quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

[Daqui e Dali] Será a internet perigosa para a democracia?


Humberto Pinho da Silva

Há uns pares de anos (Quantos? Não me recordo,) escrevi num jornal local uma crônica abordando o perigo da Internet, para as crianças e até para adultos.

Dizia, então, que a Internet, sendo autoestrada de conhecimento, é, igualmente, arma branca de dois gumes. E explicava porquê.

Decorrido semanas, no mesmo local, alguém comentava que eu era retrógrado, antiquado e castrador, e, quem sabe (?!) fascista – estávamos em época que fascista era ofensa tão grave como ser comunista nos tempos áureos de Salazar.

Ora, decorridos muitos anos, ouço vozes democráticas recomendar a existência de censura, a sites e blogues, não por razões morais, mas porque está em perigo a democracia.

Na minha modesta opinião, não entendo que a liberdade ponha em risco a democracia; já que esta, só é plena quando há livre direito à expressão, e não cerceada pelos censores.

Compreendo que até ao presente século a opinião do cidadão era formada principalmente: pelos meios de comunicação social, de grande tiragem, que informavam e formavam, conforme o seu (deles) parecer; e pelos comentadores, de TV e rádio, em mesas redondas e quadradas.

A Internet escancarou as portas da informação. É certo, que muito do que se escreve e se diz, cheira a falso, e é tendencioso; mas também é certo, que o povo, encontra-se muito mais evoluído (leia-se instruído,) para discernir o falso do verdadeiro.

Países há em que a mass-media, se identifica com ideologias, religiosas ou políticas; noutros, aparecem neutrais; mas, alguns diretores e redatores, tentam, veladamente, fazerem “ lavagens cerebrais“, impondo ideologias que gostam ou servem, com notícias “criteriosamente” escolhidas.

A democracia plena está agora na Internet, onde cada um, em total liberdade, expõe o que pensa e o que quer.

Isso não agrada a muitos, que durante séculos possuíam o poder de informar e moldar opiniões. Nem a verdadeiras dinastias republicanas que dominaram, intelectualmente, o cidadão comum.

Que é necessário vigiar o que pernicioso aparece na Net, para o espírito, estou de acordo, e também os incitamentos ao ódio e vinganças. Agora, açaimar a voz livre e cortar, como outrora, com o lápis azul do censor, o pensamento porque não agrada, como se faz ainda em alguns países, parece-me atentado à liberdade e querer colocar arreata ao povo.

Deixem-no expressar-se livremente. Deixem-no usarem a Internet, porque, com a liberdade plena a democracia fica mais adulta e mais democrática.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva

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