terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cultura nunca foi prioridade no Brasil

Carlos Lúcio Gontijo
O Brasil anda promovendo o acesso mais abrangente ao ensino universitário de sua gente sem a necessária melhoria dos níveis de leitura dos que alcançam a elevação de grau educacional. Praticamente não existe leitura para além dos livros didáticos e específicos de cada curso, levando os que se formam tanto no curso médio quanto no nível universitário a fazerem fileira no grupo dos analfabetos funcionais, que são os cidadãos que leem, mas não entendem o que leem. Incrivelmente, por não priorizarmos a cultura, estamos dando origem a um exército de desinformados portadores de diplomas e ignorância desabridamente oficializada pelos gestores da educação brasileira.
Lanço livros desde o ano de 1977 e, para não me desanimar, procuro não pensar muito na questão, agindo como agricultor de área de pouca chuva que muitas vezes, por costume ou loucura, planta semente no pó. Se eu fosse ligar para a desconsideração, a falta de manifestação de pessoas e entidades culturais às quais envio livro de graça e que jamais se pronunciam ou agradecem, certamente eu não teria chegado à edição de 14 livros independentes.
Jamais me entreguei ao imediatismo vigente que domina até a atividade literária, com muitos autores dimensionando o valor de sua obra pelo número de exemplares vendidos, quando no mundo da literatura o trabalho literário bom e verdadeiro é aquele que obtém a glória de permanecer vivo sob os olhos e análise do futuro. Ou seja, sucesso comercial, no caso da literatura e mesmo da criação musical, não tem ligação direta nem serve de medida definitiva à medição da qualidade de todo e qualquer trabalho artístico.
Não me perco no emaranhado dessa estrutura cultural desestimulante a fim de não ser tragado pelo desestímulo e interromper a construção de minha obra literária. Dessa forma, apesar de todos os pesares, nem bem saí do lançamento do romance “Quando a vez é do mar”, que já está disponível na íntegra em meu site, já passei às mãos de uma jovem ilustradora, Amanda Quirino, uma obra só de poesia, o que não realizava desde 1987. Trata-se do livro “Poesia de romance e outros versos”, com mais de 150 poemas e um punhado de pensamentos embebidos na luz da sensibilidade poética, acompanhados de uma dedicatória ao falecido amigo Wilson Ricardo de Oliveira, que nos ajudou na edição de cinco de nossos livros.
Na expressão da verdade, jamais me permiti ficar sem algum projeto em mente. Assim, além do livro “Poesia de romance e outros versos”, décimo quinto de nossa carreira, que lançarei no ano que vem (2013), tenho guardado o enredo de um novo romance, que levará o título de “Desmemória de horizonte”, com o qual espero comemorar meus 65 anos – se Deus quiser e abençoar!
Mais uma vez, eu que tanto falei de política em meus artigos no transcorrer de minha carreira jornalística, mantenho-me afastado do assunto, mas não posso deixar de dizer que tenho observado que, mais que nunca, o rabo anda abanando o cachorro e que nossos heróis de dourado pálio, majestade e circunstância estão, diante dos holofotes da mídia partidarizada e compromissada com seus próprios interesses inconfessáveis, mais para “Chapolins” que para figuras de maior relevo como Batman, Superman, Homem Aranha etc.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista

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