André Abrantes Amaral
O discurso de quem defende uma
RTP pública, parte do conceito de serviço público de televisão. Algo inócuo,
vago e que pode ser o que se quiser que seja. Independentemente do esforço que
é repetir à exaustão a importância de, na idade da internet e do cabo, um
estado ter um canal de televisão, o que está em causa na RTP é a nossa capacidade,
enquanto cidadãos livres e autónomos, adultos (se preferirmos), de não
aceitarmos mais que nos usem como pretexto para a prossecução de actividades
empresariais protegidas pela lei do mais forte.
O Miguel Noronha já referiu as empresas públicas que, apesar de falidas e com prejuízos cada vez maiores, nunca fecham. Nunca encerram porque nós estamos
cá para pagar a conta. O conceito de ‘público’ hoje é isso mesmo: lucro para
alguns e prejuízo para a maioria.
O dinheiro acabou e sem ele o
socialismo definha. Finalmente, e por isso mesmo, a maioria das pessoas começou
a dar valor ao dinheiro que entrega ao estado. Dinheiro que tendo sido ganho
com o nosso trabalho, e em vez de ficar no nosso bolso, é entregue a quem não o
sabe gerir, o aplica em negócios que, apesar de chamados de ‘públicos’, não
interessam a ninguém. À medida que estamos a tomar consciência do quanto custa
o estado empresário, vai-se notando uma mudança ténue na mentalidade dominante.
Protestos como os dos funcionários da RTP serão, esperemos, cada vez mais e em
maior tom. Será bom sinal.
O essencial nos próximos anos
será determinar até que ponto os cidadãos deste país tomaram consciência do seu
valor e das suas capacidades. Durante o Estado Novo, Salazar dizia-nos que não
estávamos preparados para a democracia. Não tínhamos o discernimento para
votar, escolher o governo. Hoje, dizem-nos que a maioria pouco percebe das
complexidades da vida e não sabe escolher: não sabe escolher a melhor escola
para os seus filhos; não sabe escolher o que fazer com grande parte do seu
salário, que deve ser entregue ao estado; não sabe empreender, nem tomar
decisões. Não consegue sequer escolher entre um bom e um mau produto, um bom ou
um mau supermercado, um bom e um mau restaurante. Por isso, os estímulos. As
ajudas, os subsídios e o dinheiro que há quem ainda peça que flua à força na
economia. As proibições, as regulamentações e as coimas aplicadas por diversos
institutos estatais a quem se porta mal. Políticas que são do único interesse
dos que estão instalados no status quo de sempre.
Somos um país de cidadãos adultos, capazes de escolher, ou gente menosprezada pelo poder político que nos vende o que já sabe que vamos comprar? Se o desafio do estado é gastar menos e sobreviver, o nosso é responder a esta pergunta.
Título e Texto: André Abrantes Amaral, O Insurgente, 06-9-2012
Comentário:
O PM fala ao País, em directo,
via TV, ontem ao meio do dia. Transmitem o directo: RTP, SIC e TVI.
A meio do directo, a primeira
a interromper é a RTP, “serviço público” milhões de Euros dos já muito
gemifrados contribuintes. Palavra de PM secamente interrompida no “serviço pago
pelo público”.
E para quê tão premente interrupção?
Para transmitir um anúncio de uma marca de automóveis de luxo!
Ps: Faz sentido. O Estado é quem anda a comprar automóveis de luxo. Assim os multiplos acessores do PM já sabem o que comprar.
Para transmitir um anúncio de uma marca de automóveis de luxo!
Ps: Faz sentido. O Estado é quem anda a comprar automóveis de luxo. Assim os multiplos acessores do PM já sabem o que comprar.
JS
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