1. A ansiedade do prefeito do
Rio por fazer qualquer coisa que chame a atenção tem tido a Avenida Rio Branco
como foco preferencial. Criar “barrigas” para a imprensa faz parte do cotidiano
de comunicação do prefeito. No Natal era uma nova rodoviária na Quinta da Boa Vista, obviamente absurda. No dia seguinte ao
anúncio este Ex-Blog advertiu. Não deu outra.
2. Mas o caso da Avenida Rio
Branco se aproxima à paranoia. Talvez por fixação no prefeito Pereira Passos,
que entrou para a história com ela, na época Avenida Central.
3. O primeiro lego da Rio
Branco foi transformá-la em um “Parque”. Ou seja, fechá-la para qualquer tipo
de veículo. Foram distribuidos desenhos e manchetes. A imprensa acreditou. Em
06/04/2010 o site G1 destacou.
4. O segundo lego da Rio
Branco foi anunciado em 27/01/2013. Foi chamado de “Boulevard Rio Branco”,
entre a Avenida Nilo Peçanha e a Rua Santa Luzia, espaço que seria fechado para
qualquer circulação viária. O Globo destacou.
5. Agora vem o terceiro lego
da Rio Branco. A imprensa divulgou com gráficos e detalhes no sábado
(18/01/2014): A Avenida Rio Branco passará a ter mão dupla, exclusivamente para
ônibus e táxis, a partir do dia 8 de fevereiro, quando serão abertas duas
faixas em direção à Candelária e três sentidos Aterro do Flamengo. Ao lado de
videogames para impressionar, foi anunciado o terceiro lego. A explicação – formal
– é que se trata de viabilizar o tráfego em função da demolição da Perimetral.
Ou seja: a demolição não levou em conta os desdobramentos num sistema de
tráfego cuja lógica é a dos vasos comunicantes, em qualquer lugar do mundo.
6. Pensem sobre o uso de cada
uma das transversais à Avenida Rio Branco. Que uso terão? Pensem nas garagens
para automóveis dos edifícios? Como chegar? Como sair? O objetivo oculto é
inviabilizar o uso de automóveis de passeio? Mas estes não desaparecem. O metrô
já está saturado. Os ônibus prestam serviços de baixa qualidade. A Rio Branco
será uma coluna vertebral sem uso para as costelas?
7. O que virá, todos sabem. A
primeira hipótese é em mais duas semanas a data fixada ser prorrogada. A
segunda hipótese será um experimento no fim de semana. A terceira hipótese será
flexibilizar em certos trechos o acesso por transversais de automóveis. A
quarta hipótese será desmanchar o lego da mão dupla e começar a pensar em
outro.
8. O fato é que o prefeito
está perdido em relação aos transportes. Uma cidade com enorme concentração de
acessos radiais ao Centro deveria ter como prioridade a despolarização, mas se
faz exatamente o contrário. E depois do estresse com os engarrafamentos vem a
improvisação e o pedido de sacrifício aos cariocas, tratados como cobaias. Uma
consulta feita por estudantes neste fim de semana, sobre mais esse lego, teve
como respostas – em grande maioria – o pedido de exame de saúde mental do
prefeito.
Título e Texto: Cesar Maia, 20-01-2014
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