Há uns pares de anos (Quantos? Não me recordo,)
escrevi num jornal local uma crônica abordando o perigo da Internet, para as
crianças e até para adultos.
Dizia, então, que a Internet, sendo autoestrada de
conhecimento, é, igualmente, arma branca de dois gumes. E explicava porquê.
Decorrido semanas, no mesmo local, alguém
comentava que eu era retrógrado, antiquado e castrador, e, quem sabe (?!)
fascista – estávamos em época que fascista era ofensa tão grave como ser
comunista nos tempos áureos de Salazar.
Ora, decorridos muitos anos, ouço vozes
democráticas recomendar a existência de censura, a sites e blogues, não por
razões morais, mas porque está em perigo a democracia.
Na minha modesta opinião, não entendo que a
liberdade ponha em risco a democracia; já que esta, só é plena quando há livre
direito à expressão, e não cerceada pelos censores.
Compreendo que até ao presente século a opinião do
cidadão era formada principalmente: pelos meios de comunicação social, de
grande tiragem, que informavam e formavam, conforme o seu (deles) parecer; e
pelos comentadores, de TV e rádio, em mesas redondas e quadradas.
A Internet escancarou as portas da informação. É
certo, que muito do que se escreve e se diz, cheira a falso, e é tendencioso;
mas também é certo, que o povo, encontra-se muito mais evoluído (leia-se
instruído,) para discernir o falso do verdadeiro.
Países há em que a mass-media, se identifica com
ideologias, religiosas ou políticas; noutros, aparecem neutrais; mas, alguns
diretores e redatores, tentam, veladamente, fazerem “ lavagens cerebrais“,
impondo ideologias que gostam ou servem, com notícias “criteriosamente”
escolhidas.
A democracia plena está agora na Internet, onde
cada um, em total liberdade, expõe o que pensa e o que quer.
Isso não agrada a muitos, que durante séculos
possuíam o poder de informar e moldar opiniões. Nem a verdadeiras dinastias
republicanas que dominaram, intelectualmente, o cidadão comum.
Que é necessário vigiar o que pernicioso aparece
na Net, para o espírito, estou de acordo, e também os incitamentos ao ódio e
vinganças. Agora, açaimar a voz livre e cortar, como outrora, com o lápis azul
do censor, o pensamento porque não agrada, como se faz ainda em alguns países,
parece-me atentado à liberdade e querer colocar arreata ao povo.
Deixem-no expressar-se livremente. Deixem-no
usarem a Internet, porque, com a liberdade plena a democracia fica mais adulta
e mais democrática.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva
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