Aparecido Raimundo de Souza
REALMENTE,
SENHORAS E SENHORES, a coisa está pra lá de Bagdá,
grosso modo, pra lá de preta. E bota preta nisso! Se pararmos para pensarmos
mais obstinadamente na coisa, como um todo, chegaremos a conclusão que o quadro
que presenciamos é horrível e assustadoramente desafiador. Essa pode ser e, de
fato é, uma das melhores definições para o atual momento que vivemos e não só
aqui, em nosso querido e ‘onrado brazzzil’, literalmente mundo de Deus à fora.
Uma pandemia como a do novo coronavírus, bem sabemos, afeta um sistema inteiro, atingindo frontalmente a Saúde e também outros setores considerados fundamentais da sociedade. E acreditem, amados leitores: abarcam e envolvem diretamente a sua estrutura, colocando a, à pique. Melhor nos expressando, à banca rota. Com estardalhaço maior que as das derrubadas das Torres Gêmeas, em Nova York (lembram do fato?!), nos idos de 11 de setembro de 2001, ou exatos dez anos, os governos tentam, agora, repetir os mesmos gestos, daqueles idos, todavia, sem os ecos necessários para retumbarem nos horizontes, como deveriam.
Nossos representantes mais vorazes e gulosos estão às cegas, à socapa, preocupados com as eleições que se aproximam. Em face disto, por caminharem às apalpadelas, anunciam, todos os dias, medidas de contenções ‘descabidas’, vazias e ocas, para tentarem — percebam —, para tentarem minimizar a transmissão direta da doença. Os impactos são enormes e gritantes (maiores que os buracos provocados nos cofres da falida previdência) para todos nós, contudo, não há dúvida, de que as unidades hospitalares, sem tirar nem por, são as mais afetadas.
Diríamos, sem medo de erro ou de margens à dúvidas, que todos os centros de saúde são verdadeiras linhas de frente —, as buchas de canhão —, ou as bolas da vez, nesta intensa peleja desigual, diga-se de passagem, contra a Covid-19. Por outra de visu, devemos ter em conta, nestes tempos de ásperas desordens, as unidades tidas como de ‘referência’, sejam elas da rede pública ou privada, precisam se reelaborarem de forma rápida e eficiente, assim como os próprios profissionais da área, que se veem diante de uma situação muito caótica e atípica, sobretudo atípica, enfrentando com as armas que ‘não possuem’, um inimigo oculto, escudado nas sombras, e para toda a população completamente desconhecido.
Pois bem!. Não deixem, caríssimas senhoras e estimados leitores, de levarem em conta, de sopesarem com o devido respeito, que até mesmo o fluxo de entrada e saída nas unidades ambulatoriais precisa ser diferenciado, assim como a triagem nas recepções. Não existe hoje, ou não existe agora, neste momento crucial um setor sequer das unidades hospitalares que não seja impactado de alguma maneira nesta luta feroz contra a nova infecção que atingiu patamares estratosféricos: são mais de 4.913.622 mortes confirmadas. Toda a engrenagem de funcionamento precisa e carece ser reprogramada a cada novo minuto. Em meio a esta Torre de Babel, se torna primordial, em entrelaço ao furdunço igualmente imprescindível e forçoso estabelecer formas eficazes de comunicação com os órgãos oficiais de Saúde, e entre os hospitais.
Do jeito que a banda vem tocando, ao reganho de um Chico Buarque desvairado, entendemos que não se tem como labutar com a eficiência merecida de forma isolada. Precisamos uns dos outros (esses senhores do Poder demandariam engolir esta ideia, como se fosse uma cerveja bem geladinha) na busca pelas melhores ações face a desditosa e infausta expiação que nos degrada e nos trucida. Como se tivéssemos em um mar revolto, barquinho à deriva da sorte, vivemos um momento único. Daí, uma busca mais despojada e ampla, irrestrita à reconfiguração em nossa forma de pensar a atuação de toda a logística de saúde em prol de uma missão que nos exige incansável dedicação, coragem, responsabilidade e competência.
Neste tom das máscaras as mais variadas cores, as mudanças acontecem (ou pelo menos deveriam) quase diariamente, com revisões constantes dos protocolos de atendimento e a necessidade de atualização frequente por parte de gestores e profissionais ligados diretamente à saúde. Além de todo o cuidado com pacientes, equipe e a estrutura de atendimento, se faz mister orientar, no mesmo saco de mazelas, a população (notadamente a mais carente) sobre o uso consciente das unidades hospitalares existentes, tudo num mesmo condicionamento ímpar, para que não haja sobrecarga e um iminente colapso, que, de certa forma vem se avizinhando à largos passos.
Bem sabemos, são muitas as frentes que merecem a nossa melhor atenção. Os hospitais estão empenhados em oferecerem os melhores recursos e garantirem acolhimentos e tratamentos irrestritos. Neste momento, senhoras e senhores, a palavra de ordem deveria ser ‘parceria’, vez que ganha mais sentido do que nunca: paralelamente marcharmos ombro a ombro, lado a lado; estarmos unidos e irmanados nesta jornada — autoridades, hospitais, profissionais e população —, buscando ações e respostas conjuntas que suavizem, que tornem menos intenso, que amansem e domestiquem o flagelo, com a observação concentrada na transparência e primordialmente num objetivo simples e corriqueiro conhecido como assertividade.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Sertãozinho, Ribeirão Preto, interior de São Paulo. 2-10-2020
Colunas anteriores:Como buracos na parede
Um ‘pato’ entre os espinhos da morgaça
Velho filme
Bipolaridade
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-