Carlos Lúcio Gontijo
O Brasil anda promovendo o
acesso mais abrangente ao ensino universitário de sua gente sem a necessária
melhoria dos níveis de leitura dos que alcançam a elevação de grau educacional.
Praticamente não existe leitura para além dos livros didáticos e específicos de
cada curso, levando os que se formam tanto no curso médio quanto no nível
universitário a fazerem fileira no grupo dos analfabetos funcionais, que são os
cidadãos que leem, mas não entendem o que leem. Incrivelmente, por não
priorizarmos a cultura, estamos dando origem a um exército de desinformados
portadores de diplomas e ignorância desabridamente oficializada pelos gestores
da educação brasileira.
Lanço livros desde o ano de
1977 e, para não me desanimar, procuro não pensar muito na questão, agindo como
agricultor de área de pouca chuva que muitas vezes, por costume ou loucura,
planta semente no pó. Se eu fosse ligar para a desconsideração, a falta de
manifestação de pessoas e entidades culturais às quais envio livro de graça e
que jamais se pronunciam ou agradecem, certamente eu não teria chegado à edição
de 14 livros independentes.
Jamais me entreguei ao
imediatismo vigente que domina até a atividade literária, com muitos autores
dimensionando o valor de sua obra pelo número de exemplares vendidos, quando no
mundo da literatura o trabalho literário bom e verdadeiro é aquele que obtém a
glória de permanecer vivo sob os olhos e análise do futuro. Ou seja, sucesso
comercial, no caso da literatura e mesmo da criação musical, não tem ligação
direta nem serve de medida definitiva à medição da qualidade de todo e qualquer
trabalho artístico.
Não me perco no emaranhado
dessa estrutura cultural desestimulante a fim de não ser tragado pelo
desestímulo e interromper a construção de minha obra literária. Dessa forma,
apesar de todos os pesares, nem bem saí do lançamento do romance “Quando a vez
é do mar”, que já está disponível na íntegra em meu site, já passei às mãos de
uma jovem ilustradora, Amanda Quirino, uma obra só de poesia, o que não
realizava desde 1987. Trata-se do livro “Poesia de romance e outros versos”,
com mais de 150 poemas e um punhado de pensamentos embebidos na luz da
sensibilidade poética, acompanhados de uma dedicatória ao falecido amigo Wilson
Ricardo de Oliveira, que nos ajudou na edição de cinco de nossos livros.
Na expressão da verdade,
jamais me permiti ficar sem algum projeto em mente. Assim, além do livro
“Poesia de romance e outros versos”, décimo quinto de nossa carreira, que
lançarei no ano que vem (2013), tenho guardado o enredo de um novo romance, que
levará o título de “Desmemória de horizonte”, com o qual espero comemorar meus
65 anos – se Deus quiser e abençoar!
Mais uma vez, eu que tanto
falei de política em meus artigos no transcorrer de minha carreira
jornalística, mantenho-me afastado do assunto, mas não posso deixar de dizer
que tenho observado que, mais que nunca, o rabo anda abanando o cachorro e que
nossos heróis de dourado pálio, majestade e circunstância estão, diante dos
holofotes da mídia partidarizada e compromissada com seus próprios interesses
inconfessáveis, mais para “Chapolins” que para figuras de maior relevo como
Batman, Superman, Homem Aranha etc.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista
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