A VARIG deve mais de 500 milhões em verbas trabalhistas, mais de 4 bilhões ao Fundo de Pensão, manter uma aeronave antiga e corroída, pagando valores altíssimos, é mero saudosismo
FENTAC
Circula na imprensa imagens da
destruição de um antigo avião DC-3 da Varig e inúmeras críticas à atitude dos gestores
da Massa Falida e à decisão do Poder Judiciário autorizando a destruição.
O avião DC-3 da VARIG, que
apresentava corrosão em 100% de seu revestimento externo, foi destruído por
autorização judicial após pedido da massa falida da VARIG, que se viu em uma
encruzilhada imposta pela administradora do aeroporto Galeão, onde o avião
estava estacionado.
Com a cobrança do espaço que
tal avião estava utilizando, a massa falida buscou solucionar o problema com o
menor custo, inclusive o ofertando para o Museu Aeroespacial (MUSAL). Após a
recusa, o alto custo para manter tal avião parado levou a massa falida a
requerer autorização do Poder Judiciário para destruir a aeronave.
É bom lembrar que há uma
aeronave da VARIG, idêntica, no Aeroporto de Porto Alegre. A aeronave do Sul
está restaurada e aberta para visitações, conforme se pode verificar pelo
site www.varigexperience.com.br.
No entanto, o que deve ser
destacado nesse momento de saudosismo é que o maior patrimônio da VARIG não era
seus aviões. Eram seus funcionários, sua tripulação, seus mecânicos e seus
aeroviários. Essas pessoas é que criaram e desenvolveram esse apreço pela
imagem da empresa Varig.
Apesar de mais de 2 mil
óbitos, mais de 10 mil trabalhadores da Varig ainda estão vivos e, necessário
lembrar, não receberam suas verbas rescisórias quando do encerramento das
atividades da Empresa.
Dessa forma, em um cenário de
falência da empresa, por mais importante e representativa que possa ser, a
preocupação da massa falida deve ser pagar os trabalhadores em primeiro lugar.
A VARIG deve mais de 500
milhões de reais em verbas trabalhistas não pagas ao seu principal
“patrimônio”. A VARIG deve mais de 4 bilhões de reais para o Fundo de Pensão
que a empresa participava (AERUS), o qual deveria garantir uma aposentadoria para
seus trabalhadores.
Com isso, o custo de manter
uma aeronave antiga e corroída, pagando valores altíssimos, por mero saudosismo
é violentar os próprios trabalhadores da VARIG que ainda aguardam para receber
integralmente suas verbas trabalhistas.
Portanto, a destruição do DC-3
da Varig, corroído e sem qualquer capacidade de utilização, não é um atentado à
nossa história. Como já dito, existe um similar em Porto Alegre aberto para
visitações. Porém, quem deseja mesmo reviver os tempos da “Varig” procure um
funcionário da época. Ele contará sobre a dedicação dos trabalhadores para
erguer uma empresa referência mundial e respeitada no mundo inteiro.
Por essa razão, o entendimento
da Massa Falida e a decisão do Poder Judiciário estão corretos, pois buscaram extinguir
os custos gerados pela manutenção do avião. O que se deve buscar nesse cenário
de falência é a restauração, dentro do possível, da dignidade dos
trabalhadores, mediante o pagamento das verbas rescisórias ainda devidas e de
valores para o Fundo de Pensão. Após tal restauração pessoal, se poderá pensar
na necessidade de restaurar outras aeronaves da VARIG.
Título e Texto: FENTAC,
1-2-2020
Relacionados:
Pulverizaram um marco da história da aviação
ResponderExcluirTroca de ideias e opiniões, sobre AERUS/Defasagem Tarifária, acontecendo aqui:
ExcluirVarig/Aerus: para onde deve ir o dinheiro? (Parte V)
Endereço eletrônico da FENTAC:
ResponderExcluircomunicacao@fentac.org.br