Após decisão da Justiça, avião da Varig que
ficava perto do Galeão é 'recortado'; parte será doada a museu
Raoni Alves e Carlos Brito
Na última sexta-feira (31), a
imagem de um avião modelo DC-3, equipamento importante na história da
aeronáutica, completamente destruído em um terreno perto do Aeroporto
Internacional Tom Jobim chocou historiadores e amantes da aviação nacional.
Nesta segunda, a Massa Falida do Grupo Varig, empresa gestora do espólio da
companhia, disse que o avião foi "recortado" com autorização da
Justiça e alguns de seus pedaços serão doados para o Museu Aeroespacial
(Musal), localizado no bairro Campo dos Afonsos, na Zona Oeste do Rio.
A aeronave que já pertenceu à Varig era um dos poucos
modelos ainda de pé do icônico avião que foi bastante popular nas décadas de
1930 e 1940, além de ter sido utilizado durante a Segunda Guerra Mundial.
Serão doados, segundo a
administração do espólio: conjunto de manetes, manches, medidores do painel de instrumentos,
poltronas do compartimento de passageiros e conjuntos de rodas e pneus.
Outras partes do modelo
registrado como DC-3 PP-VBF, que ficou durante anos exposto no Parque do
Flamengo, na Zona Sul da cidade, serão leiloadas. A data do leilão ainda não
foi confirmada pela Justiça.
Avião abandonado
O DC-3 que pertenceu à Varig
estava parado e sem manutenção em um hangar da TAP Manutenção e Engenharia
Brasil, empresa ligada a companhia aérea TAP Portugal.
Em setembro de 2019, a Massa
Falida do Grupo Varig recebeu uma notificação da empresa portuguesa pedindo a
retirada da aeronave do local.
A gestora do espólio da
companhia brasileira procurou o Museu Aeroespacial com a intenção de doar o
avião completo. Contudo, a direção do museu avaliou a aeronave e constatou
"corrosão generalizada de 100% do revestimento externo". Além disso,
o custo do deslocamento e a logística complicada impediram a operação.
"O orçamento da
transportadora e o relatório de viabilização rodoviária para o transporte do
avião mostraram que o custo seria significativamente oneroso para as Massas.
Além disso, o transporte do avião envolveria uma operação extremamente
complexa: demandaria retirada de postes, retirada de placas de sinalização ao
longo do caminho, retirada de cercas, realização de uma obra para acesso do
comboio e construção de uma base para recepcionar o avião", dizia a nota
da Massa Falida.
De acordo com o comunicado, o
objetivo principal da falência é de arrecadar valores para o pagamento do maior
número possível de credores.
"Dado o alto custo da
transposição do bem e diante da negativa do Musal em expor o avião, foi
requerido ao juízo à autorização para que este pudesse ser recortado e, parte
de suas peças, doadas ao Museu".
Em dezembro de 2019, a 1ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro autorizou o recorte do avião, bem como a doação
de parte das peças.
Modelo restaurado
Segundo a Massa Falida do
Grupo Varig, um avião do mesmo modelo que foi destruído no Rio de Janeiro se
encontra restaurado no Museu Varig, localizado em Porto Alegre, no Rio Grande
do Sul.
O avião registrado como DC-3
PP-ANU foi recuperado em 2016 e atualmente é preservado por uma empresa privada,
escolhida em processo de licitação sob a supervisão da Justiça e com o apoio do
Ministério Público.
Varig
Fundada em 1927, a Viação
Aérea Rio Grandense pediu falência em 2005. Com dívidas estimadas em R$ 7 bilhões, foi a primeira empresa do
país a pedir a recuperação judicial, em 17 de junho de 2005, quatro meses
depois da promulgação da nova Lei de Falências. No ano seguinte, foi vendida para a Gol.
Na primeira metade dos anos
2000, a Varig transportava uma média de 28 milhões de passageiros por ano para
37 cidades do país e para 28 destinos internacionais.
A empresa também teve
relevante reconhecimento internacional, tornando-se uma das maiores companhias
aéreas entre as décadas de 1960 e 1980.
A venda da Varig para a Gol
foi um dos principais negócios da história da aviação brasileira.
Título e Texto: Raoni Alves
e Carlos Brito, G1,
3-2-2020, 19h42
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