN os
temas que o líder do PSD abordou nos últimos meses?
Alguém leu no DN?
Este fim-de-semana o líder do
PSD demonstrou que cerca de 70% do emprego criado nos últimos dois anos foi
gerado até 2015. Já entre 2014 e 2015, o desemprego caiu quase 75%.
Não leu!
Alguém leu isto no DN?
O líder do PSD desmontou a falsa
ideia - relatada e suportada pelo DN – segundo a qual o emprego e o desemprego
apenas estão com melhores indicadores desde que o Governo tomou posse.
Não leu!
O líder do PSD denuncia que
António Costa está a promover uma economia assente em salários baixos, baseado
em dados concretos que demonstram que o número de trabalhadores a auferir o
salário mínimo passou de perto de 400 mil, no primeiro trimestre de 2014, para
quase um milhão no final de 2016. Alguém leu no DN?
Não leu!
Alguém leu no DN?
O País precisa de “crescer
mais do que aquilo que está previsto. E precisamos, do ponto de vista do que
são as correções das injustiças sociais e as desigualdades económicas, que
estas possam ser progressivamente superadas...”? (Pedro Passos Coelho,
6 de janeiro 2017)
Para o DN não existiu!
Ou ainda que Pedro Passos
Coelho defende que “era importante que houvesse criação de emprego, com uma perspectiva
de uma remuneração mais qualificada.”? (6 de janeiro de 2017)
Não leu!
Em matéria de crédito à
economia, alguém leu no DN que Pedro Passos Coelho denunciou que o
crédito malparado tem vindo a aumentar? Ou que “não é compreensível que não
exista uma execução maior dos fundos (europeus) que estão à nossa disposição”?
(7 de janeiro de 2017)
Não leu!
Alguém leu no DN que
o País pode “atrair mais investimento externo se formos fiscalmente mais
competitivos. Não podemos competir com países que têm níveis de fiscalidade
muito mais baixos. Na Irlanda, o IRC pesa 10% a 12%. Em Portugal, pesa 22%. Se
queremos atrair investimento temos de mexer na taxa do IRC.” ? Ou que
o líder da oposição defendeu a necessidade de criar condições para que as
empresas tenham sucesso para que se possa ir melhorando o salário mínimo
nacional? (Pedro Passos Coelho, 10 janeiro 2017)
Não leu!
O Presidente do PSD defende “...mais
crescimento e desenvolvimento, conseguindo melhor saúde, educação e serviços
públicos, assim como maior igualdade de oportunidade. E queremos ainda investir
no que nos pode diferenciar, seja no turismo e na sua qualificação. Podemos
valorizar ainda mais o que temos e acrescentar valor, criando mais emprego em
Portugal. Assim podemos pagar o que devemos e ter uma redistribuição mais
equilibrada para futuro”? (13 de janeiro 2017)
Não leu!
Alguém leu no DN que
Pedro Passos Coelho afirmou que o PSD “não se deixa seduzir
pelas ideias populistas e nacionalistas. Nós defendemos uma sociedade aberta,
uma economia que atraia investimento e que leve as nossas empresas para o
mercado global. Podemos todos em conjunto crescer muito mais”? (20 janeiro
2017)
Não leu!
Alguém leu no DN que
o líder do PSD acusou a maioria de esquerda de chumbar a proposta do PSD que
permitia dar competitividade à economia, atraindo mais investimento externo?
(10 de fevereiro 2017)
Não leu!
Alguém leu no DN que
o presidente do PSD afirmou que "as regressões que estamos a ter nas
políticas públicas contribuem para que não se corrijam as desigualdades.”?
Ou que “a cada dia que passa, as escolhas do Governo custam a degradação dos
serviços públicos"? (18 de março 2017)
Não leu!
Alguém leu no DN que
Pedro Passos Coelho defendeu uma verdadeira reforma de descentralização e que o
PSD apresentou "propostas que visam descentralizar competências, que
podem mostrar que as nossas terras podem ser ainda mais bem geridas. Na altura (discussão
do Plano nacional de reformas em 2016), a maioria chumbou todas as
propostas"? Ou que durante os anos em que o PSD esteve à frente do
Governo, a CGD "andou a reconhecer quase 5 mil milhões de
imparidades por crédito arriscado, que tinha sido atribuído no tempo do
socialismo, em que se fez mau crédito no banco público. Durante o nosso
Governo, andámos a limpar"? (18 de março de 2017)
Não leu!
Alguém leu no DN o
Presidente do PSD a afirmar “que era preciso crescer mais e melhor,
para dar aos portugueses melhores resultados”? Ou a opção de o
Estado poder “recorrer a instituições privadas para garantir políticas
públicas. Não é por estarmos numa escola que não é do Estado que não temos
serviço público de educação. Se pudermos ter educação ou saúde que não sejam
mais caras, porque não há de o Estado garanti-las? Porque é que tem de obrigar
toda a gente a ir estritamente a instituições cuja propriedade é do Estado?” Ou,
mais recente, quando se observa para o que se passa na Venezuela, temos o
modelo imposto, “defendido pelo Governo, que de forma populista quer
oferecer a receita de nivelar por baixo. O resultado são farmácias sem
medicamentos, serviços sem qualidade e uma sociedade sem escolha”? (21 de
abril 2017)
Não leu!
Assim como também não leu
nada no DN sobre o que Pedro Passos Coelho afirmou em relação ao
condicionamento que o atual Governo faz às instituições independentes. Uma
prática que pretende domesticar tudo e todos que não alinhem na narrativa
socialista. Com um governo dito de esquerda, o DN alinha no definhamento
democrático. Na verdade, o definhamento democrático é, para o atual DN, uma
“coisita menor”.
Realmente, com a cabeça
enfiada na areia não se ouve e não se vê nada!
Título e Texto: António Valle, Assessor de Comunicação de Pedro
Passos Coelho, PSD, 2-5-2017
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